Sexta-feira, 30 de Dezembro de 2011

Nas conversas de rua, de café, à mesa de repasto, seja onde for, o prato do dia é, inevitavelmente: como será 2012? Como inevitável é o futuro! Uma incógnita; mas uma incógnita questionável.

 

Dir-se-á: para que percebamos a coisa, deveremos fazer uma análise económico-social, ainda que sumária, assente na premissa: com ou sem opinião da televisão? Se for dando ouvidos e olhos postos nestas, o ano de 2012, mesmo antes de começar, já se sabe vai ser uma lástima.

 

Se a questão for posta ignorando as televisões, o ano de 2012 não será tão mau como o fazem. Mas é preciso fazer alguma coisa? É, claro que é! Primeiro devemos pensar com a nossa cabeça, desprezando menus pré preparados.

 

Depois, devemos começar por fazer uma análise previsional para “2012” como se estivéssemos a elaborar um balanço, de matriz clássica, de um lado o activo e do outro o passivo, seguindo a metodologia das partidas dobradas, como Luca Paccioli deixou dito na sua obra Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornalità matéria que se mantém tão actual hoje como em 1494.

 

Clarificando; de um lado do balanço devemos colocar os valores que temos (activos tangíveis, intangíveis e/ou humanos) No outro membro, no passivo, colocaremos os valores que devemos. Entre estes dois membros existirá um terceiro valor; se positivo estaremos bem, se negativo equivalerá por dizer que os valores que temos não chegam para solver a dívida, logo ter-se-ão de gerar resultados positivos nos anos vindouros para liquidar os empréstimos constituídos até ao equilíbrio das contas.

 

Simultaneamente deveremos elaborar um texto com a síntese dos pressupostos que façam luz das razões porque chegámos a tais cifras, ou situações!

 

É obvio que no activo do país não faremos qualquer relevância a existências de poços de petróleo; não os temos! Mas poderemos dar relevo aos nossos activos humanos (e é só sobre esta específica rubrica que nos cingiremos nesta brevíssima reflexão) tais sejam, activos com formação a todos os níveis (pese embora quando precisamos de alguém também a todos os níveis não achamos ninguém disponível para trabalhar).

 

Nesta circunstância enfatizaremos com toda a propriedade as nossas capacidades para o empreendedorismo. Concomitantemente, poderemos enriquecer o relatório com uma nota de compreensão, dizendo que a taxa de desemprego jovem na União Europeia de cujo arco económico o nosso país faz parte, custa, no presente, aos 27 Estados-membros dois mil milhões de euros semanais.

 

E porquê, porque a política económica europeia, logo por inerência a portuguesa, está assente em pés de barro; sem a menor resistência. Então o que se deveria fazer? Como sou europeu tenho uma certa tendência para rejeitar os modelos da Administração de Washington, mas devo reconhecer que o modelo de gestão que os americanos seguem, ensinado e apreendido nas suas escolas segundo Peter Senge “organização que aprende” seria o aconselhável para tirar a Europa do buraco.  

 

Em sumária análise, nem a União Europeia, nem nós, portugueses, sairemos do abismo se não arrepiarmos caminho alterando o paradigma da gestão económica, ou seja, o que deverá ser apoiado – ou, se se quiser noutra linguagem, o que não devem fazer é criar entropias ao empreendedorismo – em ordem a gerar empregabilidade e à criação de riqueza para todos.

 

Com efeito, primeiro deverá vir o investimento, só depois os gastos. Outrossim, o que a Europa promove é, primeiro os gastos e só depois o investimento.

 

Em conclusão, mantendo a nossa coerência, o país não será viável enquanto o paradigma da gestão assentar em medidas avulsas, sem observância da geração de riqueza. Para o efeito o país precisa de promover planos sectoriais de sustentabilidade económico-social.

 

Em suma, se a linha de acção não for alterada, no final de 2012 estaremos ainda mais pobres. O balanço assim no-lo dirá.

 

Leiria, 2011.12.30



publicado por Leonel Pontes às 16:17
Domingo, 25 de Dezembro de 2011

Hoje é Natal. Hoje é dia de reflexão e por isso escrevo.

 

Hoje todos somos bons e bom seria que todos os dias o fossemos, Hoje trocamos simpatias, mensagens, prendas, votos de um advir melhor. Diz-se até que Natal é sempre que um homem quiser! Mas, se assim é porque somos outra coisa?

 

Ou querer-se-á dizer que não deveríamos ser tão ruins todos os dias, por vezes a roçar o irracional. Se sabem o que deveriam e poderiam ser, por que são outra coisa? E se poderiam e sabem que podem ser diferentes por o não são? Ou esquecem-se de que são mortais!

 

O mundo sempre foi caracterizado pela avareza, ganância, falsidade, trapalhice, destruição, roubo, e roubo colarinho branco. O mundo, aquele em que vivemos, é inclemente. Diariamente cansa-se de nós expulsando um após outro, sem direito a regresso.

 

Mas reflectindo, porque hoje é dia de reflexão, constato que não são só as pessoas que estão eivadas do mal, são também as instituições. Essas, sem rosto, são autênticos terrores (pese embora as instituições serem também pessoas). Milhentos assuntos teríamos para reflectir convosco. Este mundo é o mundo a que chegámos por falta de reflexão.

 

Todos vemos que estamos a ser roubados a todo o passo; o verbo pode parecer violento, mas ainda assim é benevolente para tudo quanto a nossos olhos é dado ver. E vejamos o que são as instituições cegas.

 

Não satisfeito com a prestação de serviço do seu fornecedor de “sinal” de televisão e quejandos, dado cidadão dirigiu-se a uma loja da especialidade e renunciou ao dito “sinal”. Assinou papeis devolveu equipamentos cumpriu com os princípios éticos pelos quais gente de bem se deve comportar.

 

Enquanto isso, o cidadão movido pela persistente publicidade, procurou adquirir idênticos serviços numa outra empresa congénere. A nova aprestadora de serviço assumiu ab initio um compromisso assegurar a passagem de portefólio, tendo assinado documentos para tanto. Assim não aconteceu. Frustação, apenas mudou de moleiro.

 

O que se passou após esse momento tem sido um sufoco. O cidadão, procurando ter paz, mandou instalar uma antena à moda antiga unicamente com os históricos quatro canais. Concomitantemente cortou externamente qualquer prestação de “sinal”. Tudo feito dentro dos prazos, tudo cumprindo normas (assim pensava o cidadão)

 

Para seu espanto o desassossego não só, não terminou, como aumentou, ora a ZON ora a PT escrevem, telefonam, mandam mensagens, fazem ameaças com tribunais; uma coisa de terceiro mundo. Nenhuma destas fornece nada desde Agosto findo mas ambas querem facturar uma coisa que não fornecem. O cliente não tem direito à liberdade, à escolha, ao pensamento.

 

Em conclusão diríamos que não são só os cidadãos que infernizam a vida a cidadãos, agora também são as empresas a quem o Estado confere poderes de extorsão que tornam a vida dos cidadãos num inferno.

 

Assim, não haverá Natal, nem todos os dias, nem em nenhum dos dias do ano. Há extorsão, há instituições vampíricas. Filho da mãe de pais o nosso!

 

Leiria, 2011.12.25



publicado por Leonel Pontes às 15:38
Segunda-feira, 12 de Dezembro de 2011

Desejando evitar a inquisição para proteger aquele que viria a ser um vulto da história, os pais fugiram de Portugal (século XVII) e assentaram arraias nos Países Baixos; Amesterdão, onde haveria de nascer o menino Spinoza. Ali cresceu, foi educado, estudou e estudou outros vultos do saber como Sócrates, Platão, Aristóteles e outros.

 

Quando homem, o que queria (desejava) verdadeiramente? O mundo melhor. E, daí a sua recomendação maior de que para viver uma vida bem vivida esta deveria alicerçar-se “num comportamento ético e num estado democrático”. Aos tempos de hoje nada de transcendente.

 

Os seus contributos para a sociedade holandesa foram de tal tomo que o seu retrato foi impresso nas notas de 1.000 florins da Holanda e por ali se manteve até à introdução do €uro em 2.002. Os portugueses são boa gente, simpáticos, amigos do seu amigo (e são, mesmo?), bonacheirões até, mas daí até reconhecerem mérito a um estrangeiro colocando a sua esfinge na nota (moeda) maior de Portugal é coisa difícil a admitir.

 

Os tempos, os séculos, foram passando e aqui chegados, sem o menor respeito por todos quantos fizeram a história, uma história de dois mil anos e era esta que interessava a Spinoza, a dC, para essa nós portugueses contribuímos com quase mil anos. É obra!

 

Hoje a azáfama não radica no nosso país, mas numa Europa em convulsão precisamente por causa da moeda (do dinheiro) e tudo está a acontecer contrariando, renegando até, a história. A Europa não está a seguir nenhum sistema de comportamento ético, e menos ainda um estado (uma União) democrático.

 

E porquê? Porque os genes dos alemães e outros da mesma estirpe estão eivados do mal e por isso se percebe hoje que os alemães não tivessem visto mal no que Hitler fez ao povo europeu. A raiz do mal não foi extirpado e a meus olhos estamos perante um esquadrão da morte, cirúrgico, chamado eixo franco-alemão.

 

Não é satisfação para ninguém ser velho, mas é satisfação (histórica) ter convivido com gente que fazia a sua economia sem dinheiro. Era assim que os portugueses até à da segunda metade do século XX desenvolviam as suas actividades, nomeadamente agrícolas; as pessoas ganhavam tempo para mais adiante retribuírem. Esta prática era chamada de ganhar a “merecer”.

 

É certo que os portugueses na ânsia de tudo terem e pouco “merecerem” caíram no conto do… do futuro sem merecer o dinheiro que jorrava de algures. E se é certo que não há almoços grátis, não e menos verdade que não há dinheiro de borla. Agora temos de pagar não só o próprio mas também os juros.

 

Com efeito, dir-se-á que, contrariamente a algumas cabeças iluminadas, para que um homem honre o seu nome, o da sua comunidade ou do seu país, deve honrar as dívidas pagando-as, gerindo-as sim, mas evitando gerá-las. Isto é o mínimo para que possamos merecer confiança.  

 

O que está a acontecer à Europa é importante demais para ser deixado na mão dos políticos. Todos temos de saber mais, todos devemos saber o que foi a história, todos deveríamos saber que Portugal já foi visto com a "primeira aldeia global” dando novos mundos ao mundo. E daí? Vamos morrer como soe dizer-se na praia; sem dinheiro, sem prestígio, sem economia; sem os princípios prescritos pelo filosofo Spinoza.

 

Vamos voltar a trabalhar as leiras, vamos voltar a viver ganhando a “merecer” porque temos o que merecemos; confiámos em gente que se basta apenas si própria, sem comportamento ético e sem democracia. Querem ditadura maior que esta (não é culpa deste governo) que foi sendo alimentada por políticos de primeiro emprego. 

 

 

Leiria, 2011.12.12



publicado por Leonel Pontes às 13:35
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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