Segunda-feira, 20 de Abril de 2015

Situemo-nos num passado longevo e cotejamo-lo com tempo presente. E, sem mais conclua-se: as pessoas quiseram tanta liberdade que passaram a ser escravizadas; escravidão mental. E, sem disso darem conta, ou talvez não, deixaram-se capturar, alarvemente, por um estrábico e individualista pensamento que condiciona e reprime toda uma sociedade que julga estar a viver em democracia e liberdade.

Contrariando a corrente, e doutro modo, por mim, não poderia ser. Penso que seriamos muito mais felizes e menos escravos, se ousássemos não ligar o televisor. Viver como vivemos é como se vivêssemos num mundo vazio de pensamento, porquanto vivemos num mundo de pequenos ditadores para quem tudo é lícito fazer.

Com efeito, por vezes reflicto como que à procura das causas subjacentes a esse fosso que, passo a passo encaminha a sociedade portuguesa para insolvência económico-social. Mas, enquanto isso, vamos participando, uns mais, outros menos, outros ainda nada, em processos de renovação cíclica do poder em busca de mudanças que tragam consigo um pensamento de compromisso de algo novo. Quiçá inviável; mais bem-estar, mais justiça, mais paz social, mais verdade. Porém algum tempo depois desses actos eclodem movimentos de insatisfação como se tais actos tivessem sido música para boi dormir.

Rapidamente, tais insatisfações materializam-se em greves, greves incompreensíveis como que derrogando tudo o que fora dito durante os actos eleitorais. Numa primeira reacção apetece-nos verberar contra o governo porquanto em si confiámos o nosso voto. A final em quem não o merecia. Mas, avaliando bem, não foi bem assim, posto que melhor reflectindo conclui-se que o governo, qualquer que ele seja, está manietado. E, de pouco adianta insurgirmo-nos. Porquanto;

Iniciámos esta crónica tendo por ponto de partida a escravidão; escravidão mental. Isto é, temos cabeça, mas não pensamos, e, se pensámos de nada serviu posto que as forças pseudo sindicais submergiram o nosso pensamento, levando-nos mesmo ao caos. Portanto é essa lástima de sociedade em que nos movimentamos.

E façamos cuidada retrospectiva às quatro décadas duma democracia que tem gerado no país tantas assimetrias sociais que provêm de um pensamento cego e retrógrado. É contra estes que nos devemos determinantemente opor. São esses os verdadeiros agentes que pensam por nós, são estes que atirarem “n” empreendimentos para a ruina, são estes que continuam a delapidar o tecido económico-social português.

Quiçá alguém que ainda não se tenha deixado escravizar mentalmente compreenderá o que está a acontecer com os senhores pilotos da TAP, uma elite dentro de uma empresa com remunerações e benefícios sociais que a generalidade dos cidadãos, seus pares, jamais conseguirá conquistar?

Leiria, 2015.04.20



publicado por Leonel Pontes às 16:08
Segunda-feira, 13 de Abril de 2015

Da Holanda só más recordações tinha, ali tive (há 8 anos) um primeiro AVC (Acidente Vascular Cerebral). Então, mal havia chegado a Groningen e já estava a caminho do hospital, onde as lágrimas e o desespero se apossaram de mim. Ficou-me, contudo, a curiosidade de um dia poder conhecer como pode crescer um espaço que fica abaixo da quota do mar. Um país que conquista espaço às ondas do oceano. Um país onde, já se vê, a terra é escassa. Mas, ainda assim, exporta terra para o Dubai. Um país que também vende diariamente flores que produz fora do seu espaço (América do Sul e África do Sul) e exportando-as mundo além. Um país que vende tecnologia hidráulica para “n” países, até para as Caraíbas, como já tive ocasião de ver noutra altura em Saint Martin.

Um país que afinal é uma grande organização, onde tudo flui, onde tudo parece fácil, onde os seniores trabalham, onde os jovens trabalham; onde há trabalho para todos e mais para os que vêm de fora. Trabalhadores oriundos de mais de centena e meia de países, desde egípcios, croatas, brasileiros, portugueses, etc. Surpreendente ainda (o que para eles é natural) é ver logo manhã cedo gente de fato-macaco, de fato e gravata, de saltos alto, seja como for, milhares de pessoas deslocam-se de bicicleta daqui para acolá e de lá para cá. Pessoas e bicicletas aos milhares, literalmente aos milhares. Surpreendente também é dar conta que toda a gente exala grande motivação, alegria e bem-estar, num país onde as televisões dão eco ao que tem importância, onde a imprensa não dá privilégios aos profissionais do sindicalismo. Primeiro está o trabalho e por isso se vêm centenas de obras em construção, de hidráulica, de habitação, de requalificação. Refira-se a propósito um pequeno grande dado; edifícios que serviram de apoio a actividades comerciais estão a ser requalificados em habitações sociais de baixo preço, onde nomeadamente os jovens em início de vida podem estabelecer o seu “ninho”. Se ali existem dinheiros comunitários e existem, esses são aplicados com retorno garantido. Diga-se ainda que não vimos edifícios em escombros a desmoronar-se por todo o lado(Veja-se a nossa Lisboa).

Com efeito, férias são, isto mesmo, um tempo para ver, observar e aprender na asserção de Bandura (pai da psicologia social), isto é, o nosso tempo deve ser empregue a aprender, se não fazendo-desfazendo, é aprender pelos livros, mas se não for nos livros é por observação. E, foi isso mesmo que aproveitámos para fazer com um pequeno grupo de amigos. De Leiria para Amesterdão, lá fomos visitar um país, que como já referimos é uma organização uma grande organização organizada que dá gosto ver funcionar. Uma organização que gera mudanças nos processos de pensamento, porquanto, quem por ali passa jamais ficará indiferente ao desenvolvimento social de que gozam quantos ali vivem, mesmo aqueles que fizeram de pequenos batelões instalados no interior das margens dos canais por onde circulam incessantemente as águas, e onde se paga IMI, afinal uma ridicularia.

Em suma agora que por cá anda tudo num afã por causa das eleições que aí vêm seria de sugerir que essa rapaziada fosse recebe uma formaçãozita in loco, ou para poupar custos em sala de aula. E, só iria a votos que demonstrasse capacidade de gestão. Com efeito para início de sessão começaria por referir Thomas Piketty na sua obra o Capital no Século XXI; se é um dado certo que os economistas sempre se ocuparam do capital financeiro, não é menos certo que no século XXI só poderemos progredir se tivermos capital humano e esse é de lide dos psicólogos.

Nunca nada foi mais permanente que a mudança, pois que se dêem ferramentas em ordem a que aconteçam mudanças, nomeadamente, de estrutura do pensamento. De outro modo continuaremos a empobrecer e a gerar dívida. Disto não tenham, dúvidas.

Leiria, 2015.04.13



publicado por Leonel Pontes às 16:56
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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