Quem nos vê, vê com os seus olhos, que vêem o que vêem! Podemos querer mudar-lhes a opinião, argumentando mais pra cá, mais pra lá - mas isso já é outra coisa -, daí que, podemos até ser entendidos como quem está a querer fazer os outros de burro. Não é?
Quem chega a Portugal, não deixa de ver o que vêem; assimetrias, tais sejam, as rodovias, os monumentos, a restauração e o mais.
Um dia destes tivemos visitas de estrangeiros, de país da União Europeia – e, a propósito são estrangeiros, ou o que são? Se já não fazemos exportações para os Estados-membros, mas sim transacções intracomunitárias, também as pessoas deixam de ser estrangeiros, para serem; o quê? –, que à medida que viam o país, vendo-o com os seus olhos iam exclamando.
As nossas rodovias merecem elogios, pese embora mais parecerem pistas de alta velocidade. Mas logo se vê que país parece ter mais solo ocupado com rodovias do que solos de cultivo. Por outro lado, vê-se que se desprezaram as rodovias do litoral, ditas “estradas das matas”.
E, de facto as estradas das matas estão em estado deplorável, e veja-se até o que acontece na ponte que assegura a ligação entre a praia de Vieira de Leiria e a Praia de Pedrógão. Cai, não cai, e assim está há anos.
É assim por todo o país, estradas caríssimas, de portagem ainda mais, a serem utilizadas por poucos. Enquanto isso, outras – as tais estradas das matas - estão ao abandono, isto é; com reduzidíssima utilização. Pudera, são autênticas ratoeiras!
Depois ao verem – a seu pedido - uma cidade que é património mundial e o seu ex-líbris o Palácio da Pena, qualquer olhar mais distraído, logo vê que é uma pena o estado de conservação do Palácio. Pinturas que já não são, paredes pejadas de musgos, o interior fechado às visitas, – quem quiser ver mais tem de comprar um DVD no free shope –, recantos cheios de toda a espécie lixo, porque não há zeladores.
Enfim quem nos vê até acha que bem poderíamos ser bem mais asseados. Mas cobram-se dez euros por visitante - ao que as nossas visitas disseram - o preço é bem “salgadinho”. Então, porque não se dá emprego, ou se põe mesmo lá esses que recebem do rendimento, a zelar por aquele património. E outro, por esse Portugal fora.
Depois, a restauração. Ou lavamos as nossas visitas a uma unidade de top e pagamos por uma só refeição o que daria para uma semana inteira, ou teremos de os levar a sítios mais espartanos. E, aí volta-se a ver miséria, casas de banho com um tremendo fedor a “mijo”, escaparates sem papel, funcionários a limpar os ouvidos com a ponta da esferográfica enquanto atendem.
E ao verem que têm ali estrangeiro logo se apreçam a puxar pela conta. Isso sem falar das faltas de parqueamentos a contento. Neste particular do “parqueamento” nem precisámos de ir mais longe, bastou sair à porta de casa para termos que andar quase por cima dos carros, uma indisciplina sem medida.
Pois, mas a autarquia legalizou o estabelecimento! Mas é assim, que queremos dar uma imagem de um Portugal moderno? Nós, pela força do hábito aceitamos tudo. Quer dizer! Aceitamos, respingando. Em vão, claro! Muito mais teríamos para botar na carta. Mas se, se quer que o nosso país seja um país de serviços ao turismo, como dizem ser essa a nossa vocação, então teremos que dar uma volta muito grande à coisa; de outro modo quem nos visita faz apreciações muito negativas do nosso país (que somos nós todos, porque sem cidadãos não há país).
E, havendo melhor é para lá que os turistas vão gastar os seus cobres. Até nós!
Leiria, 2009-10-25