Terça-feira, 30 de Dezembro de 2014

O ano velho já lá vai. Esqueçamo-lo. O ano novo parece vir aí “limpinho” sem nuvens negras; pelo que nos é dito em mensagem natalícia. Para sermos francos e breves diremos que não acreditamos. O ano de 2015 vai ser tão mau, senão mesmo pior que os pretéritos. E porquê? Porque as premissas de base são exactissimamente as mesmas do passado, logo os resultados serão iguais, ou mesmo piores.

Com efeito, para que os cidadãos, em geral, nisso pudessem acreditar, dever-se-lhes-ia explicar bem o indicador que mede a riqueza, o PIB (Produto Interno Bruto) que sendo um constructo da economia é acima de tudo um constructo do povo. Ou seja, as pessoas comuns, aquelas que não têm formação em tais matérias deveriam saber como e com quanto concorrem para a formação do dito PIB, ou mesmo se, efectivamente, concorrem!

Portanto o PIB mede o volume de bens e serviços que são produzidos e consumidos, e demais factos que aumentam a riqueza nacional. E continuam a dizer-nos todo o passo que que o PIB aumentou. Se quisermos aceitar a bondade do PIB como no-lo querem impingir nós aceitamos.

Mas se aumentou, aumentou em cima de premissas de infelicidade, ou seja, quantos mais automóveis colidirem (quantos mais acidentes ocorrerem) mais aumentam o PIB, posto que há uma maior prestação e serviços e consumo de bens. Quantos mais abortos ocorrerem, mais aumenta o PIB exactamente pelas mesmas razões atrás posto que são se prestados mais serviços e consomem-se mais bens. Por outro lado, quantas mais pessoas entrarem em depressão e mais comprimidos engolirem mais aumentará o PIB, dado que são prestados mais serviços e consumidos mais bens.

E quiçá, com tanto aumento do PIB poder-nos-íamos questionar. E, aumentou mesmo? Claramente, não. E a felicidade também aumentou? Claramente não. Portanto, em sumária conclusão para além de mais pobres os cidadãos estão mais infelizes. E, era isto (ou coisa parecida) que se devia explicar ao cidadão que afinal vive o síndrome do peru. Isto é. Fabricam-lhes uma felicidade que, afinal, não têm. E quantas mais coisinhas lhes dão (dizem), mais perdem o seu horizonte de visão, e, assim mais aumentará a sua infelicidade e insegurança sem que consigam vislumbrar campo farto deixando-se cair numa absoluta pobreza, embora enfatuados.

Em suma, quanto menor for a sua autonomia financeira, maior é a sua infelicidade (pior é a sua satisfação com a vida), obviamente.

Leiria, 2014.12.29



publicado por Leonel Pontes às 10:15
Quarta-feira, 10 de Dezembro de 2014

Todos os dias, durante quarenta anos estudei, elaborei, discuti e analisei, prestações de contas, vulgo balanços de entidades várias. Hoje, devo dizer que nunca me passou pela cabeça ver a bagunçada que o senhor Salgado accionista de referência Banco Espírito Santo criou ao dizer que o aldrabão dos balanços adulterados foi obra o seu contabilista.

Não fora a coisa tomar foros de crime público e ninguém daria mínima atenção à aldrabice. Salgado, ao desresponsabilizar-se passou um atestado de incompetência a toda uma classe de profissionais, que porventura terá entre si quem obedeça à voz do dono e aceite fazer um jeitinho. Contudo, creio, que se o assunto subir à Ordem respectiva, o prevaricador, tendo agido por conta própria ou a mando, não ficará sem pena.

E, pena maior ainda, a meus olhos, foi ver a classe política – os senhores deputados da comissão de inquérito da Assembleia da República - a não saberem interpretar o que são valores passivos. E, se estes aumentassem (em razão sabe lá de quê) que contrapartida emergiria.

Neste ínterim foram aconselhadas leituras de livros de modo a que aumentasse o conhecimento dos interventores. Com efeito, ouso também aconselhar aos senhores políticos que leiam a obra publicada por Luca Pacioli (sempre atual) “Summa de aritmética, geometria, porporcioni et poporcionalita” na qual pela primeira vez (já em 1494) veio à luz da ciência contabilística o estudo das partidas dobradas, obra recentemente traduzida para português pelo Prof. Olímpio Carqueja.

E, com toda a certeza não veríamos os donos do país como lhes chamou Salgado a proferirem dislates de arrepiar. E, nesta senda estamos ante outra vergonha nacional. E já se pergunta “o que vai resultar de tudo isto”. Direi eu: “pelos costumes nada”.

Todavia há que ter em consideração que o facto BES já deixou no povo português acentuado mal-estar porquanto no país todos os dias se levantam ventos de stresse que inelutavelmente destroem o Bem-Estar Subjectivo, (BES) dos cidadãos. Com efeito, para que a nossa crise seja menos crise, os cidadãos têm de viver o dia a dia, num ambiente de bem-estar, numa perspectiva hedónica de felicidade numa dimensão cognitiva propiciadora de satisfação com a vida. E em verdade não é esse ambiente em que vivemos.

Seja-me permitido citar um construto popular que nos diz: “se não é do cú é das calças”. E é assim que vivemos num ambiente onde a felicidade anda arredia das pessoas, onde todos os dias soam notícias que tolhem a motivação, que cerceiam a iniciativa, que desgostam até os mais descrentes. Em suma poder-se-á concluir: e, agora o pirata é o contabilista que de sua conta e risco sem dizer nada ao patrão demonstrando-lhe que vivia uma infinda felicidade que só tristeza e maus ventos trouxeram à sociedade.

E assim se passou mais um ano que ficará para a história dos muitos annus horribiles porque que estamos a passar. E, enquanto isso deixo-vos votos de Boas Festas e Próspero 2015.

 

Leiria, 2014.12.10



publicado por Leonel Pontes às 14:51
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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