Terça-feira, 26 de Junho de 2012

Tralha e mais tralha tínhamos de saber e dominar. Primeiro, para passar de ano, segundo porque lá viria o tempo em que aquela matéria teria de ser levada à prática. Uma dessas radica no conceito de “papel-moeda”

 

Numa análise sumária a coisa era assim; os negócios faziam-se, as pessoas auto-motivavam-se, o exercício da actividade económica acontecia e a vida social procurava acompanhar o passo mas, faltava o essencial; o dinheiro. Ou se, se quiser a moeda para assegurar os actos de troca.

 

O que faziam os governos? Emitiam papel-moeda (sem valor fiduciário) em ordem a assegurar a vida económica, o que por simpatia fazia despoletar toda uma série de mecanismos.

 

Porém, com o decorrer dos tempos a coisa caiu fora de prática, tanto mais que os modelos de gestão – nomeadamente da gestão da coisa pública - todos eles sucumbiram ao paradigma “União Europeia”.

 

Concomitantemente, os nossos activos de moeda-papel, ou seja aquela moeda que tinha efectivo valor fiduciário (contravalor noutras moedas e/ou ouro depositado no banco de Portugal) exauriu-se durante todos estes anos da Europa, sendo certo que, no momento da adesão já vínhamos em perda de stock.

 

O tempo foi decorrendo, e não obstante a perda da moeda, mesmo assim, o país entrou numa aspiral de “consumismo” (sem que estejamos a fazer qualquer juízo de valor, apenas uma constatação) que levou a que os nossos activos monetários – os poucos que já tínhamos - foram saindo do país para pagamento do quanto íamos gastando por via da não produção, do exagerado consumo, e até na compra de moeda para o gozo de lazer noutros espaços económicos.

 

E assim fomos empobrecendo – ficámos sem activos monetários – ou dito na linguagem do povo ficámos tesos e, por via disso, vamos continuar a pedir dinheiro emprestado. Mas o problema é que já ninguém no-lo empresta (perdemos crédito) nem mesmo a taxas de juro altíssimas.

 

E agora? Agora podemos e devemos fazer muitas coisas (fáceis) para sairmos da situação em que nos encontramos. Vamos a factos.

Os líderes da União Europeia, de cuja sapiência dependemos, não permitem – não querem – que se recorra aos empréstimos via “eurobonds” (aliás um processo que para além de um meio de recurso creditício também fazia regressar dinheiro para dentro do sistema financeiro). No fundo esta prática, não divergiria muito daquilo que se estudava noutro tempo; empréstimos obrigacionistas.

 

Mas se não querem ir pela via dos “eurobonds” porque não vamos pela via da emissão do papel-moeda, na justa proporção do stock monetário à data da adesão ao “€uro”. Por esta via, para além de podermos suprir carências financeiras também reduziríamos à exponencial o serviço da dívida.

 

Aliás, o que pensam que aconteceu com o bloco “Estados Unidos da América” quando ocorreu à falência de Lehmon Brothers e de todo um conjunto de falências iminentes, mas sempre estancadas. O que fez o tesouro norte-americano? Fez o que deveríamos fazer se não fossemos teimosos e medrosos, injectou papel-moeda no sistema financeiro americano e assegurou o pleno funcionamento da economia, sustando assim possiveis convulsões sociais (mesmo assim ainda têm de se confrontar com os ocupas)

 

Bem se percebe que a questão para além de muito técnica é iminentemente política e por isso teremos de tomar por bom o conselho do Eça – e agora não somos só nós portugueses, mas também toda a União Europeia - temos de acabar não só com os deputados de cú, mas também com os governos sem cabeça.

 

Leiria, 2012.06.26



publicado por Leonel Pontes às 18:22
Quinta-feira, 14 de Junho de 2012

 

Quando escrevo, as mais das vezes termino irritado; desconcerta-me o que escrevo (mas, o lassez faire não é cidadania) porque só vejo comportamentos soezes, causam-me inquietações acompanhadas duma absoluta incapacidade pelo lassez faire em que vivemos.

 

Tenho a consciência que não escrevo coisas simpáticas. Mas o que hei-de fazer? Continuar a ver o país a afundar-se económica, social e psicologicamente sem nada dizer? Despertar consciências é urgente.

 

Começaria pelo primeiro magistrado da nação - pelo que lhe ouço anda adormecido -, que acaba de chegar de Singapura – uma pequena cidade estado onde o princípio primeiro da governância é a justiça. Não a justiça instituição, mas a justiça da equidade social.

 

Temos sido governados por gente pouco sensível à equidade social, vivaços. E, enquanto isso com toda a sua generosidade dizem: nós estamos atentos, às maroscas, até temos uma Lei Geral Tributária. Pois temos; mas falta dizer que está talhada para tributar apenas os que trabalham.

 

Naquela caem os que roubam, desviam e defraudam o País? Não, não e não! Apenas, penaliza quem tiram uns cobres do giro económico, para logo os aplicar no giro paralelo continuam a gerar actos económicos; riqueza. Quiçá mal tributada. Concorda-se.

 

Enquanto isso, os político-pensantes continuam a proferir opiniões esfarrapadas dizendo que se deve combater a corrupção, o enriquecimento ilícito e por isso à que mexer na lei; já, e em força. Porém até que tal aconteça, ter-se-ão de encontrar culpados para o déficit OE. E quem são os malandros? As crianças, vejam bem!

 

A partir do exercício de 2011 têm de obter o número fiscal de contribuinte para constarem do agregado familiar em sede de IRS. E, se lhes exigem o número de contribuinte, o que são? São contribuintes! Sejam quais forem as trapalhadas, o certo é que a natalidade decresceu abruptamente. Portanto, aqueles que vêem à luz do dia nascem já a contribuir.

 

O número de contribuinte é só para enganar, este não serve para ciosa nenhuma a não ser para lhes imputar a monstruosa dívida pública. Esta é que é a verdade. Ponto

 

Já criou um filho? É um gasto, um investimento, ou um debito herdado de terceiros? Um destes dias, um amigo levando ao colo o seu rebento e dizia: “deixe-me tapá-lo, escondê-lo, se os tipos do fisco andam por aí ainda me pedem o cartão de contribuinte desta minha riqueza, fora do âmbito do artigo 89-A da LGT! Em verdade só pode ter um filho quem for rico, ou quem nem sempre consegue provar de onde lhe vêm os rendimentos para a sua criação.

 

E, já agora que seja um rico filho, porque estes que têm gerido o país são, são que são!...

 

Leiria, 2012.06.01



publicado por Leonel Pontes às 11:32
Sábado, 02 de Junho de 2012

 

Lembro-me de, ainda miúdo, ter lido entre outras, a obra de Castelo-Branco, Maria Moisés uma aldeã leiteira de ocupação que todos os dias levava aos fregueses o leite da vaca mungida.

 

No percurso, atravessava um rio e na ânsia de mais vender, e mais dinheiro fazer, aproveitava para adicionar ao caneco leiteiro um copinho de água. Ninguém daria por nada, e o negócio corria de vento em popa.

 

Maria tinha uma ambição, comprar um chapéu de palhinha para embelezar o rosto dos seus verdes anos e ao mesmo tempo cobrir a cabeça da soalheira. E, eis que, um dia ei-la de chapéu-de-sol. Um mimo!

 

Porém, a sorte por vezes é madastra. O negócio tem sempre o lado inverso; um dia ao atravessar o curso d'água, soprou inesperada ventania fazendo voar o chapeuzinho rio abaixo. Incapaz de lhe por mão rendeu-se à perda. Disse para consigo “água o deu, água o levou!”.

 

Deixando prá história a estória de Camilo, abordaremos aos tempos de hoje, que também têm as suas motivações, que não as dos chapéus do agrado de Maria. Hoje não temos pequenos produtores leiteiros. Economicamente foram levados água abaixo.

 

Depois de formalizadas um conjunto de acções – outras margens, outros rios, outras ambições assaltam os espíritos lusos – e dá-se a 1 de Janeiro de 86 a adesão de Portugal à Comunidade Europeia, e como ela novos paradigmas da organização e gestão empresarial e de formação de activos humanos.

 

Sempre tive muitas dúvidas do modelo organizacional que geria a comunidade; disse e escrevi n vezes, mas como sempre estive (fui) outsider tudo quanto disse foi lixo. Aliás, ainda recentemente a agenda política europeia para 2010 tinha como objectivos transformar a Europa numa sociedade e economia de “coesão social”. Mas onde está a coesão?

 

Enquanto isso durante um quarto de século Portugal recebeu milhares de milhões de escudos e euros, tantos que ninguém sabe dizer quantos. E, o país enriquecia (assim pensavam) a olhos vistos. E nesse decurso, em vez de riqueza, antes tudo ia sendo desconstruído, os dinheiros nada desenvolviam, antes colocavam empresas em concorrência desleal. Económcamente, comiam-se uns aos outros.

 

E agora? Agora dever-se-ia fazer uma reflexão pública nacional de modo a encontrar novos caminhos. Porventura medida que não agradará porquanto destaparia a cabeça de muitas eminências.

 

Em conclusão, dir-se-á não - mais ou menos - o que disse a Maria, água o deu, água o levou! Mas como uma pequena ênfase, é que na natureza nada se perde, tudo se transforma; bem se sabe quem o disse. Só não disse que tudo o que foi gasto em pavoneios, tudo o que deveria produzir riqueza, tudo o que foi comido e transformado em caudal de esgotos públicos, terá de ser pago.

 

E agora Maria, como se governará a casa? Agora nem a leiteira, mesmo com leite baptizado, passa à nossa porta. Vamos continuar a ver os miúdos a passarem laríca. Não é?

 

Leiria, 2012.06.02



publicado por Leonel Pontes às 15:55
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
mais sobre mim
Junho 2012
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
15
16

17
18
19
20
21
22
23

24
25
27
28
29
30


pesquisar neste blog
 
subscrever feeds
blogs SAPO