Sábado, 08 de Agosto de 2015

 

Férias - ou tempo de gozo de descanso -, é tudo aquilo que quisermos. Pode ser um tempo para sair das rotinas; ou um tempo possível de ser consumido a ver (avaliar) como vivem outros povos e como vivemos nós. É, por excelência (digo eu) um tempo de reflexão.

Com efeito, nesta crónica, vou consumir um breve tempo, numa introspecção que me advêm daquilo que observo em sociedade; não sem antes lembrar, tendo por lastro, Locke (1631-1704) que fixou na ciência filosófica que todos nascemos rasos (vazios) de conhecimento; iguais. Só a partir daí é que nos vamos autoconstruindo. A partir daí poderemos ser até tudo o que quisermos.

E, decorria a década de 30 do século XIX e era dada ênfase ao conceito do homo economicus o qual, ainda assim, foi objecto de diferentes críticas. Porém, foi utilizado como modelo na análise de teorias neoclássicas para explicar os fenómenos económicos e sociais.

Contudo, mais adiante, na decorrência de tais estudos e análises, donde resultara a atribuição do Prémio Nobel da Economia a Daniel Kahneman (Psicólogo) por trabalhos desenvolvidos na área da Economia Comportamental, esta ganhou notoriedade como matéria de investigação, tendo por objectivo o estudo de “como as pessoas fazem as suas escolhas” tendo subjacentes elementos da psicologia e da economia.

Mas, e a propósito, diga-se que o estudo dos comportamentos sociais, nomeadamente em matéria económica já vai deixando de parte o conceito do homo economicus. Mas como a sociedade gira em volta de dinâmicas, uma sociedade que tem por fito a melhoria de condições de vida materiais, e por isso, tem vindo em ascensão um novo conceito.

Lipovetsky (2006) acaba de doar à ciência uma nova obra na linha do pensamento que vem desenvolvendo, um novo e actualíssimo conceito; o do homo consumericus que tende a suportar uma nova sociedade, a sociedade do hiperconsumo.

Cidadãos sedentos de compras, de mais experiências emocionais, de (mais) bem-estar, de imediaticidade, de comunicação (enviesada e assim a apreciam). Afinal de uma propensão para o consumo. Portanto, mais de tudo na ânsia do prazer do corpo sem avaliar que o prazer do corpo não é bem-estar, quando muito é melhor-estar ou bem-viver, um bem-viver apenas para si, em vez de construir uma sociedade que a todos aproveite constroem um micro espaço apenas seu onde e para a qual os demais devem contribuir para o bem-estar (melhor-estar) individual.

Com efeito, Portugal, e por conotação a Europa da União tem vindo a construir um novo homem que sustenta o seu futuro na sociedade de hiperconsumismo e a isto chamam “felicidade” à qual juntaríamos o adjectivo “paradoxal”.

Neste período de férias vamos ficando boquiabertos com o que nos é dado observar. Estradas entupidas, espaços de veraneio repletos de mortais, modernices e, quiçá a tudo isto catalogam de um viver em crise.

Portanto, neste tempo de gozo de férias costumo ausentar-me do país por meia dúzia de dias para ver como vivem outros povos, porventura nossos parceiros de União e vejo (porventura pura ilusão) gente mais comedida, menos exuberante, menos consumista ainda assim gente que espelha no rosto a sua felicidade.

Em conclusão, ao longo de décadas o desenvolvimento económico foi baseado no desenvolvimento de novas técnicas de produção, novas tecnologias e novas formas de divisão social do trabalho, novos rumos pra o bem-estar social,

Porém hoje que estamos inseridos numa sociedade dita de pós-modernidade, declinámos a responsabilidade de produzir, de fazer economia e passámos a cidadãos consumericus como bem no-lo diz Lipovetsky. Assim ganhamos o mundo, ou já o perdemos?

Leiria, 2015.08.08



publicado por Leonel Pontes às 15:22
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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