É comum ouvir-se dizer que é pela boca que as mulheres prendem os homens. A boa mesa sobreleva a tudo o mais. E, outrossim, também poderíamos dizer que as regiões captam e prendem os seus forasteiros pela gastronomia, pela boa gastronomia.
De quando em vez perco o Castelo de vista em deslocações aquém e além, e, os amigos perguntam: como vai Leiria, sendo que Leiria é o ponto de partida para falar da sua gastronomia. E logo se fala do quanto há bom para saciar o estômago pelas bandas da região de Leiria. E fala-se dos sítios xis mais bis e deste e ainda mais daquele prato. Concomitantemente à gastronomia que a região de Leiria pode oferecer aos forasteiros, são recordados uns eventos e mais uns locais paradisíacos, tudo factos que fazem da região de Leiria uma praça a visitar sempre, uma praça que não cansa a vista e que relembra degustações, quiçá prazeres que perduram no tempo.
Por outro lado, por vezes – porventura vezes de mais – fala-se das belezas que o mundo tem para oferecer, porém, belezas que nada nos dizem, belezas que não fazem parte da nossa história, que nada têm a ver com a nossa cultura e que também nada acrescenta a nosso bairrismo. O prazer é sempre prazeroso, isto é, causa uma afabilidade eterna e que poderemos sempre que queiramos revisitar porque fica ali mesmo a dois passos: Leiria não é o centro de mundo, mas de qualquer ponto do país aqui se chega num ápice.
Por outro lado dir-se-á que a actividade, economicamente, gera largos empregos, porventura uma actividade concomitante a carecer de maior especialização. Mas, não deixa de ser animador ver a quantidade de gente que ganha a sua vida na prestação de serviços da “hotelaria”.
Ousadamente, e os meus interesses na actividade são de zero, atrevo-me a dizer que a região de Leiria é a sala de visitas do país e sendo assim em antítese à lei ed Murphy quando enfatizava que nada está tão mau que não possa piorar ainda mais, e, nesta asserção poder-se-á dizer que nada está tão bem que não possas melhorara ainda mais.
Com efeito, cada recanto pode trazer ainda mais prazer aos forasteiros, como nos pode dar um imensa satisfação a todos nós que de, quando em vez, saímos de casa para degustar umas iguarias que nos andam a fazer crescer água na boca.
Assim, tenha-se em conta que a crise não é uma coisa abstracta; a crise é uma coisa muito tangível que nós produzimos e sobre a qual depois barafustamos. Com efeito, a actividade gastronómica ou lá o que lhe quiserem chamar ainda pode ser melhor assim os seus actores saibam alimentar a galinha. Porque se matam a galinha dos ovos de ouro logo atrás vem crise, isso é pela certa. E note-se que comer bem, não é comer muito; é comer bom. E, beber? Também é beber, quanto melhor; melhor!
Leiria, 2015.07.06