Domingo, 26 de Junho de 2011

Para a crónica de hoje achei por bem abordar o homem; o homem que aprende, ensina e prepara um novo homem para a vida.

 

O homem que não pára de envelhecer; uma velhice que deveria ser fonte de reflexão, porquanto encerra em si inesgotável fonte do conhecimento; riqueza acumulada na ilimitada plasticidade do cérebro.

 

Preocupações novas, sempre velhas. Já por volta do ano 100 a.C. (Antes de Cristo) Cícero cidadão e filósofo grego deu à discussão um texto onde questionava inúmeros dilemas que se põem ao homem na sua velhice.

 

O homem que se tem preocupado em cuidar (remediar) apenas das coisas imediatas, descorando com as consequências daí advindas do seu próprio final de linha.

 

E com o que se tem preocupado? Apenas e tão-só com a manutenção do corpo, ao que se convencionou chamar gerontologia. Mas o fim de linha do homem deve e pode ser melhor aproveitado pelo outro, o homem em construção invertendo constructos de qualidade, mas também e sobretudo os de qual idade?

 

Dois mil anos depois do filósofo Cícero, veio em meados do século passado o alemão Erik Erikson, mais tarde naturalizado americano, apresentar a sua visão sobre o homem em fim de linha, com a revolucionária teoria do desenvolvimento psicossocial de “geratividade”.

 

Nesse desenvolvido estudo o especialista concluiu que a geratividade é uma reacção à estagnação “de certa maneira, podemos dizer que geratividade é o tempero que a idade traz para fazer florescer e redireccionar um conjunto de competências profissionais e pessoais desenvolvidas no ambiente de trabalho”.

 

Ora o que temos dado conta é que a sociedade está cheia de cidadãos que foram “compulsivamente” reformados, esquecidos e enquadrados numa outra sociedade “emprateleirados” tornando-se desde logo uma fonte de custo, quando poderiam ser não uma fonte mas o poço de proveitos para o país. Não há contudo essa visão na sociedade portuguesa.

 

Dir-se-á, com efeito, que o país é rico em activos humanos – vasto acervo de conhecimento – que estão (vão e são desperdiçados), não aproveitados, nem aproveitando a ninguém, menos ainda à sustentabilidade do país.

 

Tais “desorganizações” são pesadas às gerações futuras porquanto atiram os mais velhos para a gerontologia em detrimento de uma geratividade necessária, saudável e de extensão social.

 

Este é um dos nossos grandes problemas com peso financeiro, mas também e´ um ponto de vista, o meu, vendo a meus olhos uma vida de pseudo qualidade em detrimento de uma vivencia de qual a idade?

 

Leiria, 2011.06.26

 

 



publicado por Leonel Pontes às 11:00
Quinta-feira, 23 de Junho de 2011

O Rei Midas é uma história, um mito; ou uma história dum mito? Quantos ensinamentos os gregos de antanho deixaram ao mundo! Páginas de saber e de sábios. Tantos que deveriam ser vistos como um inestimável acervo de história e axiomas desenvolvimentistas.

 

Porém a Atenas de hoje pouco ou nada é respeitada no seu saber, e de um colosso do conhecimento descarrilou e colocou-se num humilhante papel de pedinte. O que diriam, hoje, os guerreiros daquele tempo, inclusivé os sofista da retórica?

 

Porventura diriam “mas onde foi parár a democracia que tanto nos custou!” E mais diriam: "pior que a inexistência desta é não ter crédito e cair em descrédito!”. Após três décadas de União Europeia, onde era suposto residir um novo Rei Midas da era moderna, deste cavalo estão a tombar para o abismo.

 

A confusão, a balbúrdia, a desordem, o descrédito, a falta de crédito impelem-nos à queda. Mas também a falta de um plano de contingência - para todos os membros da União - estruturado em tempo de paz (em tempo de actividade normal) são notórios. Daí que se promovam reuniões de emergência, de salvação, como a que vai ocorrer hoje em Bruxelas.

 

Para além de um mundo de convenções, este - o nosso -, é o mundo dos mitos; sobretudo é um mundo sem rumo. É duro dizer isto, mas é a verdade! Quem diria que havíamos de chegar a um tempo sem figuras de proa? Quem é a referência da Europa? Uma senhora com ar de cozinheira vinda de há pouco dum leste que ainda há dias sonhava com democracia! Quem mais.

 

Por muito que queiram ensinar – a correr – todo um povo de uma Europa governada à trouxe-mouxe, em nada vai adiantar nesta União sem união, sem liderança e decadente. De que servem lições motivacionais se vêm sempre acompanhadas de toques de midas. Que resultados poderemos esperar?

 

Infelizmente, não são só os gregos que desceram do pedestal do saber e da abundância. Também nós portugueses que demos novos mundos ao mundo, também nós que temos passado e história estamos a perder uma cavalgada  – como há pelo menos três décadas dizemos; escrevemos – que faria corar de vergonha o Dom Fuas Roupinho. Pese embora se haver salvo, inextremis.

 

Dados ao desenrasque, ao exercício do equilíbrio no arame e sem rede, como se o risco fosse a sua profissão, preferiram o toque de midas ao toque da realidade e de venda foram caminhando inflaccionando tudo em que tocavam sempre dispostos a levar a termo castelos de areia.

 

Porém tudo tem um fim, como o teve o império Romano e outros. O nosso é, o de regressar, ao ponto de partida, pelo mesmo caminho trilhado; não havendo mais varinha de condão que continue a produzir riquezas, à midas. Só um caminho nos resta “motivar, organizar e apoiar” o trabalho.

 

O toque, o de ordem, dos tempos modernos é “arregaçar mangas e mãos ao trabalho e ala que se faz tarde”

 

Leiria, 2011.06.23

 



publicado por Leonel Pontes às 11:40
Segunda-feira, 13 de Junho de 2011

Isto está difícil; é o que se ouve dizer a todo passo. E poderíamos ter evitado o estado a que o país chegou? Talvez, bastava que quiséssemos, o país é nosso, nós é que mandamos no país – ou deveríamos ser! -, não foi para isso que se fez uma revolução pró-democracia?

 

Mas não quisemos. Não quisemos. Pronto. Não quisemos! Entretivemo-nos com outras questões e negligenciámos a democracia. Para que esta prospere, obviamente, terá de haver responsabilidade; responsabilidade colectiva. Todos temos de ser responsáveis.

 

Também não era preciso que fossemos responsáveis à maneira de Singapura; onde não há um grama de droga para negociar, não há uma parede com grafites, não há uma beata de cigarro no chão, não é atirada uma escarradela prá rua, não há indigentes, prostitutas e outros desvalidos a vaguear, não existem leis ambíguas, como não existem políticos trauliteiros; um que seja. Como não se falsificam actos eleitorais partidários. Tudo porcarias que temos cá em excesso.  

 

Nós, em vez de democracia responsável, preferimos estabelecer correntes de forças. E, a elas nos ancorámos. De um lado posicionaram-se aqueles que acham que têm sempre razão, e por isso dispostos a infligir sempre castigos; os reivindicativos militantes. Do outro lado da paliçada os subservientes do poder, sempre dispostos à concessão do reforço.

 

Sem querer ver no vespeiro em que se andavam a meter lá renovavam a confiança; ora a uns, ora a outros, sendo certo que cada vez mais pobres íamos ficando, embora sempre na expectativa de lograr melhor nível de vida.

 

A vida política e social portuguesa foi sendo infectada pelas ideias do lassez-faire impostas por parceiros espertos que foram produzindo e amealhando enquanto nós, e outros – valha-nos isso! -, fomos desconstruindo as estruturas do país. E nem foram capazes de ver que as contas do país de fiáveis, nada tinham. Uma lástima que acabou por virem à tona.

 

Enquanto isso para saciar as constantes reivindicações, os governos – também eles para não perderem benesses -, para se manterem onde nunca deveriam ter assento, todos sem excepção. Mas, o celeiro era finito; não há mais concessões de reforços!

 

Agora só nos resta esperar que tenhamos um governo sem “mulas velhas” Ninguém dos que já por lá passaram merecem uma cadeira, na melhor das hipóteses um mocho, um mocho, ancorado numa justiça idónea e célere.

 

Leiria, 2011.06.13

 

 

 



publicado por Leonel Pontes às 16:59
Sexta-feira, 03 de Junho de 2011

O sossego voltou; terminou a campanha. Uma campanha eleitoral que poderia ter sido uma campanha alegre; mas não foi. Poderia ter sido barata; mas não foi. Poderia ter sido esclarecedora; mas não foi. E até poderia ter sido uma campanha política, mas também não foi.

 

Foi, rude e por vezes grosseira; e tanto que havia de útil, formativo até, para dizer; mas nada se disse. Venceram os argumentos da não-política. E, se mais não tivessem para dizer, pelo menos estava, em cima da mesa um importantíssimo e estruturante instrumento de reorganização do poder local.

 

Havia sido assinado dias antes do início da campanha, entre Portugal e a denominada Troika um “Memorando de Políticas Económicas e Financeiras” que prevê que o país não necessita de tantas infra-estruturas de poder local.

 

E reza, tal documento que deveremos observar determinadas políticas entre as quais as insertas no ponto 26 (do documento Troika) que diz: “a administração local irá ser reorganizada. Até Julho de 2012 o governo obriga-se a elaborar um plano de consolidação no sentido de reduzir significativamente o número de Municípios e Freguesias, que neste momento são de 308 e 4.259.

 

Ao falar com cidadãos, de um modo geral, desconhecem esta exigência. E, os que a conhecem dizem que aquilo é só para inglês ver (neste caso Troika).

 

Contudo, a questão é oportuníssima e necessária, pelo significativo impacto que terá nas contas do país. A despesa terá forçosamente de ser reduzida. E diríamos que os órgãos de poder local – e não só – não podem continuar ser um travão ao desenvolvimento local, desde logo, pelas ineficiências que gera e pelos dinheiro que absorve.

 

Assim - ao que me recordo - da informação televisiva e jornalística que vi durante a campanha, sobre poder local, nem uma palavra subiu a discussão pública. Nada foi falado. Logo tê-lo-ão de falar partir de agora. Ontem já era tarde.

 

Por certo, argumentos não faltarão, uns a favor do status actual, outros opor-se-ão fervorosamente. Só é de lamentar que tenham de ser os credores a chamar à atenção “organizem-se aí e reduzam custos”

 

Mas não é só poder local que precisa de ser reorganizado – reduzido se quiserem! -, outros estruturas tendo em conta o binómio custo/benefício, carecem de urgente reorganização, de outro modo os cidadãos terão de sustentar tanta coisa que não faz falta nenhuma ao pais.

 

Leiria, 2011.06.03



publicado por Leonel Pontes às 11:18
Quinta-feira, 02 de Junho de 2011

Alguém percebe isto?

 

Acidentes sempre aconteceram e sempre acontecerão. Mas, há uns tantos que não se compreendem, nem se explicam. Uns desses ocorrem, sistematicamente, sempre que há chuvas. E, lá estão sempre as televisões a fazer a "carpísse" 

 

O problema é sempre o mesmo, a chuva foi muita, a obra foi levantada no curso de água, os esgotos estavam entupidos. etc., etc.

Já aborrecem notícias destas.

 

Então os sábios que autorizaram as obras, as organizações que receberam o produto das taxas de licenciamento, as taxas do IMT e as pesas taxas do IMI, não sabiam que ali não se podia construir!

 

E porque é que os cantoneiros deixam entupir as sarjetas? Como é possível! Noutro tempo, a Administração do país através do departamento respectivo afectava, pelo menos um “cantoneiro” por um cantão. Havia um zelo irrepreensível.

 

Não existiam desempregados, nem podia exirtir. Hoje temos desempregados em barda a quem pagamos para não fazer nada. Mas como é possível haver defronte dos nossos olhos um país as desmoronar-se e nada se faz (quem pode e devia).

 

Outrossim, no mesmo andor vamos, quanto a incêndios.

 

A Administração, do outro tempo, tinha nas suas circunscrições os guardas florestais que zelavam pelas zonas arborizadas. Coordenavam as limpezas florestais. Os meios, comparados com os d’hoje, eram incomensuravelmente menos, e não se dava conta da incêndios. As zonas florestadas, e não só, estavam com uma limpeza que só visto.

 

Hoje, há corpos de bombeiros por todo o lado, numa azáfama medonha, há a perda da riqueza nacional “o pinheiro”. Chega a haver perdas humanas. Existem prejuízos sem par. E ninguém põe travão nisto!

 

Por outro lado, há desempregados, para quem o país pede dinheiro fora, a juros altíssimos,  para lhes pagar para dormirem e quando acordam está tudo feito. E tudo foi feito! 

 

Há anos que, de quando em vez, aqui exaro chamadas de atenção. Será que os nossos governantes não lêem jornais, os seus comissários politicos servem só para agenciar votos, ou será que os incomoda chamar-lhes à atenção para estas maleitas. Mas o que temem? 

 

Seja lá o que for que esteja, e porque esteja contecer, só sei que não dá para compreender este país. Desgraçado.

 

Leiria, 2011.06.02



publicado por Leonel Pontes às 11:18
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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