Digamos que, a matéria não nos diz respeito. É do foro exclusivo (será que é?) dos professores. Que se amanhem. Mas poder-se-á ser assim tão ligeiro; observando impávidos e serenos o quanto se passa? Está em causa a educação dum país. Ou devemos sempre e agora obediência a esse princípio (truncado e desvirtuado) “estão em causa os direitos (de alguns) dos cidadãos”. Mas que cidadãos? Dos que agora reivindicam, ou dos que educados precisam de ser?
Admita-se, na mesma onda, que as leis da República permitiam e deixavam a mesma margem de liberdade, por exemplo, aos Técnicos Oficiais de Contas, a quem, por certo, também não hão-de faltar razões – e boas! -, para reivindicar isto e mais aquilo! Admitamos ainda que estes profissionais deixam de assegurar o cumprimento das suas obrigações plasmadas em normas emanadas, umas da Assembleia da República outras dos governos da Nação.
Isto é, não cuidam de assegurar a cobrança de impostos; com direito à greve, ou sem ela (com férias até, ou sem elas!). Como pagaria o tesouro aos professores? E não só.
Admitamos ainda, que uma outra qualquer classe de profissionais perdia o sentido de responsabilidade – e vamos a um caso extremo; os médicos –, que a pretexto de uma qualquer razão, e por certo tê-las-ão também; estariam sistematicamente em greve. E se outras mais classes de profissionais, dessas que são estruturantes, dessem em andar agora e sempre em manifestações de desagrado (ou agravo), como seria este débil país?
Os professores terão as suas razões para procederem como têm procedido. Mas a questão é assim tão insolúvel? Respeitamos e prezamos estes profissionais, tanto mais que ficam à cabeça de uma vasta e complexa cadeia de valor, cujos resultados só são possíveis de mensurar ao fim de alguns anos.
Mas porque hão-de os professores ter privilégios, de que outros não gozam? Pensamos até, que de um modo geral, quem mais precisa de ser avaliado são exactamente estes profissionais, pese embora todas as vicissitudes por que passaram e passam durante a sua vida profissional. Mas é só e apenas esta classe profissional que passa as passas do Algarve? E os demais não são avaliados? Nem têm de dar provas de serem os melhores, se quiserem vencer! Ou somos todos uns medíocres?
Com toda a franqueza dir-se-á que o seu produto acabado - os alunos - quando posto em cotejo, com o de outros países (por onde já passámos) - sendo que a amostra tem sempre algum grau de subjectividade – os nossos ficam muito aquém, nomeadamente em educação comportamental. Muitíssimo aquém! Ou toda essa parafernália de atitudes bizarras que nos são dadas a conhecer no dia-a-dia pelos órgãos de informação, seriam possíveis se os professores não se demitissem do seu efectivo papel de ensinar. Ensinar até pelo exemplo! Em vez de educar, não se andará a deseducar?
Obviamente que nem todos os membros deste enorme grémio comungarão das práticas, excessivas (a nosso ver) protagonizadas pela classe. Mas há quem não saiba ler (professores até). Ou seja, lêem uma coisa e interpretam outra. Isto é saber? Mas há pior, há quem a pretexto de “ah! isto não é da minha área” não sabem coisa tão elementar como seja a tabuada. E, porquê? Porque aprenderam tendo por base as máquinas de calcular. E substituem estas, conhecimentos de base?
Meus caros, não somos moralistas - nem a isso aspiramos –, mas este país está uma lástima! Vomecês não vêm! Oxalá que tantas exigências não vos venham a sair caras. Por isso, declarem-se imbuídos de espírito construtivo, de exemplo irrepreensível, de coragem inabalável para que deixem herança aos vindouros.
E tenha-se sempre presente que são eles, os agora formação de carácter, de personalidade e de conhecimento, que hão-de pagar as vossas reformas. De que valerá reivindicar, mais e mais, se no final da cadeia de valor não tiverem meios que assegurem a velhice?
Leiria, 2009.01.20