O EURO 2004 – assim o vimos e vivemos, oxigenou a auto-estima dos portugueses - marcou a agenda do país durante o último Verão. E goste-se, ou não do futebol e das paixões que desperta; goste-se, ou não do quanto foi necessário despender, não só em recursos humanos, mas também monetariamente em ordem a implementar um conjunto de infra-estruturas, o que verdadeiramente releva – até p’rá história – foi que o campeonato houvesse decorrido em Portugal; organização que marcará indelevelmente a nossa capacidade empreendedora.
A performance alcançada é reconhecida fora de portas com desusada ênfase. E, quando tudo, ao que nos é dado ver, parece estar voltado do avesso, gratificante é ouvir - fora de portas, repetimo-nos – encómios aos portugueses pelas suas capacidades e conhecimento em matéria de gestão e controlo, porquanto levaram a termo uma organização que outros países muito gostariam de haver conseguido para si.
Tal evento, pautou-se, pois, por uma excepcional organização nunca havido na vida do futebol português, ao qual ficará associado para todo o sempre o desempenho e o profissionalismo da Federação Portuguesa de Futebol que bem soube honrar a tarefa que lhe foi confiada pela União Europeia do Futebol.
E, se é certo - tomando por medida padrão o dizer do povo - que devemos tirar ensinamentos dos nossos erros, não é menos verdade que também devemos saber colher proveito por via da cadeia de valor implementada nas nossas obras. Num tempo em que discute se o futebol é “gestão” ou “paixão” - sem mais análise - atrever-nos-íamos a dizer que é “empreendedorísmo” e “organização”. O binómio assenta, pois, na concepção de projectos que quando levados a cabo hão-de resultar num todo subsumível nos recursos humanos que o deixam de o ser, antes são a própria organização e consequentemente em investimentos tangíveis que passam a ser activos intangíveis colocados ao alcance dos cidadãos sob a forma de serviços.
Já no dizer de Pessoa organizar as organizações é preciso, pelo que a lógica dos investimentos quaisquer que sejam, têm (devem ter) por objectivo primeiro prestar serviços com eficiência, com transparência, com qualidade, à comunidade e nunca para sorver dinheiro em ordem a manter estruturas envelhecidas, a carecer de reestruturação que tarda.
Em conclusão, o que verdadeiramente releva da organização EURO 2004 é que por via do futebol passámos para fora do nosso exíguo espaço um modelo de organização que causou a melhor das impressões não só na União Europeia do Futebol mas também a quantos demandaram Portugal, bem como e por certo o mais relevante foi que, uma das mais reputadas Universidades portuguesas chamou a si a organização do Euro 2004 para o trabalhar como um “study case”, o que sempre honra e tonifica o ego dos portugueses, em particular de todos aqueles que no evento deixaram um pouco do seu trabalho, ainda que modesto.
Leiria, 2004.12.04