Sábado, 07 de Abril de 2012

Todos nós, todos os dias, a toda a hora, falamos da situação a que o país chegou; a crise. Mas também falamos do que está a acontecer noutros espaços. Por mim fico com a sensação de não juntar nada à conversa, porquanto invariavelmente concluo dizendo que não existe nenhuma crise.

 

Crise são os ataques de asma, é a falta de ar, é a perda de glóbulos vermelhos. E sempre me dizem que o momento que estamos a viver é que é uma crise. Prefiro pensar como pensa o ex-presidente da Reserva Federal Americana, Alan Greenspan, quando diz que estamos a viver uma era de turbulência financeira, conceptualmente estará mais perto da verdade.

 

Ainda assim, para melhor perceber o que está a acontecer, à noite – como não tenho essa parafernália de canais de televisão onde só falam crânios de alto rendimento de crise - recosto-me no sofá, reflito e entre o mais leio o meu livro “intemporalidades”. E, vejo que tudo o que está a acontecer, já o tinha previsto há pelo menos uma década. Ou seja, não e o país que está crise - pese embora a crise da chuva -, o país está a florir. Ou é mentira? Quem está em crise são os cidadãos, mas só estão porque assim traçaram o seu caminho.

 

Aos amigos com quem falo, sempre digo “mas isto é tão fácil de resolver”, como diria Seligman (o pai da Psicologia positiva) quando diz que a resposta (a solução) mais simples é a resposta certa. Este também foi sempre o meu discurso, precisamos da solução certa para resolver a crise.

 

E dizem-me: se fosses Ministro das Finanças, qual seria a tua primeira medida. Invariavelmente digo, tomava medidas simples e certas. Mas quais? Uma primeira seria, retirar toda a carga burocrática que impende sobre os nossos pequenos empresários, nomeadamente, os produtores agrícolas que se espalham pelas estradas fora a vender as suas pequenas produções. Uma certeza tenho; para além de gerar mais postos de trabalho, obstava a que as grandes superfícies enviem milhões de euros para o mercado externo que cada vez mais endividam o pais.

 

E mais. Ontem fui ver, apreciar, o movimento de uma grande superfície, a maior cá do burgo, e quase não se podia dar um passo lá dentro tudo se acotovelava. É caro, não há dinheiro, mas compram tudo. Então há crise?

 

Hoje (sábado), pela manhã fui ver, apreciar, a feira fronteiriça ao Estádio Municipal de Leiria (até poderiam fazê-la lá dentro, pelo menos dava-lhe outra dignidade) e o que vi, roupas, morangos, alfaces, árvores, galináceos de crista vermelhinha, tudo do bom e do melhor. Tudo muito mais barato que no Alto Vieiro. E o que comprei? Dois perus lindos, e dois castanheiros que hei de ver crescer. Ah mas dão trabalho. Pois dão! Mas também dão muito prazer. E se em m vez de enfatizarmos a crise, procurassemos o prazer que nos dá ao consumir as nossas coias?

 

Leiria, 07.04.2012



publicado por Leonel Pontes às 18:47
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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