Tudo, sobretudo todos nós, que ao mundo viemos, inelutavelmente vamos cedendo, inelutavelmente vamos envelhecendo. Somos coisa, com arranjo, mas sem conserto! É a ordem natural das coisas, como diz o nosso povo; dir-se-á que é a única “ordem” que temos. Quem veio, vai. E, quem de novo não vai, de velho não escapa, também (e bem) diz a sabedoria popular. Aliás se quisermos dar ordem à ordem forçoso é dizer que, esta - a da vida – é, a única ordem verdadeiramente democrática. Todas as demais, por mais regulamentadas sejam, geram desordem.
Mas, dessa passagem pelo mundo, sabido é, que este não é igual para todos. Quem nasce em Portugal, tendencialmente, é católico. Talvez por isso, há quem viva na convicção (fé) de que haverá sempre alguém que encontrará soluções para o quanto houver por fazer. Mas, quem nascido seja, na América, por exemplo, pouco lhe importará a tendência para o católico, antes vive com a certeza (mania) de que são eles os donos do mundo.
Mas, estávamos a falar de velhos (ou idosos se, se quiser!). E, sobre a questão reflectindo constatamos que podemos ser velhos, sem ter a população envelhecida. Mas, por outro lado, poder-se-á concluir coisa diferente; é que de facto somos uma população envelhecida, porquanto – sem aferir pela estatística – por cada 100 jovens, temos à volta de 110 idosos (pessoas fora da vida activa). Mas, pior do que tê-la, é “contínua tendência de envelhecimento”. Não fazem filhos!
E, os que de velhos não escapam, precisam – é um direito de cidadania! – de entrar (estar) na penumbra de vida com dignidade, de modo a gozar o que não puderam glosar enquanto na vida activa estiveram. E por isso, não só as instituições públicas de solidaridade social, mas também a própria sociedade civil, têm o dever de criar condições em ordem a minimizar desconfortos e desconsolos daqueles que a cada dia que passa mais se lhes abre a porta de saída; uma porta que abre para fora do mundo, e quando fechada for, jamais se abrirá.
Por isso, o Padre Joaquim João, naquele seu jeito de quem não sabe estar quieto, fez erguer em espaço contíguo à residência paroquial, de Monte Redondo, um Centro dia Dia/Lar “Nossa Senhora da Piedade”, obra tão digna quanto necessária para acolhimento de idosos e por certo para incapazes.
Com efeito, no passado dia onze, foi dia de festa, teve lugar a inauguração da obra, cuja primeira pedra foi lançada há pouco mais de dois anos. E, com a ajuda de um povo empenhado, com o apoio da edilidade e demais instituições aí está a sala de repouso das vítimas do tempo gente que hoje mais não pode fazer que não seja recordar feitos e obras que foram erguendo ao longo da sua vida.
Ainda assim, mais de metade do custo daquele centro de dia/lar está por pagar, disse o pároco, mas com as ajudas de instituições de solidariedade social, do povo e dos proventos da gestão, tudo se haverá de salda. Mas, uma dívida jamais se pagará, diz o povo, foi o arrojo do Padre da freguesia que atirou a sotaina para o lado e fez-se mestre d’obras. Mas que obra. Bem haja!
Testemunhando o evento muitas entidades vieram a Vila de Monte Redondo; Governador Civil, Câmara, Presidente da Segurança Social, representante do Bispo, Professor Paiva de Carvalho, também ele nado e criado em Monte Redondo e muitos outros amigos, uns dos outros, que aproveitaram para confraternizar, cavaquear e recordar outros tempos. E, já agora, lembro que o tempo já vai escasseando!
Leiria, 15.06.2006