Domingo, 19 de Abril de 2009

Outra vez, desafios à Europa. Eleições. E, desde logo, ganha tomo na apreciação, uma primeira conclusão; a abstenção, recorde. Diz-se. Mas por quê?

 

Porque os candidatos são mais do mesmo. Porque falam numa linguagem hermética, logo ininteligível. Porque o eleitorado não acredita nesta forma de fazer política. Porque os cidadãos perderam o respeito pelos políticos, por cansados estarem de gritarias e conclusões vazias. Eventualmente!

 

Ainda assim, estas não serão as interrogações maiores. Poder-se-ão elencar outras. Portugal é um entre 27 membros que formam a União Europeia. Mas, em verdade, todos o sabemos que estamos numa união não una, antes estamos numa união com duas distintas correntes políticas e económicas. A União da indústria, e os outros.

 

A União da indústria tem à cabeça a Alemanha, a França, a Itália, a Espanha. Sendo certo que esta união à custa de tanto bem-estar, deslumbramento até, adormeceu. Ah! mas a tecnologia alemã é das melhores do mundo. E poderá ser (não temos assim tantas certezas) mas é cara quando posta em cotejo com outros espaços económicos onde se pode adquirir bens com iguais características e desempenho de satisfação a preços muito mais vantajosos.

 

A outra União, a da pequena industria, dos serviços e do lazer tem ela mesma meios de competitividade? E façamos de novo o paralelo com outros espaços económicos. Não tem

 

E, por sua vez, dentro desta está, a desestruturada união dos recém admitidos, que tem vindo a absorver significativas somas monetárias – com utilização com algumas com batota - com vista ao desejado desenvolvimento económico e social. E, não são eles mesmos factor de concorrência desleal, intra-pares?

 

E, numa apreciação crítica mais alargada. É a Europa da união concorrencial e competitiva com os outros mercados? Já vimos que não! Façamos então prévias conclusões. A Europa Comunitária já tem meio século! E, não tinham os EUA há dois séculos – que afinal foi ontem – só e apenas uns míseros 8% da riqueza mundial? E hoje, não vamos todos na sua roda?

 

 E, esse outro conglomerado económico, a florescer sob a batuta do Brasil, o Mercosul, não é também uma potência emergente? E, a África que está a desabrochar. E o continente asiático que está a dar cartas ao mundo. Não são, pois, espaços a ter em conta na discussão, em matéria de política europeia?

 

Mas façamos de novo a agulha para Portugal. Os nossos eleitos têm defendido tão bem quanto deviam o seu país? Por exemplo, foram criados mecanismos de defesa, bastantes, à nossa pequena exportação? E foram resolvidos os problemas fiscais, tais como os mecanismos de liquidação do IVA (ainda hoje em regime provisório). E foi defendida uma política quanto à harmonização, no todo da Europa, quanto à tributação sobre o rendimento. Também não.

 

Em conclusão. Continua-se a agitar a bandeira de quem trouxe mais, ou quem menos apoios monetários trouxe de Bruxelas. Mas, isso também é o mínimo, porque o tecido económico não precisa de muito dinheiro. Precisa, isso sim, par ter actividades sustentadas, é de ser defendido de ácaros concorrenciais,

 

Por outro não foram, e são, as empresas subsidiadas com estabelecimento em Portugal, que esmagaram outras unidades de produção não subsidiadas, por absoluto descontrolados desses fundos, na formação de preços aquém dos reais custos económicos, às quais tudo foi permitido. Ou não foi?

 

A questão Europa, desafios, a nosso ver, mereciam uma discussão mais estruturada, mais responsável. Mais factual.

 

 

Leiria, 2009.04.19



publicado por Leonel Pontes às 12:34
Sexta-feira, 10 de Abril de 2009

“O que deu cabo disto foram as imparidades, essa coisa moderna que se lembraram de meter a atrapalhar as contas!” Expressões, mais ou menos assim, já ouvimos e lemos muitas, a gente dos mais diversos quadrantes; desde administradores, gestores, políticos e outros como se estivéssemos efectivamente perante uma coisa nova e moderna.

 

O neologismo, a meu ver, só veio pôr a descoberto que o importante não é o saber, é o ascender. E, desde que se ascenda a determinados cargos passa-se, a saber tudo, e de tudo e, desde logo, debitam opiniões, que poucos, ou ninguém mesmo, ousa rebater, acima de tudo porque parece mal questionar o Senhor fulano. E, sabem eles do que falam? De um modo geral têm uma vaga ideia sobre as matérias. E depois lá vem a sempre pronta reposta. “Tenho de ver lá, com os meus serviços!”

 

Foi o que aconteceu com as imparidades. A matéria já está mais do que madura. Casos há até em que já estava sorvada e por isso caiu de podre. Mas, os senhores gestores, não por razões contabilísticas, mas por razões económicas “por querer manter as contas entre determinados rácios” não quiseram dar atenção à coisa.

E são efectivamente as imparidades coisa nova no mundo das contas da finança, ou das empresas em geral? Não.

 

As imparidades, expressão anglo-saxonica impairement entram no léxico contabilístico mundial em 1998 por via da publicação, pelo organismo de direito, da IAS nº 36 (International Accounting Standard). Mas o que é de facto, uma imparidade. Uma imparidade ocorre quando temos num balanço um valor de um activo superior ao seu valor real ou efectivamente superior valor a ser recebido. Ou dito de outro modo, os valores do activo têm de estar relevados contabilisticamente a justo-valor. (um outro palavrão, a carecer de melhor interpretação)

 

Então porque é que as contas dos bancos, e não só, deram buraco? Porque não havia a certeza da quantia a receber pela coisa registada nas contas. Existiam prejuízos latentes. Foi o que aconteceu, com a banca ao financiarem bens cujo estavam valorizados por um preço superior àquele que efectivamente valia, ou seria recebido. Havia, pois que relevar nas contas essa diferença, essa imparidade, esse valor não realizável.

 

Mas, a questão não se resume, nem podia, a um breve texto. A questão é complexa e carece de estudo, muito estudo, da norma que regula a matéria. Por outro lado, poder-se-á argumentar “pois, mas no POC não estão lá escarrapachadas as imparidades. Pois não! Mas é princípio assente quando “a matéria não está vertida no POC ou nas Directrizes Contabilísticas, aplicam supletivamente as IAS”

 

E, à boa maneira portuguesa sempre se diz que, também queremos ir no pelotão, devemos de estar lá; mas para tanto é preciso pedalar. E isso ninguém quer fazer. E, depois lá vem o chavão: é a crise! Também é, mas os nossos gestores têm de saber mais, têm de fazer melhor. E, sobretudo têm de receber pelo que fazem, apenas por isso, ou por muito que façam justificam-se as absurdas remunerações que lhes dão. Cantando e rindo, sempre cheios de fé (talvez pelo efeito de osmose pela proximidade de Fátima), cheios de euforia, lá vamos na cauda do pelotão, sempre a dizer que somos os primeiros! Então e quem aprecia o andar da carruagem é cego!

 

Ah! E os casos na América? Pois, os casos na América foram todos eles por deliberado desrespeito às normas contabilísticas e à sua intrínseca mania de que são sempre os maiores na apresentação rácios de excelência; como de resto em tudo! E ninguém viu? Viu! Mas para receberem chorudos prémios de desempenho todos condescenderam, chutando a coisa para a frente, sempre na convicção de que atirar o lixo para debaixo do tapete alguma vez foi solução.

 

Leiria, 2009.04.10



publicado por Leonel Pontes às 19:42
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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