Segunda-feira, 21 de Maio de 2012

Alguém disse um dia: “o passado é história, o futuro, um mistério, este momento uma dádiva. Por isso este  momento se chama presente”

Teoria das Relações Humanas

George ELTON MAYO (1880 – 1949)

 

Em Fevereiro último disse, aqui, que “lá para o final do ano o flagelo do desemprego chegaria próximo dos 20%,”. Os indicadores no-lo diziam.

 

Mas o que é o desemprego? São activos humanos desvalorizados. 

 

Muitos estudos e experiências foram levadas a cabo durante anos, nomeadamente a seguir à crise da depressão económica, 1929. E, o que foi concluído? “Quanto maior a produtividade, maiores os ganhos salariais”. Mais riqueza para todos. 

 

Hoje, concluir-se-á o óbvio, sem emprego não há produtividade. O tempo, inelutável e paulatinamente decorre e, nesta letargia vamos vivendo na esperança de que uma dádiva aconteça. Amanhã haverá emprego.

 

Abona em favor da situação, o “desenvolvimento cognitivo”. Isto é, o humano tem uma enorme capacidade de desenvolvimento. Outrossim, a inteligências, são saberes cristalizados, são o conhecimento de quem olha mas não vê. Mas, seja lá o que isso for, continuo a dar por bom o que Mayo enfatizou; este momento é um “presente”. Um presente que afinal é um mistério. 

 

Frequentemente, damos conta que muita força de trabalho não está em consonância com as necessidades, pelo que ter-se-á de voltar aos tempos da crise, promovendo a orientação vocacional e profissional.

 

Um dia ao circular de táxi na Holanda o chauffeur dizia-me que desculpasse a sua pouca experiência (Quis ser simpático, foi o que foi!) era estudante do ensino superior, aproveitava para trabalhar nas horas livres. E, para além do salário ainda recebia um incentivo. Nada perguntei, mas foi o que ouvi. 

 

Logo pensei, isto é possível em Portugal? Alguém que queira mexer uma palha, podê-lo-á fazer? De pronto terá de cumprir um conjunto de burocracias que em vez de um emprego, ainda que precário, passa a concorrer para as estatísticas das micro-pequenas e médias empresas. 

 

As estatísticas dizem que o desemprego jovem em Portugal é de 36%. Então porque não fazer como na Holanda? Por que não simplificar processos, porque não redireccionar a força de trabalho, porque não dar incentivos e porque não promover a orientação vocacional profissional? 

 

De uma coisa não restam quaisquer dúvidas, ensinar e formar para o canudo não traz progresso, não traz segurança, nomeadamente psicológica e para que o possamos sair da crise todos têm de ser mais activos.

 

 Leiria, 2012.05.21



publicado por Leonel Pontes às 15:10
Terça-feira, 01 de Maio de 2012

Desejando evitar a inquisição para proteger aquele que viria a ser um vulto da história, os pais fugiram de Portugal (século XVII) e assentaram arraias nos Países Baixos; Amesterdão, para porem a recato o menino Benedito Espinoza. Ali cresceu, foi educado, estudou e estudou outros vultos do saber como Sócrates, Platão, Aristóteles e outros.

 

Quando homem, o que queria (desejava) verdadeiramente, era um mundo melhor. E, daí a sua recomendação maior de que para viver uma vida bem vivida esta deveria alicerçar-se “num comportamento ético e um estado democrático”.

 

Os seus contributos para a sociedade holandesa foram de tal tomo que o seu retrato foi impresso nas notas de 1.000 florins e assim se manteve até à adesão da Holanda ao €uro, em 2002. Os portugueses são boa gente, simpáticos, amigos do seu amigo, bonacheirões até, mas daí até reconhecerem mérito a um estrangeiro colocando a sua esfinge na nota maior de Portugal é coisa difícil a admitir. Não é?

 

Os tempos, os séculos, foram passando e aqui chegados, sem o menor respeito por todos quantos fizeram a história, construímos um país que está de rastos, sem economia, com desistências no ensino, com encerramento de empresas, sem dinheiro, e tudo o mais que os senhores sabem. E porquê? Precisamente pelo que dizia Espinoza; não estamos a seguir nenhum sistema de comportamento ético, e menos ainda um estado democrático.

 

Não é satisfação para ninguém ser velho, mas é satisfação ter convivido com gente que fazia a sua economia sem dinheiro, facto que hoje nos permite perceber melhor a coisa, só por isso. Os portugueses até à segunda metade do século XX desenvolviam as suas actividades, nomeadamente agrícolas; sem dinheiro; recebiam e pagavam em “tempo”. Esta prática era chamada de trabalho a “merecer”.

 

É certo que os portugueses na ânsia de tudo terem, e pouco “merecerem” caíram num mundo de soluções fáceis, sem merecer o dinheiro que jorrava de algures. E se é certo que não há almoços grátis, não e menos verdade que não há dinheiro de borla. Agora temos de pagar não só o próprio mas também os juros.

 

Um dia destes ouvindo de viva voz o Reitor da Universidade de Coimbra, algo agastado – e com razão -, dizia que o orçamento da educação é uma pequeníssima importância quando comparada com os juros que o país tem de pagar .

 

Com efeito, contrariamente ao que algumas cabeças iluminadas foram incutindo noutras menos avisadas, para que um homem honre o seu nome, o da sua comunidade ou do seu país, deve honrar as dívidas pagando-as; gerindo-as. E, não gerá-las. Isto é o mínimo para que possamos “merecer” confiança.  

 

O que está a acontecer a Portugal é importante demais para ser deixado apenas nas mãos dos políticos. Todos temos de saber mais, todos devemos saber o que foi a história, todos deveríamos saber que Portugal já foi visto com a primeira “aldeia global” dando novos mundos ao mundo. Vamos morrer como soe dizer-se na praia; sem dinheiro, sem prestígio, sem economia; sem honra nem glória.

 

Vamos voltar a trabalhar as leiras, vamos viver ganhando a “merecer” porque temos o que merecemos. Confiámos em gente que se basta apenas si próprios, sem comportamento ético e sem democracia. Querem ditadura maior que esta (o que não é só culpa deste governo) que foi sendo alimentada por políticos de primeiro emprego?

 

E agora? Emigramos ou fugimos?

 

Leiria, 2012.05.01



publicado por Leonel Pontes às 18:45
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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