Domingo, 02 de Junho de 2013

Temos que nos desenvencilhar - expressão usada num outro contexto, mas interessante para reflexão – tanto mais que foi termo de uso corrente entre aldeões; as pessoas tinha de se desenvencilhar.


E reflectindo. No meu tempo a maior aspiração dos jovens (e alguns outros mais) era a democracia, porém equacionávamo-la noutros termos; queríamos ser livres para dizer o que nos ia na alma, colectivamente tínhamos projetos. Aspirávamos a um mundo diferente.


Hoje temos democracia e há quem aspire a impor uma ditadura social. E porquê? Porque durante as quatro décadas de democracia esta foi subvertida; o bem-estar deveria ser igual para todos mas, pelo contrário, é só para alguns, daqueles que acharam a sustentabilidade da democracia em construções “aparelhista”, gente que tem dificuldades em distinguir um salário de umas luvas, ou de uma reforma de duzentos euros e outras de muitos milhares, gente que em vez de promover a democracia, desta se serviram para fruição de bem-estar em causa própria.


E foi assim que a máquina do estado engordou; não ganhou, nem tem, musculo e daí a resistência às medidas de correção que se impõem. Por todo o lado, tudo o que é gestão pública nacional ou local, as câmaras também elas engordaram, alzheimaram-se (por isso agora ninguém se lembra de nada).


Mas seria bom fazerem um esforço para se lembrarem que o governo anterior deixou para o futuro uma pesada dívida, tão pesada que o atual governo ainda não teve o engenho para agilizar a coisa e cada vez que mexe no “animal” mais agrava a situação. A questão tem de ser resolvida e não pode ser retalhando, têm de implementar políticas transversais à sociedade portuguesa, não podemos ter uma política para aqueles que vivem nas urbes e têm as televisões atrás e outra para os aldeões.


Por outro lado, as Câmaras e para não meter foice em searas alheias, fale-se da nossa a de Leiria, também esta herdou dívidas colossais. Mas a gestão atual o que fez? Pouquissimo, focalizou a sua acção apenas na redução da dívida, exatissimamente na esteira do governo do país; cortes em tudo o que era bem-estar social, encerrando mesmo a única empresa do país de bem-estar social que era um exemplo internacional em matéria de gestão de bem-estar social a baixíssimo custo, uma empresa que serviu de estudo a teses de mestrado.


Em suma, o governo social-democrata herdou da gestão socialista uma dívida (a que Sócrates disse um dia, aquando aprendia alguma coisa em França “não se paga”. Outrossim, a atual Câmara de Leiria, socialista, igualmente herdou uma pesada dívida da governação social-democrata. E agora, quem gere melhor; a social-democracia ou o socialismo?


Enquanto isso barafusta-se, promovem-se manifestação e conferências, falam de si para si, ajeitam-se seguidistas para as próximas eleições em ordem a garantir a sustentabilidade das famílias “aparelhistas”. E assim vai o país.


Mas o que verdadeiramente se precisa é de reequacionar a gestão da organização tomando por paradigma as palavras de D. Manuel Clemente, “temos que nos desenvencilhar”. E quanto mais tarde, pior!


Leiria, 2013.06.02



publicado por Leonel Pontes às 11:55
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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