Terça-feira, 21 de Março de 2017

O Verão aproximava-se lesto. Com ele o tempo de férias. Para preparar casa para o tão merecido quanto desejado repouso quiçá tempo de diversão, por mim e para a família fui até à Aldeia Lusitana, Óbidos. Chegado ali dei-me com pessoal a alindar o aldeamento. Relva aqui, amores-perfeitos ali, gota-a-gota mais além. Nesta azáfama de joelhos, de rastos enlameado um dos jardineiros cônscio da sua tarefa ao responder à saudação de boa tarde mestre! Respondeu “gosta?” E o que poderia eu dizer? Nunca o havia visto. Enquanto isto respondi-lhe acho que vai de vento em popa! “Sabe é que eu não sou jardineiro” Então! “Era GNR“ Pensei que estivesse a brincar comigo. Mas lá ganhou mais à vontade. E desata a lamentar-se. “A reforma não chega e temos que agarrar estes trabalhitos.” E continuou de rastos ajardinando.

Percebi que o homem fora agente da ordem, agora via-se jardineiro. Não é que isso seja demérito para alguém. “Coitado” disse para comigo. Arrumou a nobre farda e bem assim teve de enfardar uns maltrapilhos só porque o Estado patrão não assegura subsistência bastante aos seus servidores. De pronto veio-me à memória os estudos da “Escola de Recursos Humanos” de Mary Parker Follet (1927) trabalho onde analisara o behaviorismo do estímulo. Mas quer lá o Estado saber ou mesmo valorizar aqueles que o servem?

Todavia não deixa de ser bizarro darmos conta, todos os dias, de gente que a pretexto de também haverem servido o país, auferem milionárias reformas, embora haverem, isso sim, terem deixado o pais de rastos. Ainda assim são comtemplados com chorudas reformas. Adiante.

Estava a preparar-me para escrever a crónica desta semana, esta mesma, dou comigo, aos primeiros raiares do sol a observar as minhas costumeiras e simpáticas visitas, um casal de rolas, que saltitam daqui para ali em permanente sociabilização com outras aves de chilreio.

E não deixa e ser curioso, pois, de observar o esforço que o homem faz para assegurar a sua subsistência enquanto naturalmente outros subsistem ao correr da sorte.  

 

Leiria, 2017.03.21        

 



publicado por Leonel Pontes às 16:47
Terça-feira, 07 de Fevereiro de 2017

Noam Chomsky, psico-filósofo norte-americano ataca o capitalismo industrial e o socialismo de estado precisamente pela sua falta de humanismo, dado o reiterado uso duma linguagem extravagante para exprimir pensamentos de verbo fácil que por isso mesmo tornou o mundo de controvérsias, de pensamentos vazios e de nulo interesse para os cidadãos quaisquer que eles fossem.

Nunca se viu, pois, nem a história no-lo relata, que o mundo estivesse tão prestes a derrocadas, que podem ocorrer seja lá onde for, tendo por pavio o desbragado verbo como, por exemplo, o do actual presidente da América. Porém, é bom lembrar que o mundo é um espaço plano, segundo Friedman, o que equivale por dizer que todos falamos com todos, todos somos vizinhos de todos, todos devemos a todos e todos temos a haver de todos. Com efeito, todos temos o nosso dinheiro em simbiose com todos os espaços económicos e, por isso mesmo, todos somos afectados por via dessas derrocadas, posto que todos somos devedores a todos e de todos somos credores.

Todavia, por cá, temos andado a ouvir música celestial; dizem-nos que está tudo bem, que estamos como nunca estivemos, assim no-lo apregoam. E, tudo isto é linguagem a exprimir pensamentos falaciosos. Se assim fosse, como se compreenderia que a nossa dívida pública continue a subir. Já vai para além dos “duzentos e quarenta e um mil milhões de euros”. E já ouvimos dizer que as nossas dívidas vão ficar para as calendas. Não são para pagar. Pois sim, que fiquem para as calendas!

É sempre bom ter presente, relembrando, que Portugal já foi à bancarrota 8 vezes, sendo que a última das quais ocorreu nos finais da monarquia, 1892. Tendo acabado de ser liquidada já no pós-25 de Abril. Assim se conclui que as dívidas sempre haverão de ser pagas. Ou não são?

Em conclusão; se temos uma dívida colossal em crescendo, se os juros continuam a subir, se a economia não produz valor acrescentado, se a balança comercial é desfavorável – isto é, se importamos mais do que exportamos -, se continuamos a descansar mais do que a produzir. Embora no-lo digam o contrário, a meu ver o caminho final é mesmo a bancarrota, basta só equacionar os dados.

 Leiria, 2017.02.07     

 



publicado por Leonel Pontes às 17:04
Sábado, 07 de Janeiro de 2017

Não posso iniciar as crónicas de 2017 sem começar por abordar, ainda que superficialmente, o estado da nossa dívida pública, ora a passar os 130% do PIB, e bem assim comparar o seu diferencial com a última década do final do século XX; já então nos 50,3%. Portanto, a dobrar o cabo das misérias.

Também, mais ou menos, pelos finais da última década do século XX – quando ainda estava nas minhas faculdades de locomoção - fui a Kingstone (Capital da Jamaica) a meus olhos um país tão distante quanto mítico. E, aí fui, repito-me, apreciar ao vivo “o reggae”, bem como ainda o pensamento do seu músico maior “Bob Marley”, com o seu “emancipate yourself from mental slavery”, emancipa-te da escravidão mental, mas também a sua economia assente no turismo que enganadoramente, supúnhamos, rudimentar. E ainda para cotejarmos o seu PIB provindo essencialmente das actividade turísticas, pois.

Enquanto isso, é bom lembrar que a distribuição da riqueza – agora enfatizados como patrimónios acumulados – foi sempre uma das questões quentes no seio das famílias portuguesas; quem herda o quê! Porém, aos tempos de hoje o que mais se discute é a crescente dívida pública. Em vez de riqueza acumulada, discute-se a dívida pública que neste momento já vai para além dos 130% do PIB.

O tempo passa (voa) e inevitavelmente - dado o exponencial crescimento da dívida pública - reflicto no futuro, e francamente antevejo um futuro muito, muito sombrio, pese embora não termos patrimónios tangíveis para partilhar, teremos, com toda a certeza, muita dívida. Mas temos um património intangível (não temos “reggae” – mas temos o nobel património da humanidade: o “nosso fado”).

A tais patrimónios há quem chame de afectos (pura psicolinguística) – acham que a coisa vai de vento em pôpa, não obstante o continuado aumento da dívida pública. E acaso, pagaremos as contas com afectos. Ou estaremos a viver uma nova era: a escravatura dos afectos?

Como é sabido existem duas formas principais de um Estado (tal seja o nosso) financiar as suas despesas: pelos impostos ou pela assunção de dívida. Com efeito, o que for pago pelos impostos, será liquidado por nós, contribuintes de hoje. Ao contrário o que for liquidado pela dívida, esta será suportada pelos nossos descendentes e pelos descendentes dos nossos descendentes; e, em vez de activos haverá uma continuada transmissão de passivos a solver pelas suas vidas fora.

E vamos continuar a ter crédito para pagar as importações dos bens que consumimos, tal seja o bacalhau?

Com efeito, se queremos mudar alguma coisa, então teremos de reflectir mais, muito mais. Ou esperam pagar o endividamento português, repito-me, com “fados”. Por isso, creio que o melhor passará pelo uso da nossa capacidade cognitiva (a nossa força mental de apreender e fazer coisas). Isto é, só nos resta um caminho justo e credível: uma revolução cognitiva com menos psicolinguística que deixa os portugueses bêbados de êxtase por via da fluente retórica desfolhada a cada telejornal.

Emancipemo-nos, pois, da escravidão financeira em que temos vindo a cair.

 

Leiria, 2017.01.07

 



publicado por Leonel Pontes às 11:15
Domingo, 25 de Dezembro de 2016

Hoje é Natal, mas nem por isso deixa de ser tempo de reflexão. Enquanto o almoço é preparado pela família eu vou pensando no futuro da família, dos mais novos (dos meus e de outros) e francamente antevejo-lhes um futuro muito, muito sombrio. Outros, se é que pensam ou se só falam; ao que já chamaram palavras de afecto (pura psicolinguística) – acham que a coisa vai de vento em pôpa, não obstante o continuado aumento da dívida pública.

Será que no futuro as contas são pagas com afectos?

Existem, pois, duas formas principais de um estado (tal seja o nosso) de financiar as suas despesas: pelos impostos ou pela assunpção de dívida; mais.

Com efeito, o que for pago pelos impostos, este será por nós; (os contribuintes de hoje. Ao contrário o que for pago pela dívida, esta será suportada pelos nossos descendentes e pelos descendentes dos nossos descendentes; em vez de activos haverá uma continuada transmissão de passivos a solver pelas suas vidas fora

Oportunamente, com menos raiva redigirei texto reflexivo sobre a problemática do nosso empobrecimento/endividamento, e, não digam, que os fala barato somos nós, os que pensam como eu.

E vamos continuar a ter crédito para pagar as importações dos bens que consumimos, tal seja o bacalhau?

 

Leiria, 2016.12.25



publicado por Leonel Pontes às 11:55
Sábado, 24 de Dezembro de 2016

… dizia o historiador Oliveira Martins sobre a região centro do país (História Portugal, pags 35 e 36):

“O litoral do centro, entre o Mondego e o Tejo, é a parte mais benigna do país. Aí o ar temperado pelas brisas marítimas mantém um grau de humidade (60 a 85%), e as chuvas regulares sem serem copiosas (700 a 800 mil. anuais, e 20 a 30 no estio) uma rega, que fertilizam os terrenos sem os tornar gordos, como os do norte. Nem o calor (150 a 160) tisna de verão as vegetações, nem o frio do inverno as atrofia. Por tudo isto, a população abunda, sem exorbitar, como no Minho; e o habitante reúne à laboriosidade de uma vida agrícola a liberdade de uma existência mais ampla. Por tudo isto, além dos carateres geognósticos da região, a flora é variada, reunindo o pinheiro bravo e o manso, a vinha, a oliveira e o carvalho, o trigo, o milho e o centeio. Desde os campos que o Mondego todos os anos fertiliza, por Leiria e Alcobaça vestidas as florestas, pelas veigas do Nabão, chegamos ao Tejo; e, transpondo-o, entramos no seu vale, que é para nós como o Nilo é para o Egito. Nele com efeito o campino nos traz à ideia o tipo dessas raças da África setentrional, líbios ou mouros, cujo sangue anda misturado em nossas veias. A cavalo, de pampilho ao ombro, grossos sapatos ferrados, gorro vermelho na cabeça, o ribatejano, pastoreando os rebanhos de touros nas campinas húmidas e vicejantes, é como um beduíno do Nilo. A vasta planície matizada de povoações e bosques de choupos, de salgueiros e de álamos, contornada ao longe pelas cumeadas das serras, sem o caráter das paisagens do Egito, ou de Túnis, dominadas pelo esqueleto gigânteo do Atlas[28]. Como o beirão, também o ribatejano reúne à vida agrícola amarítima ou fluvial; é ele quem vem nos seus barcos de água-acima, até Lisboa, trazer o seu tributo de cereais e frutas. Pelo Tejo, o Portugal marítimo abraça o Portugal agrícola, fundindo numa as duas fisionomias típicas da nação. Rio acima, o Alentejo de um lado, a Beira do outro, por esta forma se comunicam com a população marítima do litoral. Lisboa, com Sines ao Sul, Aveiro ao norte, eis os pontos cardiais dessa costa ocidental, donde tantas grandes aventuras, tão dilatadas viagens se empreenderam. Capital geográfica, Lisboa é também a nossa capital marítima; e se as viagens e descobertas são o coração da nossa história particular nacional, Lisboa é também a nossa capital histórica. As toadas plangentes que ao som da guitarra se ouvem por toda a costa do ocidente, essas cantigas, monótonas como o ruído do mar, tristes como a vida dos nautas, desferidas à noite sobre o Vouga, sobre o Mondego, sobre o Tejo e sobre o Sado, traduzirão lembranças inconscientes de alguma antiga raça, que, demorando-se na nossa costa, pusesse em nós as vagas esperanças de um futuro mundo a descobrir, de perdidas terras a conquistar ao mar? Os sonhos cheios de encanto e melancolia, por tão longos tempos embalados pelo incessante murmúrio do mar bretão e pelo ciciar das florestas druídicas; o carinho da natureza pelo homem, traduzido nessas lendas piedosas em que os animais falam, os pássaros vêm fazer ninhos na mão dos santos, e a voz das fadas se mistura com o ramalhar das árvores e o murmurar das águas; esse vaporoso e encantador botão da alma céltica, porventura desabrochava no espírito nacional português, quando a conclusão das guerras da independência assim o ordenou. D. João de Castro, o marinheiro, tem, como um druída, o amor ingénuo da natureza: « ó vergonha e grande cobiça dos homens, que por haver as desventuras dos metais cavam tanto a terra que lhe tiram fora as tripas, derribam grandes outeiros, abaixam ásperas e altíssimas serras no andar e olivel dos campos, e não contentes de estragarem tanto a terra, rompem e furam pelo mar por haverem uma perla – e para esculdrinhar uma obra maravilhosa da natureza são tímidos e preguiçosos!»”



publicado por Leonel Pontes às 11:40
Segunda-feira, 14 de Novembro de 2016

Faço apelo à memória (à minha); e vejo que nos finais da década de sessenta do pretérito século a zona ribeirinha de Lisboa transpirava num frenético movimento de actividades empresariais como corolário de “negócios”, navios à carga, armazéns de retém e apoio recebiam mercadorias à espera de oportunidade para embarque, ora chegavam, ora zarpavam. Era o que era. Um desses armazéns, sito na Rua da Manutenção, 88 pertencia à empresa Gomes de Carvalho, Ldª., de Monte Redondo e desta partiam todos os dias mais do que uma camioneta carregada da famosa madeira trabalhada do pinhal de Leiria. Enfim, as exportações eram a razão e sustento milhares de empregos a montante e a jusante.

Novos tempos vieram e toda aquela azáfama se esfumou. Mas, pior que isso, foi que todas aquelas infra-estruturas caíram de obsoletas. Ainda assim ébrios de prazer algumas desses armazéns deram lugar a um certo de lazer nocturno como se daí adviesse progresso social; pura ilusão.

Contudo, uma ideia estratégica nasceu para a zona ribeirinha como fora a sua requalificação de modo a voltar a receber grandes navios, não os de carga como os de outrora, mas em vez desses trazendo turistas aos milhares de outras paragens de um mundo de progresso e bem-estar.

 E agora o que podemos ver? Agora vemos uma zona em acelerada requalificação. Saio da “Expo” costa abaixo a caminho da Fundação Champalemaud outra infra-estrutura a enriquecer a zona, na qual se cruzam centenas de pessoas com défices de saúde, como eu. No trajecto, topo com centenas senão milhares de máquinas e outras forças braçais na requalificação da zona ribeirinha. Muitos dos edifícios em escombros estão a dar lugar a novos e amplos espaços de circulação, a novas infra-estruturas de apoio onde aportam todos os dias enormes e faustos navios de turistas que demandam Portugal em busca dos soalheiros espaços verdes e airosos, de gastronomia a contento e de serventia afável. E tudo o mais que agrade.

 É certo que sem dinheiro nada se faz. Mas como é sabido e público a Câmara de Lisboa tem embolsado muitos milhões de Euros, quer por via da venda dos terrenos do aeroporto, quer por via do gordo IMI que cobra aos residentes. A aferir pela amostra o que não falta à edilidade é dinheiro o que, obviamente, chama dinheiro e nessa perspectiva as empresas vêem e sentem confiança e na alçada da edilidade também se arriscam a promover novas edificações, habitacionais e hoteleiras. Com efeito, na zona ribeirinha de Lisboa tudo bule numa estratégia de e com futuro. Bastou, pois, uma ideia, estratégica, e a Capital transfigurou-se.

 E já agora, por cá, por cá pelo burgo de Leiria? Continua a faltar uma ideia assente numa estratégia com futuro. Mas, enquanto isso, vemos festas, muitas, e show-off de sobra. Mas uma ideia Senhores? Uma ideia com vida, com futuro para a cidade? Bem dizem-me que a coisa agora será outra loiça. Vai haver eleições e já se anunciam os putativos crânios. Pois sim, mas têm uma ideia para Leiria? Não! E ao menos conhecem Leiria? Ou vêm só e apenas debitar umas sentenças que ninguém pediu? Por ora e a julgar pelo histórico dos putativos nada de novo nos trazem.

 Estamos em finais de mais um ano. Novo ano aí vem, ao que, como noutros tempos se dizia ”vem aí o Ano Bom”. E vêm? Abreviando tempo e espaço aproveito para desejar aos leirienses e todos os que me lêem um Feliz Natal e já agora um Próspero Ano de 2017.

Leiria, 2016.11.14



publicado por Leonel Pontes às 15:26
Quarta-feira, 19 de Outubro de 2016

Em Outubro de 1997 dei à imprensa o texto “Um nascimento há muito anunciado ocorrerá a 1 de Janeiro de 1999, nesse dia a Europa dará à luz uma moeda, o euro, a unidade monetária da União Europeia.  A mãe já se sabe quem é, é a velha,  a velha Europa. O  pai é que ainda ninguém sabe quem é, ou vai ser. Embora haja para aí uma rapaziada que, desde já, vai adiantando não ter quaisquer culpas no cartório, outros nem se importam que digam que ali há um espirrozito seu, outros querem mesmo que se diga que sim, que foi de facto com o seu mérito que a coisa pegou.  Uma questão das mais intrincadas que já alguma vez a arrefecida Europa  teve de resolver.”

Decorridas, praticamente, duas décadas volto a reflectir sobre o assunto e nessa esteira sou a dizer que, inelutavelmente o século XXI ficará para a história como o século do divórcio desse tão desejado casamento que teve e tem por trave mestra a concepção dum filho o “euro”, agora se vê foi concebido às cegas em que cada um dos membros dessa desajeitada união foi ocasionalmente, ou talvez não, fecundante.

Porém, hoje todos dizem que não era bem isto que desejavam. Mas quem é de facto o pai? A mãe sabe-se que a contragosto é a Europa da União. O filho não é um “exposto“ mas assim está sendo tratado, todavia tem registados 28 cofecundantes, havendo sexuado em períodos diferentes, a partir do acto solene ocorrido na Holanda em 1992 por via do Tratado de Maastricht.

Contudo, nem todos os aderentes da acreditaram na concepção da Zona Euro, sendo que alguns dos subscritores do Tratado logo puseram o rabo de fora como foi; o Reino Unido que desde logo exerceu o “opting out” e, outros mais seguiram na sua roda como seja Bulgária, Hungria, Polónia, Suécia, República Checa, Roménia, Croácia; e Dinamarca.

Durante os períodos de infância era crível que chegados à adolescência do “euro” já tivesse rumos traçados, porém, em vez disso, ocorreram muitas divergências como foi a tentativa de expulsão, da Grécia, como se lembram o Grexit, pelo meio consumou-se uma saída em negociação de forma, o Brexit e já se fala de uma outra queda, o Frexit. A França não terá capacidade de suprir as lacunas deixadas pela Grã-Bretanha. Por sua vez Alemanha já anda a asnear. Veja-se o caso do Deutshe Bank.

Em suma quem terá a capacidade de assegurar a contribuição liquida para o equilíbrio do grande orçamento europeu? Mas os ingleses ganharam ou perderam com o desenlace. Sem dúvida estão a perder, senão veja-se a desvalorização da libra (parece que já vai nos 17%). Todavia seguindo uma máxima do exercício musical “quem paga aos músicos escolhe a música” E, é isto que os ingleses estão a fazer. Poderiam ter forçado reformas estruturais, contudo optaram por precipitar o divórcio do século XXI.

Leiria, 2016.09.19



publicado por Leonel Pontes às 19:35
Domingo, 11 de Setembro de 2016

Vivemos um tempo de coacções; tempos de violência, senão física, psicológica. E dizem-nos que é por amor à liberdade e a um futuro mais próspero. Chega-se mesmo a dizer (ironicamente, só pode ser!) que poderemos viver num estado de bem-estar dúplice. Isto é, pode-se viver hoje, agora e já com mais liquidez (mais dinheiro no bolso para com ele adquirir, a felicidade – paradoxal -, e ao mesmo tempo poder-se-á ver ali a correr a em paralelo, um futuro cheio de contas (dívidas) sem que as tenhamos de solver no amanhã. Contudo, o que surpreende é ouvir a todo passo o primeiro magistrado da nação a corroborar tais pontos de vista. Falaciosos. A situação tem e deve ser repensada. Porém, para que não tenhamos de equacionar (reequacionar, se se quiser) muitos dados, também eles falaciosos, poderemos reflectir no que no-lo diz o filósofo Byung-Chul Han:

“A psicopolítica configura uma técnica de dominação que, em vez dos antigos métodos opressores, recorre a um poder sedutor e inteligente, que consegue que os cidadãos se submetam por si próprios às forças de dominação.”

Com efeito, em sumária apreciação poder-se-á concluir que vivemos tempos de um novo capitalismo. O Capitalismo da Emoção. Mesmo sem dinheiro disponível, mas com toda a certeza de uma dívida pública a aumentar cada vez mais, tendo por base o que no-lo vão impingindo achamo-nos emocionalmente felizes. Felicíssimos.

Concomitantemente ainda, a questão coloca-se de um outro prisma, tal seja; como pode a economia inspirar novos comportamentos organizacionais que levem ao empreendedorismo, logo ao investimento e à geração de emprego duradouro? Valerá a pena arquitectar projectos a médio e longo prazo, ou mesmo a curto prazo, se a matriz racional de desenvolvimento económico-social se apoia na mentira, em estados de alma que levam à assunção de uma vida onde nada falta, para logo a seguir estropiar o crescimento com sobrecarga de impostos para suprir gastos (em vez de investimentos) E, a propósito onde mora o investimento público? E porque aumenta, então, cada vez mais o endividamento externo.

Com efeito, servem-se da psicologia, descaracterizando-a para à sua pala induzirem bem-estar; mundo próspero, futuro risonho nas cabeças dos cidadãos por troco a dez reis de mel coado ilusoriamente aceite como coisa duradouro que em vez de um bem-estar é um estar-bem de circunstância. Portanto, em vez do construto “capital emocional” não estaremos a construir um capital de miséria social (mais e mais impostos, mais desmotivação, mais stresse, mais depressões e mais ideações suicidas?) Oxalá o tempo não nos venha a dar razão.

 Leiria, 2016.09.11



publicado por Leonel Pontes às 10:51
Sábado, 27 de Agosto de 2016

                        Alguém disse um dia: “o passado é história, o futuro um mistério, este momento é uma dádiva. Por isso este momento se chama presente”

Teoria das Relações Humanas

George ELTON MAYO (1880 – 1949)

 

O futuro, económico-social, tal como como se desenvolve a nossos olhos é um mistério. Cada vez mais mistério. Porém, se quisermos poderemos inverter a tendência, O mundo, o nosso, aquele em que vivemos e construímos apresentasse-nos (está, ou vimo-lo) cada mais, de objectivos inatingíveis. O futuro, como sempre foram, organizações. E afinal todos vivemos, no seio de organizações, por vezes, sem que saibamos o que são, nem como nos devemos comportar ante estas. Há organizações de âmbito europeu, governamentais, sociais, empresariais, laborais, etc. Há ainda as não-governamentais. Contudo, todas funcionam, só funcionam, com pessoas. Aliás organizações são pessoas. Ou seja uma organização é uma combinação de pessoas e tecnologias integradas num determinado propósito para realizar um conjunto de resultados.

Todavia, quaisquer que sejam as organizações, as pessoas são sempre o motor que com os tempos e as necessárias afinações hão de trazer suporte bastante à sustentabilidade destas. Daí que Henry Fayol, pai da Teoria da Administração definiu “organização” como uma estrutura organizativa que, pela visão do homem económico procura a máxima eficiência. Porém, Weick (1993ª, p. 354) tinha outra visão e via a organização como “grupo de grupos, num conjunto de condições variáveis, ou uma federação de subculturas.

A importância das pessoas nas organizações e a importância da gestão das pessoas nessas mesmas organizações, como é óbvio, bebem razão de ciência na literatura expendida por vários mestres desta matéria, quer das pessoas, quer da gestão destas nas organizações. E muitos foram os que legando contributos, como fora MAYO, Elton (1880-1954), LEWIN, Kurt (1951), ou até aos contemporâneos, CHIAVENATO, Idalberto (2010) ou PERETTI, Jean-Marie (2001)

Dir-se-á, portanto, que as transformações havidas ao longo da história da humanidade trouxeram factores de desenvolvimento tecnológico que influenciaram processos de mudanças políticas e económicas e, bem assim, contribuíram para que a economia mundial progredisse no sentido dos mercados globais, vulgo globalização.

Contudo, quer as pessoas, quer a organização também têm de ser vistas como um todo, como no-lo disse SENGE, Peter autor da obra 5ª disciplina, visão assente no conceito de “organização que aprende”; trabalho que causou no meio das organizações grande impacto nas práticas administrativas – activos humanos – na década de 90 do século findo.

A chave desse construto “organização que aprende” tem o seu fulcro “na capacidade de aprender mais rápido que os concorrentes, única vantagem competitiva sustentável a longo prazo”. Daí que o mestre tenha enfatizado que “são as pessoas o principal meio de alavancagem de qualquer processo de mudança”. Eis, em suma, a importância destas.

As organizações dos nossos dias não aprendem e pior que isso os gestores são cada vez relapsos de saber e por via disso levam as organizações a permanentes estados falimentares. Veja-se como vão muitas das empresas portuguesas em especial a banca e mesmo organizações de âmbito europeu sediadas no sei da União Europeia.

 

Leiria, 2016.08.11



publicado por Leonel Pontes às 11:14
Sexta-feira, 01 de Julho de 2016

 Os conflitos não são acontecimentos dos nossos dias, a história assim no-los relata. Com maior preponderância a partir da Revolução Industrial iniciada em Inglaterra em 1760, que trouxe consigo novas fontes de energia, a divisão e especialização do trabalho, a aplicação da ciência à indústria, o capitalismo como sistema dominante. Mas, também trouxe dissonâncias, o que levou a que filósofos deixassem marcos indeléveis na história por via de dissertações e outros meios de expressão sobre desigualdades sociais. Assim, por volta de 1902 segundo abordagens levadas a termo por William James, filósofo e psicólogo Americano, surge um “novo” paradigma, porventura mesmo uma nova mudança de perspectiva (do negativo para positivo) e enfatizava “a determinação da mente em ser saudável”.

Daí em diante surge, pois, a Psicologia positiva que passa a estudar o funcionamento positivo da personalidade, do bem-estar subjectivo, da resiliência. E mais diziam mais estudiosos que se lhe seguiram, que mente saudável não é apenas cuidar do que está danificado é sobretudo cuidar de algo ou de alguém e fomentar o que temos de melhor. Hoje sabe-se que mentes saudáveis a algum tempo de hão-se traduzir num capital económico.

 Ainda por via das revoluções, o despotismo francês provocou razão social em ordem a contrariar o status quo da monarquia, ficando para a história relatos da época, tais como: “ao amanhecer do dia 14 de Julho de 1789, no Palácio de Versalhes, quando os criados da imensa corte, entre os quais se encontra Sidonie Laborde, serviçal muito particular de Maria Antonieta, rapariga ilustrada nas coisas das letras e, portanto, destacada para leitora da rainha. Sidonie não sabe – tal como a maior parte dos que aí habitam – que Paris está em tumulto e que nesse dia vai ocorrer um evento que mudará a História: o povo em cólera vai tomar a velha fortaleza da Bastilha (Ramos, J., 2012, p. 20)

 A revolução deu à França o seu lema “igualdade, liberdade e fraternidade”. Era o lema dos idealistas que queriam “ter o seu bolo e comê-lo”, porquanto não tiveram em conta que em política existe um compromisso entre a liberdade e igualdade e muito pouca fraternidade (Hofstede, G., 1991), ou seja um ideal, que afinal não passou disso mesmo um ideal, tanto mais que logo a seguir emergiu a ditadura napoleónica.

 Porém, não se poderá daqui diagnosticar as grandes causas sociais, do passado, do presente, ou futuras, mas poder-se-á dizer que “nunca houve melhor época do que a de hoje para mudar o mundo” (Naisbitt, J., 1985). Este é o lema de todos os idealistas desde que mundo é mundo.

 As capacidades psicológicas positivas, quando bem geridas têm impacto no desempenho social-económico, ou seja os valores das acções individuais são também organizacionais; nesse sentido quando se verifica uma correlação entre capacidades psicológicas positivas (esperança, otimismo, resiliência e auto-eficácia) forja-se um capital psicológico que se consubstanciará oportunamente em resultados económicos, que a todos deverá aproveitar.

 Pois sim, e o que nos traz agora o conflito político brexite aos países membros da União Europeia? Em princípio de capital psicológico ou económico pouco ou mesmo nada (isto é, apenas potencia a psicologia negativa, ou a psicologia das perturbações. Com efeito, coisa carece de aprofundado estudo psico-sociológico.

 Leiria, 2016. 07. 01



publicado por Leonel Pontes às 10:47
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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