O Verão aproximava-se lesto. Com ele o tempo de férias. Para preparar casa para o tão merecido quanto desejado repouso quiçá tempo de diversão, por mim e para a família fui até à Aldeia Lusitana, Óbidos. Chegado ali dei-me com pessoal a alindar o aldeamento. Relva aqui, amores-perfeitos ali, gota-a-gota mais além. Nesta azáfama de joelhos, de rastos enlameado um dos jardineiros cônscio da sua tarefa ao responder à saudação de boa tarde mestre! Respondeu “gosta?” E o que poderia eu dizer? Nunca o havia visto. Enquanto isto respondi-lhe acho que vai de vento em popa! “Sabe é que eu não sou jardineiro” Então! “Era GNR“ Pensei que estivesse a brincar comigo. Mas lá ganhou mais à vontade. E desata a lamentar-se. “A reforma não chega e temos que agarrar estes trabalhitos.” E continuou de rastos ajardinando.
Percebi que o homem fora agente da ordem, agora via-se jardineiro. Não é que isso seja demérito para alguém. “Coitado” disse para comigo. Arrumou a nobre farda e bem assim teve de enfardar uns maltrapilhos só porque o Estado patrão não assegura subsistência bastante aos seus servidores. De pronto veio-me à memória os estudos da “Escola de Recursos Humanos” de Mary Parker Follet (1927) trabalho onde analisara o behaviorismo do estímulo. Mas quer lá o Estado saber ou mesmo valorizar aqueles que o servem?
Todavia não deixa de ser bizarro darmos conta, todos os dias, de gente que a pretexto de também haverem servido o país, auferem milionárias reformas, embora haverem, isso sim, terem deixado o pais de rastos. Ainda assim são comtemplados com chorudas reformas. Adiante.
Estava a preparar-me para escrever a crónica desta semana, esta mesma, dou comigo, aos primeiros raiares do sol a observar as minhas costumeiras e simpáticas visitas, um casal de rolas, que saltitam daqui para ali em permanente sociabilização com outras aves de chilreio.
E não deixa e ser curioso, pois, de observar o esforço que o homem faz para assegurar a sua subsistência enquanto naturalmente outros subsistem ao correr da sorte.
Leiria, 2017.03.21