Domingo, 12 de Dezembro de 1999

Acabámos de gozar mais um dia de descanso, o dia da independência nacional, o dia primeiro de Dezembro, data em que os portugueses de 1640 expulsaram desta língua de território nacional os espanhóis.

A genica da rapaziada de hoje não é tão racional como a dos velhos lusos. Hoje, comportamo-nos, talvez, de forma mais emocional, percebemos bem o que se passa à nossa volta mas nada fazemos, ou melhor fazemos muitos comentários. Não estou a falar de futebol. E, enquanto isto os nossos vizinhos atacam-nos por todo o lado. Quem está atento não pode negar que não sabe que os espanhóis, usando uma pequena arma, a moeda EURO, estão a invadir de novo o nosso país.

Com efeito, hoje não nos podemos escudar em nada, estamos em campo aberto não existem barreiras nem fronteiras, e o combate é travado na arte do manuseio do EURO, que estando em continuada perda na Europa, tem dado visíveis mais-valias às economias do novo mundo (o dólar continua em ascensão ).

 

Já alguém teve nas suas próprias mãos alguma moeda de Euro, não senhor, ninguém ainda pegou num euro, por enquanto em termos físicos ainda não existe, é tão só coisa escritural, mas confere um poder incomensurável, e, quem o souber dominar ganha, ganha sempre, isto é, mesmo sem dinheiro físico existe a real possibilidade de adquirir bens onde e quando se quiser.

 A luta pelo poder, EURO, pela aquisição de posições no tecido económico empresarial português não pára de crescer e disso todos temos dado conta nos últimos tempos, tendo por protagonistas os donos da banca. Mas, esta novela pese embora os seus contornos, esta primou apenas por ser uma oferta publica de aquisição mediática, porque outras estão a acontecer em Portugal.

Mas, a juntar à novela banca, consta p’rá aí que os espanhóis se propõem adquirir também empresas portuguesas, outras, mesmo se em condições económico-financeiras difíceis, posto que têm inegáveis objectivos em constituir uma força de intervenção com capacidade crítica em ordem a dominar a economia portuguesa.

 Daí que, empresas de Espanha ou detidas por espanhóis, continuam a penetrar no mercado português como se dá conta no sector da construção de obras públicas. Já não é novidade para ninguém que as obras da rodovia litoral centro que ligará a Marinha Grande a Mira, com passagem pela Figueira da Foz ( a polémica estrada que não tem previsto um nó de saída em Monte Redondo), o melhor preço para a concepção, construção e exploração deste eixo rodoviário foi apresentado por um agrupamento de empresas espanhol (grupo Ferrovial)

 

Bom, por adquirido temos que os espanhóis já invadiram outra vez Portugal. Descontando os aspectos para os quais as autoridades parecem não ter capacidade de intervenção, há sectores onde aqueles nossos amigos marcam a agenda dos negócios; o sector bancário, construção civil e obras públicas, confecção e pronto a vestir, cedência de pessoal médico, como é o caso lá para o norte, etc.

 Se os nossos antepassados voltassem a este paraíso ficariam boquiabertos e sempre haveriam de concluir que “ com tanto descanso, quão descansado é este povo. Gente moderna, que pouco se importa em ser gozada “

 Leiria, 12-dez-99



publicado por Leonel Pontes às 10:13
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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