Domingo, 05 de Janeiro de 2003

Quando escrevo, confesso religiosamente, não tenho subjacente qualquer estratégia de marketing pessoal, apenas o faço porque gosto e assim me aceitam e por outro lado, nada me aflige dizer, de modo público, o que penso sobre a minha cidade, ou o meu país. Escrevendo não estou a fazer o culto da imagem, quiçá afirmar poder, que não possuo, como quem diz: chegai-vos a mim e vejam quão farto é o meu portefólio de influências que sempre poderei exercer em favor de quem mais me convier.

 

Por isso, quem reparou na minha ausência nestas páginas, e disso me deu conta, nomeadamente na época festiva ora finda, fê-lo naquela bondade de amigos que se lembram, amigos que se prezam, gente de quem se gosta, pessoas que fazem o nosso meio; para esses, afinal para todos, mas em especial para quem nos lê, obviamente, direi que não há falta de matéria nem de reflexão sobre as coisas da nossa terra. Haverá, creio, é falta de reflexão que abranja os mais variados extractos da nossa sociedade.

 

E assim, todos nos questionamos, como vai ser o ano que acaba de nascer ? Entre o mais, poder-se-á dizer, económica e financeiramente, não vai ser um ano bom. E poderemos cindir a questão em duas; uma político-pública e outra privada-pública.

 

Quanto à primeira a julgar pelos dados publicamente conhecidos Leiria não logrará grandes performances porquanto não tem um plano estratégico de desenvolvimento. O que acontece resulta da perseverança da iniciativa privada, ou da acção do governo, ou até da acção de outros agentes. Por outro lado, Leiria tem vindo a perder competências, pese embora alguns novos serviços, por cá instalados, mas que no fundo são réplicas do que já existe. No passado Leiria foi uma referência, hoje outros dormem à sombra dos louros, com a cartilha à cabeceira.

 

Por outro lado, a iniciativa privada debate-se com o peso de uma máquina pública lenta e burocrática, factor que trava a competitividade económica. Ainda por outro lado, os agentes económicos são confrontados com a invasão de bens provenientes de outros espaços, ainda assim questão redundante porquanto aqui intervêm também agentes económicos, por vezes, em desrespeito dos princípios estabelecidos, convenhamos.

 

Acresce, ainda dizer que existe uma inversão de princípios, quiçá de valores, aqueles que poderiam investir, criar postos de trabalho, gerar riqueza, estão confrontados com a bizarra situação de, pagar para trabalhar,  ao invés de, trabalhar para pagar,  e por isso a fazer fé no que vem no Orçamento de Estado sangrias financeiras vão acontecer; uma outra questão a merecer reflexão privada-política.

 

Bizarro ainda, são as desmesuradas solicitações do Instituto Nacional de Estatística cujos resultados nunca se chega a saber para que servem, ou a quem aproveitam. 

 

Somando as partes poder-se-á concluir que Leiria tem vindo a perder competências, não tem qualquer plano de desenvolvimento concertado, sofre dos efeitos de um sector publico burocrático,  paga para trabalhar e vai pagar sobre o que não ganha, não tem referências, o endividamento acentua-se, a concorrência económico e até fiscal imperam. Enfim, repensar Leiria é preciso, creio eu !

 

Leiria, não terá um ano bom de 2003, grandes dificuldades aí vêm.

 

Leiria, 5 Janº 2003



publicado por Leonel Pontes às 20:47
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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