Por muito que procure entender, não consigo perceber.
A caixa do correio tem afixado - e quando já não tem, já esteve -, uma ou mais sobrecargas informativas “publicidade AQUI NÃO”. E por mais avisos que sejam afixados, todos têm o mesmo destino; para além de desrespeitados, são arrancados.
Enquanto isto as inocentes caixas continuam a ser atafulhadas de papel que ninguém lê; pelo menos nós. Procurando pôr fim ao desmando – sim, porque o abusivo procedimento de um desmando se trata – interditamos as bocas, das ditas, com forte fita-cola. Uma só fica aberta para recepção de correspondência. Pura perda de tempo. As fitas também são arrancadas, e continuam a atafulha-las com quilos de papel.
E, eis se não quando, encontrámos por mero acaso ali uma diligente funcionária, sabe-se lá de quem, afogueando a caixa do correio, e dizemos-lhe “aí não ponha publicidade, obrigado”. Fez de conta que não ouviu, olhou-nos de soslaio e continuou a atacar papel em cima de papel. E voltamos a dizer: “não vê que isso está cheio e nós não queremos publicidade!”. Não ligou pívea ao que dissemos e avança para o prédio seguinte.
Em consequência, todas as semanas o serviço de limpeza retira das caixas de correio papelada que nunca mais acaba e enche farto saco com papel que é leva pró contentor do lixo, papel que corresponde a muitas árvores abatidas.
Compreende-se que quem distribui aquela futrica tenha que fazer aquilo porque contratada foi para o fazer. Como bem se compreende que aquele trabalho seja o seu ganha pão.
O que não se compreende, é que as empresas que assumem o serviço de distribuir porta a porta conteúdos publicitários, não entendam que devem dar formação aos seus colaboradores informando-os de que o seu serviço não é despejar toneladas de papel pelas caixas de correio, há quem não queira publicidade e nem tempo tenha para sistematicamente estar a desentupir as simpáticas caixas de correio que na sua incomensurável simpatia aceitam tudo o que pr’ali atiram.
Por outro lado sem pretender meter o nariz em ceara alheia, os ambientalista – que de algum modo todos somos – deveriam dar eco deste flagelo pedindo a quem de direito que se papel, que parecendo uma coisa barata e sem importância, é um desbaratar de uma matéria-prima caríssima e cada vez mais escassa.
Em conclusão “AQUI NÂO” é mesmo NÂO! Não queremos as caixas de correio cheias de lixo, que até poderia ser reciclado, mas nem isso é feito.
2010.09.28