Vivemos num tempo de mudança (de resto já o filósofo grego Eraclito dizia que não há nada mais permanente que a mudança), porventura de mudança agitada, mas sem dúvida, um tempo que é o corolário lógico de uma acção dinâmica, entusiasta e participada dos cidadãos, sempre na busca de melhorias e progressos. Os últimos vinte anos, foram duas décadas prenhes de transformações; económicas, sociais, ideológicas, políticas, e outras mais.
Com efeito, poder-se-ia pensar que os tempos que temos pela frente, e depois de uma caminhada de consolidação democrática, poder-se-ia pensar, pois, que estaríamos em condições de gozar os ganhos da tranquilidade. Porém, e ainda assim, o futuro apresenta-se algo intranquilo, porventura nubloso, e por isso sempre a requerer muitas atenções.
Nada nos dispensará de continuar a prestar contributos em ordem a uma política de desenvolvimento económico e social, sustentada em princípios objectivos e com metas colocadas no tempo e no espaço certo.
A regionalização, por exemplo, tem sido uma bandeira agitada, e muito desfraldada, pelo governo socialista como se pela inexistência desta o país seria um caos; nada de mais errado. Era, como é, um objectivo inconsequente, fora de tempo. O ordenamento do território precisará de alguns ajustamentos e correcções, disso ninguém duvidará, mas não necessita, isso não, de uma regionalização, sobretudo daquela que pretenderam impingir-nos.
Aliás, o Tribunal Constitucional corrigiu, em boa hora diga-se, o erro cometido pelo PS e pelo PCP ao estabelecerem um acordo o qual resultou num projecto de lei que visava retalhar o país; um projecto que ninguém sabe bem o que é, para que serve, e muito menos se percebe porque havemos de dividir, ou redividir, o país agora e tão apressadamente. Aquele projecto não respeitava princípios constitucionais, e por isso outra alternativa não restava, a quem de direito, que não fosse o chumbo.
Mas esta questão não é só e apenas uma questão nacional, ela é antes de mais, e primeiro que tudo, uma questão local, e é o poder local que em primeira instância se haverá pronunciar. A regionalização deverá começar por baixo, deverá ter a participação dos cidadãos. E, muito sinceramente não temos dado conta, nem por parte das populações, nem por parte dos eleitos locais de que a falta de um novo instrumento do ordenamento do território seja razão impeditiva para a prossecução de projectos, quaisquer que eles sejam.
O futuro ganha-se todos os dias, mas ganha-se com projectos de mudança consequente e lógica. O futuro ganha-se economizando aqui para investir ali, ganha-se na satisfação das necessidades sentidas pelas populações e nunca se ganhará esbanjando e impondo.