Terça-feira, 08 de Fevereiro de 2011

O tempo – este tempo que é o nosso mundo -, nunca acabará; esta convicção todos temos. E, dos muitos triliões de criaturas que hão-de suceder-nos, com toda a certeza hão-de achar que muito, do que vão encontrar, são coisas estranhas à sua sapiência.

 

Aqui, no nosso local de reflexão, temos uma grande bola – um globo – mostrando todo o mundo. Porém, dizem que para além deste há outros; bem como se diz que para além desta vida outras existem.

 

Se assim é, é porque é! E, o que percebemos (o que percebo!) do mundo? Nada! Mas há coisas que não estão bem. Não há? Isso compreende-se, e bem.

 

Há tempo, já no século passado, mercê de uma função que tivemos (mas que não queriam que tivesse) formalmente demos posse a uma Senhora nas funções de Presidente da Autarquia. Vieram pessoas e pessoas de longe, como fora uma Senhora de nome Beleza, criatura de muita importância e influência.

 

Como no acto tínhamos de dizer umas palavras, e nem o nosso mundo, nem o nosso meio é uma beleza, pensámos em dizer coisas deste tempo e deste mundo. Centrámos a intervenção num conteúdo, que entendíamos fulcral e que entretanto demos á estampa, sobre o “endividamento geracional”. Se calhar dissemos mal, talvez não nos tenhamos feito perceber.

 

Mas o que queríamos dizer era, tão-só chamar à atenção para o baú das patacas que estava vazio e por muitos anos aqueles que nos vão sucedendo têm de pagar os nossos (meus não, eu avisei!) erros. Enganámo-nos?

 

No final disseram-nos umas coisas. Podia ter falado de outra coisa e, tal e coisa! Numa breve introspecção pensámos, como isto é coisa de mulheres poderíamos ter falado de flores, de cravos, rosas e quejandos. Mas flores? Mariquices!

 

Embora o tal mundo – globo -, redondo que temos (não é certo que o seja) por quanto Thomas Fridman escreveu numa interessantíssima obra denominada o “mundo é plano” aí evidencia que o mundo está a evoluir para uma nova “forma” e explica como e porque isso está a acontecer.

 

E o que diz o autor que mereça discussão à escala planetária? Diz-nos que (profundíssima reflexão, dizemos nós) “em África, todas as manhãs, uma gazela acorda. Sabe que tem que correr mais depressa que o leão tem de ser mais veloz, ou será morta. Todas as manhãs um leão acorda. Sabe que tem que correr mais depressa do que a gazela (mais lenta) ou morrerá de fome. Não interessa se és um leão ou uma gazela. Quando o sol se levantar será bom que corras"

 

Fridman recorre a este imagem para dar uma verdadeira lição de competitividade. E nós, viventes numa terra, num país, onde para além do tempo, também escasseiam capacidades e competências; à competitividade juntar-lhe-ia uma outra valência não menos importante a “estratégia”.

 

Sem estratégia, sem competitividades, sem rumo, ficamos à deriva e estamos desgraçados. Desgraçados repetimo-nos. Tenham paciência, mas as evidências não se desmentem. São axiomas! Não são “críticas”

  

Leiria, 2011.02.08



publicado por Leonel Pontes às 12:23
Segunda-feira, 07 de Fevereiro de 2011

Cada povo tem a sua história. Quais as suas origens, como e do vivem, como se organizam, que perspectivas de futuro, são sempre curiosidades. E, para melhor compreender a sua cultura nada melhor que a observação.

 

Decorria o Verão de 2001, família em grupo, partimos rumo ao Cairo. A civilização egípcia sempre nos suscitou curiosidade. As múmias, os sarcófagos, as pirâmides, os monumentos, o Nilo a eclusa, e a sua navegabilidade; tudo. Um mundo prenhe de história; a antiguidade oriental casada com a contemporânea.

 

Chegados ao Cairo, visto de cima; casas “aparentemente” inacabadas, os telhados eram espaços cobertos de toda a espécie de utililidade que ali armazenadas. Em terra, tudo surpresas e admirações; trânsito sem ordem, buzinadelas a eito, gente aos milhares que “parece não dormir”.

 

Às oito da manhã houve-se o trabucar do martelo, ao meio dia o martelar contínua, à meia-noite o martelo ainda prega, às oito da manhã do dia seguinte, o trabuco continua a ouvir-se. A cidade não pára, não dorme, o movimento é contínuo.

 

Conhecer a cidade é obrigatório. Negócios e tudo se negoceia; o “velho” que está nas pirâmides só faz a “picture” para a história se for pago. Bustos de “toutankamon”, miniaturas das pirâmides, tudo aos mais variados preços.

 

A visita ao museu, a história de cada faraó, as múmias e o estado de conservação, ou de não, a grandeza das obras inacabadas, ou o que resta delas? Os obeliscos, a sapiência da engenharia de antanho. Mas a fome de tanto palmilhar, começa a apertar.

 

Algures, nos subúrbios e bem subúrbios, ruas que nunca viram alcatrão, sem ordem, sem sinalização. Enfim! “É aqui que vamos comer”. Entrámos na tasca, quem vai de férias pra restaurantes nada vê, continua a falar pelo que ouve dizer.

 

Sentámo-nos e começámos por perguntar o que havia para comer. Entre o mais, havia como entrada, acompanhamento e sobremesa, umas “tortas de pão” baixinhas em jeito de bolacha, quentinhas barradas com manteiga de alho (será que era?) Uma delícia.

 

Recompostos, saímos em sentido contrário à entrada. Lá estava o minúsculo forno, de produção em série. Conjuntamente, uma “espécie de maceira”. O padeiro fazia as tortas à medida que os pedidos chegavam. Amassava o pão, enfornava-o, calafetava o forno e não havia perdas de tempo. Os clientes tinham de ser servidos!

 

Logo ao lado da maceira, um outro recipiente no qual o padeiro chafurdava – com as mesmas mãos, e como o asseio que se pode imaginar - uma massa estranha “excremento de camelo, ao que nos disseram” com o qual calafetava as fissuras que o calor ia abrindo no forno.

 

 Nada de novo, afinal. Lembrei a velha Cândida vinda lá do norte de Portugal há bem mais de meio século que percorria os caminhos do campo para apanhar a bosta de vaca para com ela calafetar a boca do forno. E dizia, assim a broa é mais saborosa. O calor não foge!

 

Então, como hoje, como sempre será, o que é preciso é que haja pão. As técnicas com que é produzido pouco interessam. Haja farinha!

 

Leiria, 2011.02.07



publicado por Leonel Pontes às 14:22
Segunda-feira, 07 de Fevereiro de 2011

 “No livro verde promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas, de 2001, a Comissão Europeia convida os poderes públicos a todos os níveis, incluindo as organizações internacionais, as empresas – das PME às multinacionais – os parceiros sociais, as ONG’s bem como todas as partes envolvidas ou pessoas interessadas, a exprimir a sua opinião sobre a maneira de construir um partenariado destinado a erigir um novo quadro favorecendo a responsabilidade social das empresas”

Na sua esteira, o então Secretário-geral da ONU “Kofi Annan” pronunciou-se sobre a “responsabilidades social”, numa declaração intitulada “Pacto Global”.

 E tantos mais se têm questionado sobre tão candente realidade. Mas em concreto o que é a responsabilidade social? Será um meio de retribuir alguém, ou quem, procurando alterar comportamentos, hábitos, costumes dos cidadãos, ou memo de uma região. 

Há, começa a ficar arreigada a ideia de que a responsabilidade social é coisa que cabe em absoluto às empresas, como se estas fossem pára-raios 

Nunca se falou tanto em responsabilidade social como agora

A União Europeia bem quer, e poder-se-ia dizer; e nós também. Mas para além dessa vontade o que tem feito a União para a construção de uma União que uma económica e monetariamente uma Europa socialmente coesa e sustentável?                        

Leiria, 2011.02.07



publicado por Leonel Pontes às 11:23
Terça-feira, 01 de Fevereiro de 2011

 

“N” definições existem para caracterizar “jovem” sendo que o termo, por princípio, vem associado a mocidade, a puberdade, a imaturidade; e outros.

 

Mas jovem também é sinónimo de “juventude” a que sempre se associa um outro termo, o de “sangue na guelra”. Seja qual for a juventude, parecendo coisa cíclica – que não é! -, infelizmente é finita. Isto é, deixa de o ser; tem o seu tempo de vida. Morre, ou seja  nada melhor (ou pior?) para curar a juventude que o tempo.

 

Com efeito, junto dos amigos – dos jovens do meu tempo - que a espaços encontro, logo dizem; Eh, pá tens bom aspecto! Se tivesses cabelo parecias outro! –, sendo que nunca me queixei nem da juventude passada, nem do aspecto, nem da calvice -, ao que invariavelmente, sempre respondo: o meu (o nosso) mal é que temos muita juventude acumulada.

 

Por isso, todos devemos encarar o futuro – e o nosso é sempre aquele em que nos deixam e podemos contestar os efeitos sociais – com jovialidade, com determinação, com azimute, contrariando as articulações presas, a memória que se vai varrendo, a agilidade que entra em repouso. E o mais!

 

Mas quem tem muita juventude acumulada deve entregar-se à madorna? Não terá um acervo de conhecimento valioso, o qual pode ser útil a outras juventudes? Claro que sim! Temos um acervo de conhecimento de saber-feito, de estudo acumulado, quiçá de erros cometidos, de decisões mal ponderadas, de sacrifícios incorridos, isto é; temos passado, temos história e por isso poderemos ser futuro.

 

Daí que, em conjunto – como sempre entrosei com os meus filhos – poderemos fazer uma simbiose entre os activos educacionais, técnicos, científicos (financeiros até) entre as várias juventudes. Mas como trilhar a jornada? Através da troca de impressões, de saber ouvir, do saber falar em conjunto. E onde? Nos organismos associativo-sociais, nas escolas, nas universidades, nas associações académicas, nos locais de trabalho. Onde for! 

 

Os tempos não correm de feição, as promessas foram “sonhos”, as iniciativas “invernam” e o futuro corre para a “penumbra”. Não há Sol que aqueça os ânimos. E assim sendo direi que, sempre estarei – como sempre estive – disponível para dar contributos em ordem a tornar este mundo infernal, quizilento, conturbado e “agreste” mais aliciante, com mais luz ao fundo do túnel, mais promissor. Com futuro.

 

Ultimamente tenho falado mais com jovens e dou conta que não têm rumo a contento. Estão, senão desesperados, pelo menos desamparados, as instituições públicas não reconhecem mérito nem importância à juventude de hoje, vêem-nos com mais um número fiscal a quem cobrar (ou sacar?) impostos. Nada mais! Como gostei de ver e perceber o modelo “contributivo-fiscal” dos jovens Noruegueses.

 

Pelo caminho em que vamos – em que vão os jovens de hoje, não serão mais do que uma, duas, ou mesmo  três gerações perdidas. O meu grito de Ipiranga será, “jovens” organizam-se, tornem-se mais solidários, promovam civicamente a discussão do vosso futuro, empenhem-se nas tarefas que abraçam, pensem no amanhã que já começou ontem.

 

Tenham, contudo, sempre presente que os tempos passados sempre foram os piores.  

 

Leiria, 2011.02.01



publicado por Leonel Pontes às 09:21
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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