Como alguém disse em tempo todos temos direito à indignação. Hoje vou usar essa faculdade.
Não concordo com a visão do Senhor Presidente da República “Cavaco não quer crise… nem remodelação” conforme no-lo diz o Expresso de hoje, 22 de Setembro. E, não concordo porque o Senhor Presidente ouviu e sempre ouve os mesmos; aqueles que não sentem nem na bolsa nem no estômago a crise em que o povo vive.
O Senhor Presidente, teve oportunidade de ouvir, como eu, o actual Presidente da Federação Portugal de Futebol a dizer, com pompa e circunstância, que vai fazer uma casa para as selecções e avançou mesmo os muitos milhões que iria gastar. À cerimónia assistiu e usou do verbo o Ministro Relvas que apadrinhou e louvou a iniciativa. Não fora a crise e também eu louvaria a iniciativa.
Sabe o Senhor Presidente da República que a mesma Federação tutelada pelo Ministério de Relvas deve larguíssimos milhões de euros ao Tesouro, ao que consta quase catorze milhões. E, ao que se ouve é o próprio Ministério que tem procurado travar a penhora de bens aquela Federação para pagar a mesma dívida. Sabia?
Por isso de modo público pergunto a V. Exª., concorda com mais esta vergonha do Relvas de se demitir das suas responsabilidades políticas e permitir uma eventual prescrição ou outra dilação para que aquelas dívidas sejam apagadas com uma esponja e que o devedor continue a gerar gastos públicos.
O povo ao ver-se espoliado grita e pede justiça. Mas impostos não. Quem fez as dívidas que as pague. O governo obriga-se a fazer uma política de justiça social. E, por isso apelo aos bons ofícios do Primeiro Magistrado na Nação, para obviar a este verdadeiro “holocausto social” em que estamos a viver. Também sou reformado, e estou a pagar erros que não cometi.
Repito-me, o que está a acontecer é um “holocausto social”. O país precisa de um governo de salvação nacional que ponha no são a lástima a que chegámos.
Leiria, 2012.09.22