Ao longo da história da humanidade têm surgido diversas transformações, provocadas por factores de desenvolvimento tecnológico e/ou por factos históricos que influenciaram processos de rápidas mudanças políticas e económicas que contribuíram para que, a economia mundial progredisse no sentido dos mercados globais – a globalização.
Com efeito, o mundo tal como o conhecemos hoje, desenvolveu-se por grandes ciclos, ditos também por vagas: sendo que a primeira quedou-se durante 10.000 mil anos: actividade agrícola. A segunda deu-se pela ascensão (3.000 anos) da civilização industrial, à que se seguiu uma terceira vaga a da tecnologia (a do faz e desfaz). E, neste périplo, Carlos Fuentes – in Terra Nostra - questiona se viemos cá (ao mundo) para rir ou para chorar? E, se estamos a morrer ou a nascer?
Ante o estado de degradação e/ou desagregação a que se chegou, estado a que se convencionou chamar de “crise económica” só poderemos dizer, - dizemos nós! - provado está à evidência, que a crise a que assistimos resulta da tomada de decisões “não” racionais.
Numa linguagem desportivo-futebolística, sem demérito para os seus praticantes, tomaram-se decisões, muitas, com os pés, em vez de haverem de ser tomadas com a cabeça. Mas, mesmo essas – as tomadas com os pés – foram tomadas por via de mecanismos mentais, posto que tudo o que o homem faz, tem subjacente uma decisão ordenada a partir das muitas estruturas cerebrais.
Portanto, antes de haver decisão começamos por fazer um julgamento, isto é, uma avaliação, estimação e dedução de possibilidades sobre um conjunto de metas tendo por base inferências lógicas sobre os objectivos pretendidos atingir. Assim sendo, se se quiser descodificar o estado a que chegámos, ou se se quiser entender o mercado (ou a macroeconomia) nada poderia ter sido decidido, sem a necessária observância dos mecanismos mentais que decidem os nossos comportamentos.
Daí que, no início dos anos 30, os economistas começaram a estudar a estrutura matemática do comportamento humano e das escolhas a partir de um processo de decisão do qual resultaria o axioma do homoeconomicus. Nesta senda a sociedade deu conta que o mundo girava sobre decisões irracionais. Com efeito, outros profissionais, tais sejam: sociólogos e psicólogos acharam por bem estudar o papel do humano nesses processos de decisão, e, só por isso se percebe como no limiar dos anos 80 fosse atribuído o Nobel da economia ao psicólogo Daniel Kahnemann.
Em suma decorrido todo este tempo e fazendo uma releitura os processos que conduziram à evolução da sociedade possamos concluir por observação factual de que o paradigma da gestão económica terá de passar forçosamente por uma redefinição de processos, meios e tomada de decisões em ordem ao exercício de uma economia comportamental tendo subjacente diferente modelo de gestão, quiçá assente num binómio de “neuroeconomia”
Leiria, 2015.01.23