Segunda-feira, 25 de Abril de 2011

Todos gozam connosco. É caso para perguntar; mas a nossa vasta classe política não lê a imprensa estrangeira, não vê telejornais editados noutros países, não vê a CNN?

 

Portugal tem sido manchete pelo mundo fora. Embora, se somos, tembém é porque passado. Não poderemos ignorar que já fomos úteis ao mundo. Demos exemplos de coragem e de saber; abrimos portas.

 

Martin Page, jornalista inglês, desaparecido há algum tempo, deu aos olhos do mundo uma interessantíssima obra, cujos protagonistas são os portugueses e Portugal. Obra que vindo da pena de um inglês é obra, denominada “A Primeira Aldeia Global”. Diria que esta é de leitura obrigatória para qualquer português.

 

Entre o mais, aquele antropólogo, do que investigou para caracterizar os portugueses, deixou bem vincado que este povo foi pioneiro na “globalização”, ao que Camões já dissera que demos novos mundos ao mundo. Foram as nossas descobertas, o arrojo dos nossos antepassados que fizeram a nossa história. E, é por essa história que ainda hoje somos conhecidos e respeitados.

 

Todavia, nos últimos tempos não temos feito outra coisa que não seja borrar a pintura. E parece que estamos apostados em acabar com Portugal. Este país, de abnegados navegantes, à beira mar plantado, serve para tudo e a todos, menos para voltarmos a dar exemplos nas artes quaisquer que elas sejam.

 

Então qual é o nosso calcanhar de aquiles. É a nossa incapacidade para a governação. Então do que precisamos, de um governo que governe. Mas de um governo que seja uma pequena equipa, à dimensão do país. Dir-me-ão, mas tê-lo-emos dentro em breve após mais um acto eleitoral.

 

O problema começa mal logo aí. Alguém, poderá explicar por que necessitamos de governos que mais parecem exércitos. E, há alguém neste país que consiga explicar por que razão precisamos de um regimento de deputados.

 

Com efeito, perante o que se perfila não haverá condições para que tenhamos um governo de gente com tento. E quem poderá agarrar o timão, pondo ordem na casa? O Presidente da República fazendo jus ao seu papel, sem dar nas vistas como gosta. E achamos bem.

 

Assim perante a crise que não pára de se agravar, deverá o Presidente da República, num estado de excepção, nomear um primeiro-ministro equidistante da rapaziada que por aí anda apregoando loas, de um primeiro-ministro que constitua um governo de verdadeiros gestores. Um governo que efectivamente governe, o qual a Assembleia da República acompanhará, não mais do que isso.

 

Ouçam lá! Não acham que a vinda da troika de técnicos, dita de FMI, é deprimente para Portugal. Nós que demos novos mundos ao mundo, nós que deixámos a ensinança pelo mundo fora, nós que somos tão bons como os bons quando enquadrados em equipas superiormente derigidas, porque havemos de ser subestimados no nosso próprio país?

 

Por favor deixem de ser teimosos, orgulhosos, sobranceiros e, por vezes, burros até.

 

(Expo Lisboa), 24.04.2011



publicado por Leonel Pontes às 00:20
Quarta-feira, 20 de Abril de 2011

Os finlandeses, com toda a certeza, andarão de orelhas quentes, dizendo para com os seus botões “e os maus somos nós!” Como se sabe, a Finlândia é um país novo, ainda não tem cem anos. O povo finlandês lutou, emancipou-se, disciplinou-se e mesmo depois da independência teve de voltar a lutar contra os invasores russos. Hoje são um povo que vive com prosperidade.

 

Numa das vezes que estive naquele país à mesa de jantar com certa personalidade da vida pública desportiva, na sua imensa satisfação, dizia “aqui neste edifício, esteve alojado o headquarters russo durante a invasão. Corremos com eles!”

 

Enquanto isto, o país organizou a sua força de produção e veja-se como exemplo que, de uma fábrica de madeiras, cresceram tecnologicamente para os aparelhos de telecomunicações de topo de gama, cuja empresa alimenta (eticamente e sem subterfúgios) parte significativa do orçamento daquele país.

 

Mas perguntar-me-ão. Tenho eu mais simpatia pelos frios finlandeses do que pelos emocionalmente quentes portugueses? Claro que não. Mas não posso deixar de reconhecer que a Finlândia criou uma soberba cultura de organização industrial, enquanto nós portugueses criámos uma cultura do laissez-faire. Ou é mentira?

 

Enquanto a capital Helsínquia está toda esquadrinhada com ciclo vias, que todos utilizam, até de fato, laptop no suporte, nós por cá, qualquer “azeiteiro” director aí de uma treta qualquer, julgando-se um VIP é transportado no banco de trás de viatura com vidros escuros e motorista a expensas do orçamento do estado.

 

Enquanto lá se poupa em tudo o que é combustível, os nossos decisores políticos por obediência a sondagens do voto, fazem estradas e mais estradas onde se consomem milhões de litros de combustíveis, já para não tecer consideração sobre os milhões de automóveis que se apinham, batem e causam avultados custos.

 

E quem vai pagar doravante a conservação de tais infra-estruturas, posto que a construção foi a expensas dos fundos da mesma União Europeia. Onde estão as nossas redes de transportes públicos? Como vão conciliar esta dissonância?

 

Mas os finlandeses aderiram à EU? Pois sim, e por isso têm obrigação de ajudar quem gasta a esmo? Tal facto dá direito a alguém para impor seja o que for. Se fossemos nós portugueses, andaríamos a trabalhar de “sol-a-sol” para por a massinha nas mãos de uns figurões? E, isso dá-nos o direito de dizer que tem de haver mais imaginação!

 

E porque é que os portugueses não hão de ter eles mais imaginação? Porque não tiram a cuzinho da cama, a perninha da esplanada, o quadril do bronzeado, abdicam das férias sem limites, etc., etc., e não se agarram ao verbo?

 

E onde estão os nossos desempregados? Sim, se queremos desenvolver a agricultura temos de mandar vir força de trabalho da Tailândia. Mas temos, ou não temos desempregados?

 

Já sabemos que a UE não está organizada como deveria, mas daí a pedir-lhes que paguem as nossas contas vai uma longa distância.

 

Leiria, 2011.04.20



publicado por Leonel Pontes às 16:24
Domingo, 17 de Abril de 2011

Pode parecer uma "estória", mas é um quadro real ao qual eu como outros, presenciámos. Ao tempo – já não sei há quanto – o insólito facto poderia ter terminado num acontecimento de tragédia.

 

Brincalhão, com era seu estilo e voz inimitáveis, donde sobressaía a laracha, por vezes mordaz, de quando em vez tocado pela pseudo-felicidade de uma ou outra prova do néctar de Baco mais prologada, entrou “café” adentro e disse uma graça, ao que um dos presentes não achou piada.

 

O ofendido, em consequência, sacou do bolso de uma arma de fogo e apontou-a ao Fernando. Diremos que, se tal atitude tivesse por protagonista um outro dos presentes, ficaria petrificado, sem pinga de sangue.

 

Contudo o ameaçado, o Fernando, em riso – à sua maneira – não temeu o malandro e soltou um “aí de ti se tu falhas...!”. E continuou em risada, e o acontecimento passou do temor à graça. O que poderia ter sido um crime, resultou numa cena hilariante que merecia ser contada, agora que já passaram muitos anos, de uma forma minuciosa daria uma narrativa descritivo-social das melhores que a língua portuguesa alguma vez glosou.

 

Jamais pensei que um dia precisaria de tal quadro para ilustrar acontecimento recente que se não é uma cowboiada, parece. E deiamos contexto aos factos.

 

Portugal aderiu à comunidade europeia no pressuposto - pelo menos assim foi vendida a ideira - traria abastança, felicidade, prosperidade, dinheiro, tudo para que um português de bom gosto passasse a sentir-se, não em consciência, mas em profunda inconsciência. Sedado.

 

E foi isso que aconteceu, inebriados andámos durante anos, cujos efeitos nos levaram praticamente ao coma.

 

A Europa, também ela embevecida, sem rei nem roque (embora parecendo que os tinha), deixou que todos – todos, é como quem diz; sempre deixei testemunho do regabofe, quer pela palavra quer pela pena – dessem largas às suas pseudo-alegrias, às pseudo-felicidade, bem como esquecendo-se que a prosperidade, como bem no-lo deixou dito, Peter Drucker, não se herda, antes se constrói.

 

Entretanto, agora, de supetão, a inconsciente Europa, para quem trata Portugal como se fosse um desconhecido, vem apontar-lhe a faca ao peito. Onde está a tão apregoada solidariedade?

 

Sem mais delongas, à inconsciência dos contendores poderíamos dizer, como meros voyeurs,  “aí se vocês falham!” A queda de Portugal, se outro mérito não teve, no mínimo teve o de por a nu a fragilidade da (des)União Europeia.

 

Quem assiste a dramas jamais poderá ver os seus actores como gente de sanidade mental. E, por isso, à falta bom-senso, é expectável que tragédias aconteçam mesmo.

 

E, meu caro Fernando tu que foste um mestre na arte de trabalhar o mármore, tu que (à tua maneira) foste um bom vivant, tu que foste um homem a quem, ouso recorrer a uma das tuas muitas “cenas” hilariantes, pela postura que sempre tiveste perante a vida, mereces-me ser recordado para ilustrar este quadro que jamais verás.

 

Onde quer que estejas, desejo-te PAZ. Nós, neste mundo, estamos todos rotos. E o mal comportado, eras tu! Isto por cá anda tudo em guerra, só visto!

 

Monchique (Algarve), 17.04.2011



publicado por Leonel Pontes às 20:08
Quinta-feira, 07 de Abril de 2011

 

Humildemente peço perdão. Sou assim, já não posso ser outra coisa, pese embora em toda a minha vida ter procurando observar princípios éticos. Mas, chegados ao estádio onde nos encontramos não posso deixar de reler os textos que dei dados à estampa, e/ou no meu blogue.

 

Sempre disse que caminhávamos para o abismo, sempre disse que pelo caminho trilhado não chegávamos a lado nenhum, sempre disse que estávamos a constituir endividamento geracional, sempre disse que estávamos falidos (eu, vocês, os ricos, os bancos, o país; todos.)

Porem jamais poderia ter a pretensão de ser ouvido, neste caso lido. Menos ainda poderia esperar que alguém neste país de eruditos estivesse à espera dum plebeu para pedir-lhe conselhos de salvação nacional.

Mas se, se quiser vejam-me assim, pela irreverência, nunca deixei de opinar e trabalhar no sentido de encontrar novos rumos, por vezes senti-me inconveniente ante pardas sapiências.

O certo é, pese embora o meu esforço - pode ser presunção minha -, nunca vi que tais sapiências fizessem alguma coisa de válido, aliás uma negativa comportamental, posto que para que um válido faz alguma coisa de útil terá de ter sempre por perto outro válido.

Saindo da nossa pequena escala de cidade de província, que ainda assim é das mais desenvolvidas do universo português, o que vejo é uma tremenda lástima. Mas será culpa minha, ou por não saber fazer correctas leituras, ou por querer de mais do que o país pode dar.

O certo é que o país deu o que não tinha. E ao que chegámos? Inevitavelmente à falência, à bancarrota.

Temos assistido a uma autentica cowboiada do vem o FMI, não vem, pedimos dinheiro à EU, não pedimos, e tudo o mais que escuso de por na carta.

O que se sabe é que enquanto isto tudo se degradou. Sem dar conta a Administração Portuguesa, cada vez mais, colocava-se sobre no fio da navalha.

E o que vemos? A banca estrebucha - ao que direi - no seu estertor da morte. Não só a banca como outros agentes que já procuram apoio financeiro externamente, encostaram-se demais ao Estado colocando os ovos numa mesma galinha.

E, o que era expectável aconteceu. A galinha em vez de aquece-los, andou de saltito em saltito, espanejando-se por aqui e por ali, arrastando a asa a uns e a outros, e as ninhadas por sucessivas posturas saíram todos goles. Produção zero.

Bem, agora temos as contas para pagar. E o que está acontecer?

Os bancos não recebem do estado o que emprestaram. O serviço da dívida vai em queda acelerada para a alcrecava. O país faliu, a banca faliu, as famílias faliram, o cidadão está descrente e ou muito me engano ou durante a campanha eleitoral prestes a iniciar, vai ser animada pelos estouros – que nem sapos – dessa banca que não soube colocar os seus capitais, os capitais dos cidadãos, onde o deveria de ter feito; na produção.

Humildemente, pois, peço-vos perdão, mas tinha que dizer isto. E, infelizmente é que volto a ter razão.

Falta-me dizer ainda que a UE tal como está organizada em vez de ser uma tábua de salvação para os países, será a tábua da morte. Se as juntarem hão-de fazer um bonito enterro!

Paz à sua alma.

 

Leiria, 2011.04.07



publicado por Leonel Pontes às 19:36
Domingo, 03 de Abril de 2011

Anda tudo aflito; em crise! Hoje parece que coisa se agudizou, coisa que já não se soubesse. Exactamente hoje, domingo, a imprensa veio dizer que empresa “Metro do Porto” está falida, sem dinheiro e sem crédito e com contas à bica para pagar à banca. Têm uma dívida, superior a 2,5 mil milhões de €uros. A meus olhos, isto não foi novidade nenhuma. E porque?

 

Porque de há muito, que o sector público está falido. Mas ninguém quis ver, ou no mínimo ninguém quis por ordem na situação; andaram a “encanar a perna à rã”. Foi o que foi!

 

Aliás a questão resolvia-se numa penada, bastava que, quem tem governado o país soubesse o mínimo de gestão. Bastaria que as contas do país fossem consolidadas, como sempre dissemos, através de um pequeníssimo centro de tratamento de dados por via da implementação do POCP – Plano de Contas para o sector Público.

 

Preferiram enganar-se. E, em consequência o governo caiu tendo por base o axioma de “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. Portando, agora o que está por saber é se a medida do Senhor Presidente da Republica em dissolver a AR deveria ser tomada, tendo por base as razões em que o foi.

 

O que se sabe, é que agora estamos mesmo em crise, a pretexto, ou em obediência à democracia. Mas o que é a democracia? Sem que expliquem outro conceito, é um comportamento social de tendência pró-colectivo.

 

Perdoe-se-me a frontalidade; mas democracia por enquanto ainda não é nada. Façamos uma breve análise da coisa.

 

A democracia não é um regime político, menos o é um modelo de gestão. A democracia é, isso sim, tem sido entre nós, uma máquina poderosa que destrói, corrompe, descredibiliza e promove inaptos. Não tem sido, como o deveria de ser o trabalho de alguns para todos. Antes tem sido o trabalho de todos para alguns.

 

E, em consequência, os medíocres – os amigos dos amigos - tomam conta do poder, não trabalham, não produzem e gozam com os que produzem. No fundo temos vindo a produzir a “eneficiência” em vez da “excelência”. E fiquemo-nos por aqui.

 

Com efeito, a medida do PR, bem contra o que seria desejável, vai no sentido de abrir uma profundíssima crise. Ressalvando o pensamento diremos que só muito dificilmente não será assim. Mas tudo se encaminha nesse sentido. E porquê?

 

As máquinas partidárias, as trituradoras e os fazedores da opinião estão preparadas para se digladiarem. E, os cidadãos debaixo da emoção vão ficar ainda mais confundidos. E se não ficar tudo na mesma, ficará muito próximo disso. Ou seja, o país vai gastar dinheiro que está a fazer falta noutro lado, e as sondagens, como já se percebeu, dizem que tudo vai ficar na mesma.

 

Ora, como nenhum dos dois partidos (PSD e PS só diferem na verve) vai ter maioria, sobretudo maioria de razão de ciência ou de conhecimento; quem se vai saír mal na fortografia é o Senhor Presidente da República.

 

E, o que poderia fazer? Era preferível que a legislatura tivesse chegado ao fim. Daí que só poderá ter criado condições para a sua renuncia. Ou como vai lidar com uma situação explosiva, não havendo dinheiro, não havendo consciência política – perdoem-me mas é assim - vão continuar as greves, os desentendimentos que cada vez mais empobrecem o país.

 

E o que acho eu disto! Acho bem que vai haver banca rota. E porquê. Porque o país tem sido governado - desde o 25 de Abril - por uma chusma sempre em crescendo de acomodados à cadeira pública como se fossem os donos da bola, sempre com o fito de “a mim têm de me pagar salários e reformas chorudas!”

 

Mas, agora a coisa está feia. Quem lhes pagará? Quem viveu bem, que se congratule com a sorte que teve. O seu tempo do fazer pouco, do entrar tarde e cedo sair, do atrapalhar quem trabalha, do criar entropias a todo o passo, sempre a pretexto que estamos em democracia, agora quem lhes vai pagar? Estou para ver como é que a coisa vai acabar!

 

 Leiria, 2011.04.03



publicado por Leonel Pontes às 16:26
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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