Há, desde os governantes, passando pelo cidadão tido por político, até chegar ao comum, uma natural apetência para falarem das PMEs como se fossem (sejam) seus defensores; e estamos em crer que não estão mandatados para tanto. Mas mesmo sem mandato percebe-se por que tendem em falar destas.
É que “as pequenas e médias empresas representam na Europa 99,77% (99,91% em Portugal) do número total de empresas, empregando 67% da população activa (82% em Portugal) e contribuindo com 58% para o valor acrescentado bruto (68% em Portugal). Esta evidência é válida à escala mundial”.
“A importância das PMEs, nos países desenvolvidos, representa entre 80-95% do total de empresas, mesmo nos EUA, onde no período compreendido entre 1987 e 1997 ocorreu uma redução de emprego nas grandes empresas, cerca de 2 milhões de pessoas. Enquanto nas PMEs o mesmo aumentou em 16 milhões.” Face à evidência, é inquestionável a relevância económica e social deste tipo de entidades.
Mas, em boa verdade, o que se sente, por cá, é que para além do muito “blá-blá” não se consegue descortinar onde haja sido feito alguma coisa - não só para minorar a morte das PMEs; sobretudo para estimular e oxigenar este tecido empresarial em ordem à sustentabilidade dos empregos.
E nem estamos a pensar na questão do crédito. Aliás, está por apurar se o crédito é fonte de vida ou de “morte”. Quase nos arriscaríamos a dizer que os pequenos empresários o que na verdade são, são uns freelancer da banca. Poder-se-á censurar aqueles agentes económicos. Mas também eles, os pequenos bancos, à dimensão do país, são pequenas empresas financeiras.
A nosso ver o que os pequenos empresários precisam é de se congregarem em torno de um objectivo comum de sustentabilidade, em ordem a demonstrarem o seu peso económico e social, tornando-se (como são) num parceiro de negociação perante os governantes.
Em tempo recente acompanhando um pequeno inquérito local, de âmbito académico, levado a efeito junto de pequenos gestores de PMEs percebemos que o seu desânimo é elevado, revelando inclusivé distanciamento de questões como, sabe o que é o SNC. Ou, a implementação deste foi uma imposição governamental, ou comunitária? Ou, acha na contabilidade uma ferramenta de apoio à gestão? Ou ainda: acha que com o SNC tem melhor acesso ao crédito?
O que se percebe é que os gestores das PMEs têm de dialogar, quase em permanência, com “n” entidades o que retire tempo e até capacidade de discernimento para exercício da sua efectiva actividade, que, em princípio deveria ser coisa atractiva. Mas, em vez disso, o que a sua vida é, é uma verdadeira “chatice”.
Leiria, 2010.12.19