Pede-me o “Diário de Leiria” que descreva uma ideia para Leiria. Uma ideia nada resolve! O mundo de hoje não se governa com ideias avulsas; é governado em rede. Assim sendo, como já escrevemos noutras ocasiões, Leiria precisaria de um debate de ideias, cuja agenda deveria ter à cabeça, equacionar um novo paradigma conceptual da gestão, não só no que tange à coisa pública, como também da actividade privada.
E porquê? Porque a actividade privada claramente está refém da actividade pública, e urge concatenar procedimentos “em rede” onde cada um faz a sua parte. Ou seja, tais procedimentos mais não seriam do que regras conceptuais para o desenvolvimento social com vista ao crescimento económico. Os tão apregoados simplexes o trâmite tem que ser inverso.
Não obstante a situação de crise, Leiria contribuiu, em matéria de impostos, com sensivelmente, 7% para o OE. Ora quem paga impostos, assegura salários, faz investimentos e negócios e gera emprego, tem o direito de exigir celeridade e desburocratização de processos.
Então, para que o tecido empresarial vingue e recupere a força muscular perdida e não sucumba às mãos da inclemente burocracia, não pode ser visto, permanentemente, como a galinha dos ovos d’ouro, a quem por tudo e para tudo, se lhes e pede dinheiro.
Outrossim, hoje, é ponto assente, que para além destes constrangimentos, o sector empresarial privado jamais conseguirá alavancar os seus projectos – a sua gestão – numa banca que também constrange a iniciativa privada.
Embora existe uma banca de apoio, o dito private banking na prática fica muito aquém das necessidades das empresas, mesmo disponibilizando serviços de gestão.
Ora, Leiria desenvolver-se-ia muito mais – assim nos parece – se tivesse no seio empresarial uma sociedade financeira local, que avaliaria as performances das empresas em toda a sua extensão; necessidades de fundo de maneio, necessidades de fundos de investimento, produção de bens, nomeadamente os de substituição de importação – e por estes benefícios económico-fiscais eram concedidos -
Em conclusão o empresariado com ideias, capacidade empreendedora, arrojo, gosto pelo risco, teria por interlocutor um único parceiro que monitorizaria a actividade e faria análise de risco em permanência fazendo soar as campainhas em tempo oportuno, obviando uma certa fuga para a frente já impossível de travar e com consequências graves para outras empresas periféricas e até mesmo para a sustentabilidade do emprego.
Portanto, uma ideia para Leiria consubstanciar-se-ia num debate, agora mais oportuno que nunca, abordando o sector empresarial privado, e o sector empresarial do estado e concomitantemente criação de um parceiro de financiamento e controlo de gestão. Que seja a figura do “accountability-bank”!
Leiria, 2010.10.06