Nas conversas de rua, de café, à mesa de repasto, seja onde for, o prato do dia é, inevitavelmente: como será 2012? Como inevitável é o futuro! Uma incógnita; mas uma incógnita questionável.
Dir-se-á: para que percebamos a coisa, deveremos fazer uma análise económico-social, ainda que sumária, assente na premissa: com ou sem opinião da televisão? Se for dando ouvidos e olhos postos nestas, o ano de 2012, mesmo antes de começar, já se sabe vai ser uma lástima.
Se a questão for posta ignorando as televisões, o ano de 2012 não será tão mau como o fazem. Mas é preciso fazer alguma coisa? É, claro que é! Primeiro devemos pensar com a nossa cabeça, desprezando menus pré preparados.
Depois, devemos começar por fazer uma análise previsional para “2012” como se estivéssemos a elaborar um balanço, de matriz clássica, de um lado o activo e do outro o passivo, seguindo a metodologia das partidas dobradas, como Luca Paccioli deixou dito na sua obra Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornalità matéria que se mantém tão actual hoje como em 1494.
Clarificando; de um lado do balanço devemos colocar os valores que temos (activos tangíveis, intangíveis e/ou humanos) No outro membro, no passivo, colocaremos os valores que devemos. Entre estes dois membros existirá um terceiro valor; se positivo estaremos bem, se negativo equivalerá por dizer que os valores que temos não chegam para solver a dívida, logo ter-se-ão de gerar resultados positivos nos anos vindouros para liquidar os empréstimos constituídos até ao equilíbrio das contas.
Simultaneamente deveremos elaborar um texto com a síntese dos pressupostos que façam luz das razões porque chegámos a tais cifras, ou situações!
É obvio que no activo do país não faremos qualquer relevância a existências de poços de petróleo; não os temos! Mas poderemos dar relevo aos nossos activos humanos (e é só sobre esta específica rubrica que nos cingiremos nesta brevíssima reflexão) tais sejam, activos com formação a todos os níveis (pese embora quando precisamos de alguém também a todos os níveis não achamos ninguém disponível para trabalhar).
Nesta circunstância enfatizaremos com toda a propriedade as nossas capacidades para o empreendedorismo. Concomitantemente, poderemos enriquecer o relatório com uma nota de compreensão, dizendo que a taxa de desemprego jovem na União Europeia de cujo arco económico o nosso país faz parte, custa, no presente, aos 27 Estados-membros dois mil milhões de euros semanais.
E porquê, porque a política económica europeia, logo por inerência a portuguesa, está assente em pés de barro; sem a menor resistência. Então o que se deveria fazer? Como sou europeu tenho uma certa tendência para rejeitar os modelos da Administração de Washington, mas devo reconhecer que o modelo de gestão que os americanos seguem, ensinado e apreendido nas suas escolas segundo Peter Senge “organização que aprende” seria o aconselhável para tirar a Europa do buraco.
Em sumária análise, nem a União Europeia, nem nós, portugueses, sairemos do abismo se não arrepiarmos caminho alterando o paradigma da gestão económica, ou seja, o que deverá ser apoiado – ou, se se quiser noutra linguagem, o que não devem fazer é criar entropias ao empreendedorismo – em ordem a gerar empregabilidade e à criação de riqueza para todos.
Com efeito, primeiro deverá vir o investimento, só depois os gastos. Outrossim, o que a Europa promove é, primeiro os gastos e só depois o investimento.
Em conclusão, mantendo a nossa coerência, o país não será viável enquanto o paradigma da gestão assentar em medidas avulsas, sem observância da geração de riqueza. Para o efeito o país precisa de promover planos sectoriais de sustentabilidade económico-social.
Em suma, se a linha de acção não for alterada, no final de 2012 estaremos ainda mais pobres. O balanço assim no-lo dirá.
Leiria, 2011.12.30