Fadado está para assinalar grandes efemérides, o 1º de Maio. Doravante assinalará, não só o dia do trabalhador mas, com toda a propriedade poder-se-à dizer, também é um novo marco; o dia do empregador. Com efeito, o espaço económico, a União Europeia abrirá portas a mais dez novos países, a Letónia, Polónia, Hungria, República Checa, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Lituânia, Malta e Chipre que sobem à primeira divisão dos países candidatos aos grandes desempenhos económicos. E, ao que parece, ninguém quer deixar de entrar para o clube dos grandes, posto que já está em discussão o ingresso de novos membros, a Bulgária e a Roménia, com ascensão prevista para 2007; ou seja, brevemente estamos num mercado dos 27.
Novos desafios temos pela frente, mas a grande questão que se coloca é; estamos nós preparados com massa “muscular” para vencer tão duro campeonato? Cremos, acreditar que sim, e é bom que estejamos preparados para ombrear com as concorrências aguerridas e dinâmicas dum mercado superior a 455 milhões de consumidores.
Contudo e perdoe-se-nos a falta de convicção quanto às nossas reais capacidades para lutar e colher ganhos em tamanho empreendimento, pois se não conseguimos vencer competições caseiras como havemos de pontuar fora de casa? Tome-se por exemplo as tão sentidas dificuldades que a nossa economia tem em penetrar no vizinho mercado, a Espanha.
De lá, para cá, tudo vem; banca forte, automóveis, equipamentos industriais, pronto a vestir, energia, produtos alimentares (façam uma breve visita a qualquer supermercado e vejam as marcas externas aí expostas), empresas de construção civil, mão d’obra especializada, médicos, etc., etc.,. E o que enviamos nós para lá? Coisa pouca pese embora a bondade das estatísticas, montagem de automóveis, calçado, produtos corticeiros e mais o quê ?
De resto esta invasão já vem de longe, enquanto Fontes se esfalfava para instalar uma rede ferroviária para desenvolver o país, Saldanha ameaçava (e lutava) pela constituição de uma União Ibérica como meio de salvar a débil economia da época, e, no entanto já decorreram “cem anos” mais “trinta” da democracia de Abril. À época, como meio de colmatar um certo adormercimento político, quiçá um carneirismo, o pai do fontismo preconizava a criação de círculos uninominais, coisa até aí inaudita, em ordem a estimular e a obviar o favorecimento político para aqueles que nunca nada tendo feito lhes é dado de bandeja lugares opíparos. Não vamos falar agora dessas benesses.
Voltemos às questões económicas. Como vamos nós racionalizar a nossa economia?
O nosso empresariado é convidado a visitar os novos países da união para aí estabelecerem investimento como se isso fosse uma oportunidade de negócio; por lá, os impostos directos são mais baixos ou mesmo nulos. Por cá, os factores de produção (energia, gaz industrial, combustíveis, etc.) estão cada vez mais caros, a mão d’obra reivindica (a função pública, as policiais, os trabalhadores (agora menos sob o medo de perder o que ainda têm). A nossa mão d’obra é menos produtiva, quiçá por mal implantação dos lay-out. Em suma, falta-nos espírito competitivo e produzimos caro. Como poderemos ombrear como uma Europa tradicionalmente mais organizada?
Leiria, 25 Abril 2004
in intemporal(idades) | pag. 281 | 2008