Quarta-feira, 31 de Agosto de 2011

A imprensa tem um papel relevantíssimo na vida pública, até é considerado como o quarto poder numa alusão aos três poderes do Estado democrático (legislativo, executivo e judiciário) e imprensa, dada a sua força indutora na formação de opinião e modelação comportamental dos cidadãos.

 

Com efeito, quando se fala de imprensa, ou quando esta fala, estamos a falar de coisa seriíssima e não de uns rapazes que se reúnem para dizer umas coisas em abstracto, a pretexto de que são um órgão de comunicação. Portanto, mesmo que nada comuniquem devem cuidar de saber o que dizem.

 

Um dia destes, dado jornal local, que fez lembrar uma certa novela brasileira, dizia em primeira página que “Governo vai fiscalizar contas da Leirisport; empresa que gere estádio de Leiria é uma das oito empresas municipais do distrito que vão ter de prestar contas ao Governo”

 

A este propósito, tinha assumido para comigo, que jamais diria uma palavra sobre aquela empresa, e o poder local.

 

Mas, tendo em conta a gravidade da notícia, e tudo o que ela encerra para a vida dos cidadãos, nomeadamente, para os que mais precisam, forçosamente, volto à questão.

 

É estricta obrigação do governo cuidar da vida pública e política nacional; tanto o governo como a imprensa, dois dos poderes da democracia, e por isso quando comunicam têm de saber o que dizem, e acima de tudo têm de saber quais as suas verdadeiras funções, em ordem a dizer a verdade, sempre a verdade; não incendiando mentes menos esclarecidas.

 

Ora o governo não tem a função de fiscalizar, não é essa a sua função, sabe-o muitíssimo bem, bem como que sabe as empresas Municipais estão debaixo de um chapéu de doze entidades fiscalizadoras autónomas e permanentes, começando pela Assembleia Municipal, pelo Revisor Oficial de Contas, pela Inspecção-Geral de Finanças, até chegar à Assembleia da República.

 

Assim sendo, se todos os órgãos a quem estão confiadas funções fiscalizadoras não fazem, ou não o fizeram, como era seu dever, então acabe-se, e já, com eles porque esses, sim, acarretam uma sangria milionária de meios ao orçamento do estado, logo aos bolsos dos cidadãos.

 

Todavia, esta empresa Municipal (a nossa) não está isenta de haver cometido erros (ou má gestão?) pelos pseudo-gestores, e é de estranhar que nunca fossem vistos por tantas entidades fiscalizadoras. Outrossim, não se percebe porque não querem discutir seriamente esta questão e responsabilizar quem mal fez, quando bem deveria ter feito. Por sinal esperava mais desta Câmara (que também é accionista único). Cristalizou.

 

Na verdade há uma, só uma, área negócio – o futebol empresarial profissional – que é uma lástima, o qual nunca foi resolvido por uma latente falta de determinação.

 

Mas a empresa municipal não tem só o futebol no seu core business, tem outras áreas de suma importância para os leirienses, tais sejam, os desportos conexos com a saúde pública, o futebol de associação de aldeia (que não o profissional), o desporto de geriatria, e até o desporto de lazer (como seja o campismo); toda uma panóplia de práticas por onde passa mais de 6 vezes a população de Leiria (mais de 780.000 utências/ano) sem referir neste quantum a prática desportiva dos pequenos clubes (associados de Associação de Futebol de Leiria)

 

E vejamos; é a Leirisport que está a mais no sistema? Pode ser! Mas sem dúvida, quem está a mais são essas doze entidades fiscalizadoras. Há pelo menos três décadas que digo e escrevo repetidamente que o modelo de gestão está errado. Agora já há mais alguém que diz que o modelo de gestão autárquica tem de ser repensado.

 

Em suma, por favor, não abandonem os pequenos clubes, não desprezem o associativismo, não se fechem os pequenos clubes de bairro, falem com todos clubes ouçam-nos e escutem os carolas do desporto, zelem por uma cidade sana. De outro modo teremos também de acabar com a câmara. Isto faz sentido? Talvez! E o que faz o seu exército de gente? Que valor acrescentado trazem à economia local? 

 

E, a imprensa que não agite a sociedade, por amor aos vossos leitores, usem uma pedagogia social.  

 

Leiria, 2011.08.31



publicado por Leonel Pontes às 13:04
Quinta-feira, 25 de Agosto de 2011

Quem não tem dinheiro - ou habituado foi a viver com ele muito contado - vive em permanente aflição; sempre assim foi! E, por vezes até, caem no desespero. Ainda assim, na generalidade vivem emocionalmente felizes. Pouco se preocupam com desvalorizações, bancas rotas, ou com quanto possa acontecer à moeda que mensura os seus bens.

 

Por sua vez, aquele que tem farto pé-de-meia está sempre com medo de perder o que tem. Por isso vive em permanente conflito consigo mesmo: “ai que me levam o meu dinheiro”, esquecendo-se que o dinheiro não é seu, antes gerem um bem de troca, o qual pelas vicissitudes da vida, uns conseguiram “agarrar” mais do que outros.

 

Esses têm a permanente preocupação de colocarem tais meios a recato, sendo que o caminho mais fácil é colocá-lo à guarda de paraísos fiscais; esperando que outros façam por si a sua gestão; ainda assim acham que o país que os acolhe e lhes garante condições de vida, por si mais havia de fazer.

 

Renunciam e renegam o progresso do país. Empresário, político, ou governante sem escrúpulos sempre encontram caminho para colocar algures, desde a Suíça às ilhas Caimão, o dinheiro que fazia falta ao desenvolvimento nacional.

 

Portugal – e falemos só de nós, pouco nos interessa por agora o que vai em casa dos outros -, mercê da sua gestão, colocou-se à boca do precipício bancarrota, o que já aconteceu por outras vezes -, mas o que interessa agora é encontrar solução para a nossa crise financeira quando temos concidadãos a colocarem continuamente, ao que se sabe pelo que é divulgado, fortunas fora de portas.

 

Esses são os cidadãos que fazem a política de cuco, colocam os ovos noutros ninhos para que outros os choquem, esquecendo-se que é aqui, em Portugal, que lhes são asseguradas as necessárias condições de vida; todas.

 

Portanto, salvo melhor opinião, talvez fosse de pensarem que o dinheiro deve estar onde faz falta. E, assim sendo, os milhões que colocam fora do giro económico nacional se estivesse no país davam um grande jeito ao desenvolvimento português. Esses actos, são os verdadeiros actos de cidadania.

 

Deixem-se de fazer de cucos; porque havemos de renunciar ao nosso portuguesismo?

 

Leiria, 25.08.2011



publicado por Leonel Pontes às 14:41
Quinta-feira, 11 de Agosto de 2011

Ajeitada a saca do farnel - sabe-se lá com quê! –, ripava do cabide o último atavio; o chapéu. Saia porta fora rumo à estação do comboio com destino à Capital.

 

Ao tempo a linha do Oeste tinha um movimento sem par; de lá – da grande urbe - vinham uns senhores a banhos para S. Martinho do Porto, como fora Vitorino Nemésio ou para a Figueira da Foz.

 

De cá, nomeadamente, do norte do concelho de Leiria, partiam queimados pelo estio abrasador das matas, os industriais; da Guia, de Monte Redondo como fora Carvalho, ou de Monte Real. As serrações desenvolviam-se, os meios de transporte em especial os ferroviários, faziam-se anunciar, quais baratas loucas, pelo seu roufenho apito.

 

Enquanto isso, à falta de meios de transporte novos, recuperavam-se caterpilas da guerra; davam um jeitão. Mão d’obra havia, mas não muita, todos queriam experimentar outras paragens e partiam de assalto rumo a França.

 

Os mais novos, dentro do possível, supriam essas faltas. E, logo a partir dos doze anos, íamos (eu também fui) para as fábricas. Os que e tinham mais jeito apanhavam os serviços com cariz de especialização, os outros serviam para alombadores.

 

Para além da saca de retalhos, forrada de pano forte, não fosse esvair-se pelas costuras coisa de maior monta, também ia uma livreta de apontamentos acompanhada pela esperança de bons negócios; uns tabiques, uns forros de meio-fio, uns soalhos aparelhados de macho-e-fêmea, uns tacos de veia fina e mais umas madeiras de qualidade “a nossa fazenda, dizia um deles, é do melhor que há nas nossas matas!”

 

Na volta, os industriais (que eram gerentes, vendedores, caixeiros viajantes; exerciam toda uma panóplia de funções) depois de visitarem os estanceiros estabelecidos na Capital e só depois de haver a certeza de frete assegurado, regressavam pelo mesmo caminho; sempre com a mesma saca.

 

A saca também servia para trazer de volta a cobrança do fornecimento anterior (fornecia-se uma vez mais a quem pagava a anterior) por entre as migalhas de broa e um ou outro caroço de azeitona, embrulhado para disfarce, em papel de jornal, vinham as azuis notas de “conto de réis” o capital necessário para fazer girar o negócio; a indústria.

 

Ao tempo os industriais estavam limitadíssimos ao exercício das actividades económicas por via de um conjunto de obrigações nem sempre fáceis de ultrapassar o “condicionamento industrial”.

 

Ainda assim teimavam, sem embargo das muitas fiscalizações a que estavam sujeitos, eram os do Ministério da Industria (esses vinham de Coimbra) do Ministério das Corporações, Ministério do Trabalho, eram as finanças (já ao tempo!) e outros mais, cada qual com as suas funções; mas também aparecia a GNR, bem como uns senhores de ar sisudo e geralmente de óculos de sol (esses eram os da PIDE) soube-o mais tarde.

 

Com tantas limitações, atropelos e fiscalizações, os industriais lá iam criando trabalho (agora dito de postos). Mas, não é menos verdade que as condições de trabalho eram duras (não havia a maquinaria que hoje se dispõe, eu mesmo trabalhei até altas horas da noite a fazer cálculos de cúbicos e quadrados, à mão; papel e lápis. Como bem me lembro quando vi pela primeira vez essa coisa estranha a “odner” que fazia contas depois de umas maniveladelas para a frente e umas outras para trás)

 

Hoje temos milhares de jovens com formações e qualificações de toda a ordem que só sabem dizer “não há empregos”. E, por isso mesmo, ouso perguntar: mas, se está tudo por fazer, pelo que esperam! Ah temos muitos atropelos por parte dos governos. Pois têm! Mas hoje podem manifestar-se. Porque não se manifestam em ordem a dizer aos governantes que o “trabalho” para que seja fecundo não pode ser atrapalhado.

 

Manifestem-se, não para que vos seja dado um rendimento mínimos que só fomentam o ócio, manifestem-se exigindo as necessárias condições de trabalho. O resto, os impostos, esses virão mais tarde; o estádo é paciente, mas não perdoa; portando que esperem que seja gerada a riqueza, e depois tributem-na, deixem-se de ser “estrábicos” tributando a riqueza antes que esta seja gerada.

 

A continuar pelo caminho por onde nos (vos) levam um dia destes não teremos nem industriais nem empresários, bem como não teremos empresários nem empresas.

 

Porto Santo, 2011.08.011



publicado por Leonel Pontes às 16:38
Segunda-feira, 08 de Agosto de 2011

Nunca como nos dias de hoje a sustentabilidade foi tão razão de estudo, de reflexão e de análise. Mas qual sustentabilidade? Toda a que monitoriza a vida social, empresarial, desportiva; estatal até, ou qualquer outra actividade. Diga-se, com efeito, que a sustentabilidade está para o meio ambiente, como o oxigénio está para a homeostasia humana.

 

Em tempos de desregulação os planos de sustentabilidade são uma prioridade, acção que deve ser exercida com olhos de ver - e bem! -, onde cada um terá específica função. Um deles centrar-se-á em tudo o que seja curto prazo, o outro deverá ver o médio e longo prazo. Hoje nada pode ser visto num prisma estático; do que tiver de ser, será.

 

Como se compreenderá, pois, que num clique tudo venha a terreiro; ah que d’el Rei que estamos insolventes. Quanto às empresas privadas; porque sujeitas a “n” coletes-de-forças - não sendo aceitável; compreende-se. Mas as empresas públicas, os institutos públicos, as autarquias, e até o próprio Estado, é facto mais do que evidente, de que quem exercia a gestão estava na floresta e não via a árvore.

 

Todavia, o mesmo (não) se diga da mais carismática entidade desportiva do país – as entidades também têm carisma – a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que amiúde salta para as páginas dos jornais – e não só -, acerca da qual é tecida razão de ciência; como se verdades absolutas fossem.

 

Quiçá, saberão esses opinion makers da sustentabilidade da FPF, que em 1992 estava tecnicamente falida. Isto é; o seu activo era inferior ao passivo. O que se fez ao tempo? uma reavaliação de activos tangíveis.

 

Saber-se-á que ao tempo nem tão-pouco havia um carro operacional; a não ser uma muito velha carrinha Peugeot (passe a publicidade) para o serviço da Presidência.

 

E, como eram os patrocínios? Uma lástima, da qual ainda subsistem litígios. Havia uma Federação onde todos mandavam (uma porcaria como disse ao tempo um eminente seleccionador, uma eminência que de tudo sabia, de futebol, de gestão, ou até de matéria de impostos? que abominava)

 

Uma FPF que teve de dar uma mão aos pequenos clubes endividados até ao tutano, de modo a garantir a sua actividade desportiva posto que o governo privou-os do fundo de sustentabilidade desportiva ao secar-lhes o totobola.

 

Uma FPF que chegou a ser, fiscalmente, contribuinte líquido (contribuía mais para o orçamento do estado do que deste recebia), mas sem instalações sociais e desportivas condignas aspirando à construir de uma casa das Selecções, que não chegou vias de factos porque a entidade que assegurou o espaço para o edifício nunca conseguiu coordenar as necessidades com a verbe.

 

Todavia, sempre que ocorriam eleições autárquicas, a Almargem, acorria em romaria o putativo; aqui vai ficar a casa das selecções. O que fez? Nada.

 

Uma FPF, não menos verdade, onde todos sempre aparecem prá picture.

 

E hoje está melhor? Está. Mas teimosamente está sem um plano de sustentabilidade. E porquê? Porque teimarem em engordá-la com eminências que nunca nada geriram mas ali se apresentam como gestores de fina seda.

 

Então há alguma coisa a fazer? Há! Uma primeira necessidade será precisamente uma nova direcção que conceba um plano sustentabilidade em ordem a assegurar searas mais irrigadas, menos ervas daninhas, menos verbe, mais olhos que vejam a curto, mas também a médio e longo prazo.

 

Doutro modo o que teremos é mais, muito mais, seara seca. Por enquanto a FPF não está insolvente mas para lá caminha. Também é só já o que falta neste país!

 

Leiria, 2011.08.08



publicado por Leonel Pontes às 14:16
Segunda-feira, 01 de Agosto de 2011

Ultimamente, amiúde, ouve-se dizer que o associativismo está em decadência; isto é, as pessoas estão a divorciar-se dos seus activos culturais; históricos, literários, desportivos ou tão-só de companheirismo.

 

Aliás, um dia destes dado órgão de comunicação referia mesmo a existência de mais de três dezenas de infra-estruturas desportivas sitas no concelho de Leiria votadas ao abandono; nalgumas dessas crescem restolhos que os coelhos aproveitam para se saciar.

 

Poder-se-á dizer que quando assim acontece - quando o associativismo entra em falência -, não é nem pode ser só culpa dos cidadãos; algo mais está a fomentar o abandono por tudo quanto foi construído, por vezes, ao longo de gerações.

 

É certo que hoje a sociedade oferece uma infinidade de meios de lazer (de menor esforço e máximos prazeres), nem sempre saudáveis. Há, muito lazer nocturno, muita partilha humana, muitos acidentes em horas mortas, muitos consumos de suplementos de estímulo a prazeres mortíferos aos quais nem a Amy Winehouse escapou.

 

Quando assim acontece dever-se-á ver o porquê? E, salvo melhor opinião o porquê reside nas muitas exigências burocráticas com imputação de responsabilidades, por vezes acompanhadas de extorsões financeiras, aos verdadeiros dirigentes associativos.

 

O único apoio que encontram dos órgãos de poder é o desprezo, o que leva à desmotivação; esta é que é a verdade!

 

Mas como assim? Tal seja, como exemplo, a tributação do porco oferecido à colectividade para angariação de meios de subsistência, ou o jovem que a pretexto de uma prática desportiva vê-se obrigado à colecta fiscal quando nada recebe, a não ser o ressarcimento de despesas efectuadas.

 

Agora que o governo mudou, é de esperar que a política desportiva seja revista em ordem a cercear o flagelo que está a crescer no país; de lés a lés.

 

Não são só as infra-estruturas que foram votadas ao abandono, são também e sobretudo os jovens que enveredam por caminhos de desgraça à falta de melhor ocupação.

 

E, se queremos um país novo, regenerado, uma juventude sadia que não traga custos de saúde pública, é preciso, reverter princípios políticos que só desmotivam aqueles que dispostos estão a trabalhar graciosamente em prol das suas terras e das uas gentes.

 

Com frequência diz-se que a única coisa que temos para oferecer a quem nos visita é o bom tempo. Mas esse não é nosso, não é um bem controlável, é um bem da natureza que nem sempre sabemos aproveitar.

 

Matérias-primas também não temos. O único bem que temos e também não aproveitamos convenientemente são os activos humanos; único recurso estratégico duradouro capaz de dar sustentabilidade ao país, passando pelas organizações do associativismo local, fonte geradora de crescimento económico e desenvolvimento social.

 

Leiria, 2011.08.01



publicado por Leonel Pontes às 16:32
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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