Não era uma festa, mas quase! Não se vendiam como quem vende pevides, mas quase! Não eram fabricados a granel, mas quase! A miudagem não enriquecia, mas quase! Não evitaram o encerramento da pequena olaria, mas quase! Todos queriam ter um porquinho-mealheiro para guardar os tostões.
Na generalidade, os pequenos cofres, porquinhos, eram de barro. A asada gretinha por onde haviam de passar as moedas lá estava como que a rir-se. Os avós davam, o padrinho dava, as visitas de casa davam. Havia um sentimento de dádiva como se fora um rito.
Dizem que o pai do porquinho foi um francês, evento que já vinha (já não vem, porque o costume morreu) do século XVII. E porque inventou esta forma? Diz-se que foi para homenagear o simpático mama-e-ronca como símbolo reprodutor; ou não fossem as marrãs (isto, também foi coisa que nunca percebi; se ao pai se chama porco, porque é que à mãe se chama marrã!) autênticas parideiras; às dezenas!
A verdade, tal como hoje a vemos, é que em poucos anos se perderam um série hábitos por amor a “n” princípios para os quais se encontram – com toda a facilidade – outras tantas razões. E, por isso, já não existem mealheiros, como não se fazem as caseiras engorda do tromba rija.
É certo que Sócrates, um dia resolveu deambular por uma feira – naquele tempo não existiam os big shoping – lá da sua urbe e enquanto isto o povo curioso perguntava saber o que fazia ali tão ilustre figura. Ao que o filósofo respondeu: “ando a apreciar tanta coisa que existe e não me faz falta!”
Contudo, aos tempos de hoje o mealheiro porquinho faz falta, o que não faz falta é o mealheiro do “telemóvel” usado a esmo. Bem como não faz falta o sofisticado mealheiro “cartão de plástico”.
Sem hábitos de poupança, qualquer que seja a política governamental não progredimos. Não seria melhor educarem os miúdos à poupança, aos comportamentos cívicos em vez de os levarem para festas de rua “manifestações” de escola?
Porquinhos mealheiros, fazem falta. Mas destes!
Leiria, 2011.01.26