O desaire futebolístico da Inglaterra ao não conseguir classificação para o Europeu de 2008 foi notícia e ninguém, do mundo do futebol, consegue imaginar um campeonato da Europa sem a presença do país onde nasceu a modalidade.
Para os seus adeptos vai ser uma chatice, todo o mundo de olhos na Europa, e eles, que ostentam o brasão da arte ficam de fora. Mas, nem isso seria grave não fora o impacto económico; a não presença no evento resulta num prejuízo para a economia local superior a 500 milhões de euros. E, por seu turno os direitos televisivos também não trazem à UEFA a facturação esperada.
Enquanto isso, nós por cá, vamos fazendo o planeamento das tarefas com vista a afinar a máquina de molde a que tenhamos um bom desempenho, pois de outro modo também nada lucramos. As despesas são certas, já que a preparação de um campeonato faz incorrer sempre em avultados gastos e os nossos recursos, todos eles, sabido é, são escassos.
Entretanto para dar conta do que fora a longa jornada de dois anos até à nossa qualificação final, a 15 de Dezembro último, a estrutura nacional do futebol reuniu em assembleia geral para discutir entre o mais o orçamento para a próxima época, mas também o relatório de gestão e contas da pretérita.
Quanto ao orçamento, cuja cifra prevista é de quase 37 milhões de euros e embora não contivesse verbas bastantes para quanto o futebol precisa, ainda assim irá trazer apoios tão importantes quanto necessários à modalidade e até mesmo no aspecto social já que a FPF vai disponibilizar fundos para apoiar a nível nacional o chamado futebol de rua.
Discutir, aprovar ou modificar um relatório de contas é sempre o culminar de uma actividade exercida em determinado espaço de tempo. E, razões todos acham que têm para dar opinião, nomeadamente, quando o resultado económico é parco. Mas, se é certo que o resultado da época em apreço não foi gordo, o mesmo já não se dirá quanto à avaliação de uma década de gestão.
A administração desta última década dotou a estrutura nacional do futebol com condições, como nunca tivera, quando comparado o seu capital próprio de então, pouco mais de dois mil e quinhentos euros, com os actuais dezasseis milhões de euros. Encerrou-se um ciclo de prosperidade.
E, como dizia o pai de gestão - Peter Drucker - a prosperidade cria-se, não de herda. Por isso soube bem, ver estas peças financeiras discutidas até ao tutano, mas aprovadas por unanimidade.
Oxalá que, agora que Portugal vai ao Campeonato Europeu e logo se segue o Mundial na África do Sul possa traduzir-se em resultados desportivos quanto económicos a contento. É isso que se espera para bem do desporto, mormente do futebol.
O futebol tráz prestígio a Portugal. Por isso, surpreendidos ficamos quando uma organização ganha prestígio internacional, ganha posição no contexto, uma organização que tudo tem feito para sair da lama, quando é contribuinte liquido para o tesouro nacional, e, quando se propõe organizar - apenas se propõe, nada o garante que assim seja - vem, em consequência, gente com responsabilidades de governação dizer “futebol para quê”.
Mais nos surpreende a posição do Senhor Presidente da República. Mas ele não foi desportista? E não conhece os impactos? Ou diz o que diz, tão-só, para engrossa o coro dos autofágicos! Assim não.
Deixem-nos trabalhar! – quem disse isto? – de outro modo, por mim, vou-me embora - desisto - estão a meter muita areia na engrenagem. Nem se governam, nem se deixam governar!
Leiria, 2008.02.18