Outra vez, desafios à Europa. Eleições. E, desde logo, ganha tomo na apreciação, uma primeira conclusão; a abstenção, recorde. Diz-se. Mas por quê?
Porque os candidatos são mais do mesmo. Porque falam numa linguagem hermética, logo ininteligível. Porque o eleitorado não acredita nesta forma de fazer política. Porque os cidadãos perderam o respeito pelos políticos, por cansados estarem de gritarias e conclusões vazias. Eventualmente!
Ainda assim, estas não serão as interrogações maiores. Poder-se-ão elencar outras. Portugal é um entre 27 membros que formam a União Europeia. Mas, em verdade, todos o sabemos que estamos numa união não una, antes estamos numa união com duas distintas correntes políticas e económicas. A União da indústria, e os outros.
A União da indústria tem à cabeça a Alemanha, a França, a Itália, a Espanha. Sendo certo que esta união à custa de tanto bem-estar, deslumbramento até, adormeceu. Ah! mas a tecnologia alemã é das melhores do mundo. E poderá ser (não temos assim tantas certezas) mas é cara quando posta em cotejo com outros espaços económicos onde se pode adquirir bens com iguais características e desempenho de satisfação a preços muito mais vantajosos.
A outra União, a da pequena industria, dos serviços e do lazer tem ela mesma meios de competitividade? E façamos de novo o paralelo com outros espaços económicos. Não tem
E, por sua vez, dentro desta está, a desestruturada união dos recém admitidos, que tem vindo a absorver significativas somas monetárias – com utilização com algumas com batota - com vista ao desejado desenvolvimento económico e social. E, não são eles mesmos factor de concorrência desleal, intra-pares?
E, numa apreciação crítica mais alargada. É a Europa da união concorrencial e competitiva com os outros mercados? Já vimos que não! Façamos então prévias conclusões. A Europa Comunitária já tem meio século! E, não tinham os EUA há dois séculos – que afinal foi ontem – só e apenas uns míseros 8% da riqueza mundial? E hoje, não vamos todos na sua roda?
E, esse outro conglomerado económico, a florescer sob a batuta do Brasil, o Mercosul, não é também uma potência emergente? E, a África que está a desabrochar. E o continente asiático que está a dar cartas ao mundo. Não são, pois, espaços a ter em conta na discussão, em matéria de política europeia?
Mas façamos de novo a agulha para Portugal. Os nossos eleitos têm defendido tão bem quanto deviam o seu país? Por exemplo, foram criados mecanismos de defesa, bastantes, à nossa pequena exportação? E foram resolvidos os problemas fiscais, tais como os mecanismos de liquidação do IVA (ainda hoje em regime provisório). E foi defendida uma política quanto à harmonização, no todo da Europa, quanto à tributação sobre o rendimento. Também não.
Em conclusão. Continua-se a agitar a bandeira de quem trouxe mais, ou quem menos apoios monetários trouxe de Bruxelas. Mas, isso também é o mínimo, porque o tecido económico não precisa de muito dinheiro. Precisa, isso sim, par ter actividades sustentadas, é de ser defendido de ácaros concorrenciais,
Por outro não foram, e são, as empresas subsidiadas com estabelecimento em Portugal, que esmagaram outras unidades de produção não subsidiadas, por absoluto descontrolados desses fundos, na formação de preços aquém dos reais custos económicos, às quais tudo foi permitido. Ou não foi?
A questão Europa, desafios, a nosso ver, mereciam uma discussão mais estruturada, mais responsável. Mais factual.
Leiria, 2009.04.19