Tralha e mais tralha tínhamos de saber e dominar. Primeiro, para passar de ano, segundo porque lá viria o tempo em que aquela matéria teria de ser levada à prática. Uma dessas radica no conceito de “papel-moeda”
Numa análise sumária a coisa era assim; os negócios faziam-se, as pessoas auto-motivavam-se, o exercício da actividade económica acontecia e a vida social procurava acompanhar o passo mas, faltava o essencial; o dinheiro. Ou se, se quiser a moeda para assegurar os actos de troca.
O que faziam os governos? Emitiam papel-moeda (sem valor fiduciário) em ordem a assegurar a vida económica, o que por simpatia fazia despoletar toda uma série de mecanismos.
Porém, com o decorrer dos tempos a coisa caiu fora de prática, tanto mais que os modelos de gestão – nomeadamente da gestão da coisa pública - todos eles sucumbiram ao paradigma “União Europeia”.
Concomitantemente, os nossos activos de moeda-papel, ou seja aquela moeda que tinha efectivo valor fiduciário (contravalor noutras moedas e/ou ouro depositado no banco de Portugal) exauriu-se durante todos estes anos da Europa, sendo certo que, no momento da adesão já vínhamos em perda de stock.
O tempo foi decorrendo, e não obstante a perda da moeda, mesmo assim, o país entrou numa aspiral de “consumismo” (sem que estejamos a fazer qualquer juízo de valor, apenas uma constatação) que levou a que os nossos activos monetários – os poucos que já tínhamos - foram saindo do país para pagamento do quanto íamos gastando por via da não produção, do exagerado consumo, e até na compra de moeda para o gozo de lazer noutros espaços económicos.
E assim fomos empobrecendo – ficámos sem activos monetários – ou dito na linguagem do povo ficámos tesos e, por via disso, vamos continuar a pedir dinheiro emprestado. Mas o problema é que já ninguém no-lo empresta (perdemos crédito) nem mesmo a taxas de juro altíssimas.
E agora? Agora podemos e devemos fazer muitas coisas (fáceis) para sairmos da situação em que nos encontramos. Vamos a factos.
Os líderes da União Europeia, de cuja sapiência dependemos, não permitem – não querem – que se recorra aos empréstimos via “eurobonds” (aliás um processo que para além de um meio de recurso creditício também fazia regressar dinheiro para dentro do sistema financeiro). No fundo esta prática, não divergiria muito daquilo que se estudava noutro tempo; empréstimos obrigacionistas.
Mas se não querem ir pela via dos “eurobonds” porque não vamos pela via da emissão do papel-moeda, na justa proporção do stock monetário à data da adesão ao “€uro”. Por esta via, para além de podermos suprir carências financeiras também reduziríamos à exponencial o serviço da dívida.
Aliás, o que pensam que aconteceu com o bloco “Estados Unidos da América” quando ocorreu à falência de Lehmon Brothers e de todo um conjunto de falências iminentes, mas sempre estancadas. O que fez o tesouro norte-americano? Fez o que deveríamos fazer se não fossemos teimosos e medrosos, injectou papel-moeda no sistema financeiro americano e assegurou o pleno funcionamento da economia, sustando assim possiveis convulsões sociais (mesmo assim ainda têm de se confrontar com os ocupas)
Bem se percebe que a questão para além de muito técnica é iminentemente política e por isso teremos de tomar por bom o conselho do Eça – e agora não somos só nós portugueses, mas também toda a União Europeia - temos de acabar não só com os deputados de cú, mas também com os governos sem cabeça.
Leiria, 2012.06.26