Ultimamente, amiúde, ouve-se dizer que o associativismo está em decadência; isto é, as pessoas estão a divorciar-se dos seus activos culturais; históricos, literários, desportivos ou tão-só de companheirismo.
Aliás, um dia destes dado órgão de comunicação referia mesmo a existência de mais de três dezenas de infra-estruturas desportivas sitas no concelho de Leiria votadas ao abandono; nalgumas dessas crescem restolhos que os coelhos aproveitam para se saciar.
Poder-se-á dizer que quando assim acontece - quando o associativismo entra em falência -, não é nem pode ser só culpa dos cidadãos; algo mais está a fomentar o abandono por tudo quanto foi construído, por vezes, ao longo de gerações.
É certo que hoje a sociedade oferece uma infinidade de meios de lazer (de menor esforço e máximos prazeres), nem sempre saudáveis. Há, muito lazer nocturno, muita partilha humana, muitos acidentes em horas mortas, muitos consumos de suplementos de estímulo a prazeres mortíferos aos quais nem a Amy Winehouse escapou.
Quando assim acontece dever-se-á ver o porquê? E, salvo melhor opinião o porquê reside nas muitas exigências burocráticas com imputação de responsabilidades, por vezes acompanhadas de extorsões financeiras, aos verdadeiros dirigentes associativos.
O único apoio que encontram dos órgãos de poder é o desprezo, o que leva à desmotivação; esta é que é a verdade!
Mas como assim? Tal seja, como exemplo, a tributação do porco oferecido à colectividade para angariação de meios de subsistência, ou o jovem que a pretexto de uma prática desportiva vê-se obrigado à colecta fiscal quando nada recebe, a não ser o ressarcimento de despesas efectuadas.
Agora que o governo mudou, é de esperar que a política desportiva seja revista em ordem a cercear o flagelo que está a crescer no país; de lés a lés.
Não são só as infra-estruturas que foram votadas ao abandono, são também e sobretudo os jovens que enveredam por caminhos de desgraça à falta de melhor ocupação.
E, se queremos um país novo, regenerado, uma juventude sadia que não traga custos de saúde pública, é preciso, reverter princípios políticos que só desmotivam aqueles que dispostos estão a trabalhar graciosamente em prol das suas terras e das uas gentes.
Com frequência diz-se que a única coisa que temos para oferecer a quem nos visita é o bom tempo. Mas esse não é nosso, não é um bem controlável, é um bem da natureza que nem sempre sabemos aproveitar.
Matérias-primas também não temos. O único bem que temos e também não aproveitamos convenientemente são os activos humanos; único recurso estratégico duradouro capaz de dar sustentabilidade ao país, passando pelas organizações do associativismo local, fonte geradora de crescimento económico e desenvolvimento social.
Leiria, 2011.08.01