Todos gozam connosco. É caso para perguntar; mas a nossa vasta classe política não lê a imprensa estrangeira, não vê telejornais editados noutros países, não vê a CNN?
Portugal tem sido manchete pelo mundo fora. Embora, se somos, tembém é porque passado. Não poderemos ignorar que já fomos úteis ao mundo. Demos exemplos de coragem e de saber; abrimos portas.
Martin Page, jornalista inglês, desaparecido há algum tempo, deu aos olhos do mundo uma interessantíssima obra, cujos protagonistas são os portugueses e Portugal. Obra que vindo da pena de um inglês é obra, denominada “A Primeira Aldeia Global”. Diria que esta é de leitura obrigatória para qualquer português.
Entre o mais, aquele antropólogo, do que investigou para caracterizar os portugueses, deixou bem vincado que este povo foi pioneiro na “globalização”, ao que Camões já dissera que demos novos mundos ao mundo. Foram as nossas descobertas, o arrojo dos nossos antepassados que fizeram a nossa história. E, é por essa história que ainda hoje somos conhecidos e respeitados.
Todavia, nos últimos tempos não temos feito outra coisa que não seja borrar a pintura. E parece que estamos apostados em acabar com Portugal. Este país, de abnegados navegantes, à beira mar plantado, serve para tudo e a todos, menos para voltarmos a dar exemplos nas artes quaisquer que elas sejam.
Então qual é o nosso calcanhar de aquiles. É a nossa incapacidade para a governação. Então do que precisamos, de um governo que governe. Mas de um governo que seja uma pequena equipa, à dimensão do país. Dir-me-ão, mas tê-lo-emos dentro em breve após mais um acto eleitoral.
O problema começa mal logo aí. Alguém, poderá explicar por que necessitamos de governos que mais parecem exércitos. E, há alguém neste país que consiga explicar por que razão precisamos de um regimento de deputados.
Com efeito, perante o que se perfila não haverá condições para que tenhamos um governo de gente com tento. E quem poderá agarrar o timão, pondo ordem na casa? O Presidente da República fazendo jus ao seu papel, sem dar nas vistas como gosta. E achamos bem.
Assim perante a crise que não pára de se agravar, deverá o Presidente da República, num estado de excepção, nomear um primeiro-ministro equidistante da rapaziada que por aí anda apregoando loas, de um primeiro-ministro que constitua um governo de verdadeiros gestores. Um governo que efectivamente governe, o qual a Assembleia da República acompanhará, não mais do que isso.
Ouçam lá! Não acham que a vinda da troika de técnicos, dita de FMI, é deprimente para Portugal. Nós que demos novos mundos ao mundo, nós que deixámos a ensinança pelo mundo fora, nós que somos tão bons como os bons quando enquadrados em equipas superiormente derigidas, porque havemos de ser subestimados no nosso próprio país?
Por favor deixem de ser teimosos, orgulhosos, sobranceiros e, por vezes, burros até.
(Expo Lisboa), 24.04.2011