O mundo está em permanente mutação por via de deslocalizações demográficas, mudanças tecnológicas, economias dinâmicas e outras forças que transformam as sociedades. A emergência dessas realidades está na base de uma pirâmide de estágios sociais com vista à satisfação de necessidades. Porém, tal percurso assenta em etapas de geração de valor económico, social e sobretudo comportamental, tese defendida por Lionel Robbins, ao enfatizar que “a economia é uma ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre necessidades ilimitadas e os meios de as satisfazer que são escassos e que se prestam a utilizações alternativas”.
Com efeito os comportamentos humanos vs organizacionais são o leitmotiv para estímulos, alentos e inerente satisfação de necessidades. Contudo, para alcançar tal desiderato terá de haver lugar a “utilizações alternativas”, o que equivale por dizer que, o que não for feito com o empenho do comportamento humano, ninguém mais o fará. Perdem-se forças do trabalho e desperdiçam-se as alternativas.
Concretizado. Entre nós, portugueses, durante as últimas quatro décadas os comportamentos sempre andaram à volta “dos meus direitos” que sendo legítimos, tal como estão configurados cerceiam dinâmicas de desenvolvimento económico e social, posto que a tendência psicologicamente desliza para o lado da reivindicação “dos meus direitos”. Uma reivindicação que aparece antes da geração do fluxo económico. E é assim que deve ser? No mínimo devemos questionar.
Portanto, durante as pretéritas quatro décadas, pelo trabalho, pelo continuado estudo e pela experiência assente na sabedoria observada de insuspeitas fontes – amigos, colegas, professores e demais atores percebeu-se que os “meus direitos” são coisa sempre intangível. São, por princípio uma expectativa. Outrossim, se se direcionar o exercício físico e intelectual para os “meus objectivos” subsumidos numa grelha de tarefas tangíveis, por esta via é possivel associar dinâmicas como o empreendedorismo, confiança, convicção e outras geradoras de valor. Logo efetiva prosperidade.
Infelizmente, como é público, o país não dispõe, como nunca dispôs durante essas quatro décadas de planos organizacionais. E assim sendo difícil será esperar que só pela força de trabalho sejam produzidos resultados económicos a contento de todos, quanto muito tais resultados satisfarão ambições dos donos dos meus direitos, mas nunca de um quantum capaz de gerar riqueza que aproveite, tanto aos que ficam a montante como a jusante dum comportamento humano gerador de riqueza.
Assim sendo, facilmente se perceberá que sem outras capacidades mentais como, raciocínio sistémico, organizações que evoluem e criam valor por via de ativos humanos – com objetivos –, associados a activos tangíveis jamais veremos os “meus direitos” satisfeitos. Mas, se por outro lado traçarmos os “meus objectivos”, objectivos pessoais e coletivos o futuro afigura-se mais próspero.
Leiria, 2014.03.04