Quarta-feira, 01 de Junho de 2016

 Leonel Pontes

Mestre em Gestão

 

                                                                                       Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que esperamos? O que nos espera?

                                                                  (Ernst Bloch, 1959, Prefácio de Princípio da Esperança)

 A União Europeia (UE) organização supranacional constituída em parceria económica e política com características únicas, é composta por 28 países-membros, tendo por objetivo, segundo o artigo B do Tratado da União Europeia (1992):

 

a promoção de um progresso económico e social equilibrado e sustentável, nomeadamente, mediante a criação de um espaço sem fronteiras, o reforço da coesão económica e social e o estabelecimento de uma União Económica e Monetária, que incluirá, a prazo, a adopção de uma moeda única, de acordo com as disposições do presente tratado.

 

Por outro lado, a introdução do euro consubstancia, segundo o Tratado da União Europeia (1992), uma última etapa de um longo trajecto trilhado por vários países membros da UE, tendo por fim último a plena integração na união económica e monetária (UEM). O objetivo de base no uso de uma moeda única tem por premissa trazer vantagens, como seja a redução dos custos dos agentes económicos que pedem dinheiro emprestado ou até de custos associados às conversões cambiais, bem como outros elementos que, em conjunto potenciariam o crescimento económico.

 

Porém, a “vox populi” manifesta-se e nega que tal premissa esteja na base do progresso económico e social, equilibrados. E, apoiam o seu agravo nos elevados índices de desemprego existentes na zona Euro de países como, por exemplo, a França, a Espanha, Portugal ou a Grécia. Em consequência, a curto prazo a UE terá promover uma mudança de paradigma de modo a controverter o axioma: a União Europa está em crise?

 

Em ordem a sustar a crise, apontam caminhos para uma estratégia ancorada em desafios e objetivos exequíveis num limite temporal de uma década. E nessa linha de ação, num mundo em mutação, pretende-se que a UE se torne uma economia “inteligente, sustentável e inclusiva” (Pinto, 2010). Estes três pilares reforçam-se mutuamente de modo a ajudar a UE e os Estados-Membros a atingir níveis mais elevados de emprego, de produtividade e de coesão social.

 

Portanto, em busca de produtividade e competitividade por parte das organizações (neste caso a UE) com vista à sua sustentabilidade (derrogando a sustentabilidade das organizações/empresas) tentam promover mudanças dentro das mesmas que, aos olhos dos trabalhadores, muitas vezes não são vistas de uma forma positiva, levando a sentimentos e comportamentos ajustados à forma como percepcionam as medidas adoptadas pela organização. Tais comportamentos estão a levar à emergência de um novo fenómeno, o “cinismo organizacional” que ocorre devido à incongruência entre os valores pessoais e os organizacionais (Abraham, 2000). Com efeito, a necessidade de um aumento da produtividade e da competitividade impõem mudanças no sentido de atingir números, muitas vezes, sem terem em linha de conta os colaboradores, focando-se em objetivos e na obtenção de resultados imediatos e de curto prazo (Kanter, 2009 e Kochan, 2012, cit. in Assis, & Nascimento, 2014).

 

Nesta conformidade também não restará a Portugal outro caminho, como aos demais parceiros de UE, que não seja envidarem esforços conjuntos no sentido duma mudança em matéria de emprego por via de uma estratégia de valorização do capital humano. Quiçá a par do capital monetário: o euro. Mas sem descurar o capital humano; realce-se. Por outro lado, parece também evidente que a superorganização UE assenta a sua força em pés de barro, carecendo de mudança organizativa, que se conclui do ponto de vista expresso na entrevista dada pelo filósofo holandês Rob Riemen (2014, p. 9)

 

Com efeito, o instrumento único de suporte ao edifício União Europeia – que se deseja sólido, não encontra suporte nas pedras e argamassas que ao longo dos anos foram assentes umas sobre outras – antes está alicerçado como se sabe na adoção de uma moeda única: o euro.

 

Porém, nem todos os países constituintes da UE o adoptam, o que dificulta o exercício de um modelo político, económico e financeiro comum. Num espaço de 513 milhões de cidadãos sujeitos a regras comuns, em vez da minimização de custos, antes trazem agravamentos, nomeadamente financeiros. Por outro lado, tais regras potenciam obstáculos à valorização dos recursos humanos, ou se se quiser dos ativos inteligentes.

 

Portugal é um pequeno país (em número de habitantes, situa-se no primeiro quartil da população da União) e, as draconianas regras em vez de potenciar um desenvolvimento harmonioso, antes são fator de entropias. Daí que seriam de esperar mudanças estratégicas em ordem à valorização dos seus ativos inteligentes, como fonte competitividade.

 

 Leiria, 2016. 06. 01



publicado por Leonel Pontes às 11:30
Quinta-feira, 14 de Abril de 2016

Belle époque

 

A história repete-se.

A belle époque foi um período da história contemporânea que teve o seu início nos finais do século XIX, por volta dos anos de 1889 mantendo-se até 1914, até à eclosão da I Guerra Mundial. Para além de se caracterizar como um estado de espírito à francesa (como soe dizer-se; de abastança) mesmo assim foi uma fase de grande desenvolvimento para a Europa, havendo-se estendido a outros países como Itália e Reino Unido. Dinheiro não faltava, bem como não faltaram e até se agravaram as desigualdades socioeconómicas, como no-lo diz Thomas Piketty na sua obra o Capital do século XXI dada estampa no pretérito ano de 2013.

 

1948 Tratado de Bruxelas

A Europa (e o mundo) estavam, a levantar-se das cinzas duma guerra e logo uma segunda eclodia (1939-45). A capitulação do exército alemão abriria, desde logo, caminho para novas discussões com vista a reerguer a Europa. Destroçada, como sempre terminam (quando terminam!) as guerras, o primeiro passo estava em encontrar um modelo de gestão para a tão necessária quanto urgente construção de edifício político-económico, que trabalhasse um novo conceito de sustentabilidade, que ao tempo viera a ser denominado de Gabinete de Gestão de Crises. Urgia, pois, sair do estado a que se havia chegado. Existiam umas ideias, porém, não se conheciam as terapias a adoptar para sustar a crise e até mesmo para obstar a nova acção bélica.

Com efeito, um longo périplo de negociações decorreu e em 1948 foi celebrado “Tratado de Bruxelas”, o primeiro do pós-guerra. Nessa senda, a 1 de Janeiro de 1999, é celebrado na Holanda, Maastricht, o Tratado da União Europeia, que teve por subscritores, para além de Portugal, outros 10 Estados-membros, constituindo-se aí uma União Económica e Monetária (UEM). Em consequência, este tratado transferiu a responsabilidade pela condução das políticas monetárias para o Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC), tendo adoptado uma moeda comum: o euro.

Instituída a moeda única, cedo se percebeu que passaria a existir uma moeda sem País, pelo que sendo esta um meio para a gestão de uma União, mas nem com todos os esforços haveria união, como não há. Ficou pois porta aberta para o surgimento de outros conflitos, ou melhor outras crises. Ou, não é o que temos em emergência a nossos olhos?

 

Fuga de Capitais

Ante o que nos é dado conhecer (pouco!) por via dos já famosos “Panamá papers” (como se estivéssemos perante caso virgem!), paulatinamente vamos reforçando a ideia de que as instituições bancárias (portuguesas e europeias) funcionam como crivo roto. Acresce ainda observar que, se as cargas fiscais fossem menos pesadas, e bem assim se houvesse uma harmonização fiscal, que tarda, é de crer que os detentores do capital financeiro não promoveriam as hemorrágicas transferências de capitais para paraísos fiscais.

 

Belle époque portuguesa

Enquanto isso damos conta de estar a viver num país anárquico, isso é, onde tudo funciona num autêntico desgovernado e onde ninguém sabe de nada (como se se vivesse sob a síndrome amnésica) e onde não é possível responsabilizar ninguém. Todavia, existe uma certa faixa da nossa sociedade e que vive “à lagardere” exibindo fundos e atributos como se lícito fosse fecundar todos aqueles que honesta e honradamente contribuem para sustentabilidade de um país cada vez mais decadente, mas nem por isso parco de ostentações à laia da uma belle époque à portuguesa. A história repete-se? Repete!

 

Leiria, 2016. 04.14



publicado por Leonel Pontes às 11:39
Quarta-feira, 09 de Março de 2016

 Herança Sommer

Durante anos, em especial por volta nos anos sessenta, a imprensa leiriense dava conta da acesa contenda judicial travada entre os herdeiros Sommer, liderada pelo empresário Champalimaud que na região dominava a gestão da Empresa de Cimentos de Leiria. O diferendo acabaria por ser resolvido, porém, para nós, para os da minha geração, ficaria gravado nas nossas memórias o acutilante papel de António Champalimaud que acabaria por conduzir outros negócios na região como fora a aquisição do Banco Pinto & Sotto Mayor. Homem de rija tempera, antes partir que torcer.

 

Eficiência na Gestão

Com a revolução o império Champalimaud abanou, porém o homem magro de carnes tinha em mente um objectivo, como aliás todo o homem de negócios faz ou deve fazer; ganhar dinheiro. Ninguém se abalança no mundo dos negócios para perder. Com efeito, para assegurar a continuidade de tais negócios mister era que tivesse (na sua óptica) continuadores. Persentindo estar a chegar ao fim da sua vida, entendeu que deveria doar significativa parte da fortuna amealhada ao país por via de uma Fundação.

 

Fundação

Com efeito tal dádiva deu lugar à Fundação que perpetuasse a memória der tão insigne homem de negócios, e aí está vetusta obra, em Lisboa, cuja missão se subsume em “Criar e desenvolver; com independência, rigor, dedicação e criatividade e obedecendo aos mais elevados padrões éticos e científicos, um ambiente propício ao desenvolvimento de programas avançados de investigação biomédica e à prestação interdisciplinar de cuidados clínicos, numa perspectiva transnacional, que resultem em descobertas pioneiras na área da saúde com um reflexo direto na qualidade de vida das pessoas. Através da sua atuação, a Fundação pretende ser líder mundial na inovação científica e tecnológica com o objetivo ultimo de prevenir, diagnosticar e tratar a doença, orientada por uma postura de desafio constante e contribuindo para uma sociedade mais desperta para os problemas de saúde que atingem a humanidade”. E assim se fez. Quem a tais serviços de saúde recorre fica boquiaberto pela excelência que a sita Fundação põe à disposição dos cidadãos, que não só a portugueses,

 

Cleptocracia

Por mim, de momento, não encontro palavras que bem caracterizem a obra do velho gestor que, obviamente deixará o seu nome e da família Champalimaud ligada a tão nobre empreendimento. Em antítese, o que nos tem sido dado ver no pós-revolução em matéria de bem-estar social, o que temos visto é um novo riquísmo que só passivos deixa em contínuo ao país e aos cidadãos, passivos que hão-de consumir o esforço das gerações próximas. Se algum vez forem solvidos.

 

Evidentemente, por demais conhecidas, não faremos referências aos gestores de tais desmandos. Todo o cidadão atento sabe que o país se tem entretido em jogos de rapina por via de uma autêntica prole de cleptomanos.

E assim vamos empobrecendo. Em vez de uma democracia estamos cultivando uma verdadeira Cleptocracia.

 

Leiria, 2016. 03.09



publicado por Leonel Pontes às 09:59
Sexta-feira, 01 de Janeiro de 2016

O humano está (é) dotado de múltiplas inteligências: “capacidades de resolver problemas ou de criar produtos que sejam valorizados dentro de um ou mais cenários culturais”. De entre estas, daremos ênfase nesta abordagem à inteligência emocional: “capacidade de reconhecermos aos nossos sentimentos e aos dos outros, de nos movimentarmos e de gerirmos bem as emoções em nós e nas nossas relações”. Esta inteligência goza da qualidade distintiva de complementarmos a inteligência académica, as capacidades cognitivas medidas pelo Quociente de Inteligência (QI).

Com efeito e como se compreenderá a formação escolar e/ou académica por melhor que tenha sido no percurso de vida, se não interagir com a inteligência emocional dificilmente hão-de ser atingidos objectivos de excelência.

E vejamos: “um jovem engenheiro que acabou o curso com boas notas foi trabalhar para uma empresa mas ao fim de pouco tempo foi despedido. Porquê? Academicamente era brilhante, mas não aceitava as directivas da empresa e mostrava dificuldades de relacionamento. Não aceitava opiniões alheias e agia ao seu livre arbítrio. Tudo estava mal, e tudo lhe merecia crítica. Refugiava-se sempre no jargão: estamos em crise. E para tudo encontrava uma escapadela na crise que não contextualizava, isto é; a crise era a mãe de todas as incapacidades.

Estas duas diferentes inteligências, a intelectual e a emocional correm (autogerem-se) em diferente regiões do nosso cérebro e para tirarmos partido delas temos de aprender a geri-las como no-lo apontou Howard Gardner, psicólogo. Portanto não se poderá dar por adquirido que um curso é suficiente e bastante para entrar no mundo das tarefas. Temos também de saber tirar partido dos desafios que se nos apresentam pela frente em ordem a usufruirmos das vantagens competitivas que o dia-a-dia nos oferece. Sendo certo que que esta metodologia de acção não aproveita só aos jovens no início das suas actividades profissionais. Também deve de aproveitar aos seniores em matéria de bem gerir as suas relações emocionais com os jovens em início de carreira.

Portanto, não basta ter um curso deixando escarranchado em cima deste a convicção de que por si só nos guindará aos píncaros da excelência. Para além do saber fazer, mister é que se saber estar, de contrário poder-se-ão estar a potenciar incertezas. Acresce ainda dizer que, quer as pessoas, quer as organizações têm de ser vistas como um todo num processo interactivo de organização que aprende.

Em suma agora que se inicia um novo ciclo político não deveríamos perder de vista que um novo ciclo formativo também deve estar em equação de modo a activar capacidades intelectuais e capacidades emocionais. Ou seja inteligência emocional. Quem melhor saber gerir esta melhor atingirá objectivos de excelência nas funções que desempenhar.

Leiria, 2016. 01.01



publicado por Leonel Pontes às 16:45

Durante anos, neste espaço imprensa e noutros, expressei pontos de vista sobre factos/acontecimentos económicos, sociais, político-fiscais e outros, alavancados na minha formação de Técnico Oficial de Contas e/ou de Contabilista Certificado e mesmo de Licenciado em Psicologia. Porém, doravante passarei a assinar os meus textos capeados numa outra formação académica: Mestre em Gestão de Human Resources.

Hoje, primeiro dia de mais um ano civil e económico, e por muito tempo, as conversas hão-de girar em torno de: como será ano de 2016? Mas logo se conclui, porventura com escassa discussão, que vai ser mais um ano de crise. E será? Ou só o será se nós quisermos? Crise não é um fatalismo! Só há crise para quem renuncia ao seu compromisso social.

E enquanto isso, valerá a pena começar o ano por aconselhar a darem uma vista de olhos pela obra “Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942) ” do economista austríaco Joseph Schumpeter obra de mesinha de cabeceira, digo eu, que ficou célebre pela sua abordagem em matéria de “destruição criadora” tendo por base o excesso de inovações económicas.

Com efeito, nos tempos que correm o que damos conta é de que todos entendem que podem reivindicar mais e mais. Ora não é crível que o nosso modelo de gestão económico-social tenha uma estrutura que confira sustentabilidade de modo a garantir, sem demais contrapartidas, tudo quanto se possa ambicionar. Portanto, se é certo que se pode reivindicar o económico-social, dever-se-ia também começar por reivindidar o económico-cultural.

Se todos quisermos saber mais e melhor poderemos, efectivamente, alcançar demais padrões de conhecimento político, económico-empresarial, social e sobretudo ético em ordem a destruir o que se apresentar irrentável dando por essa via lugar ao que de novo seja concebido, quiçá entrando assim no âmago de uma força criadora que suporte o que paulatinamente vamos destruindo, que sem darmos por isso – ou talvez não - estamos a imprimir à sociedade. Portanto, sociologicamente todos somos elementos e componentes de uma vasta máquina que se bem gerida traz bem-estar em vez de défices de todo a ordem.

Numa dicotomia Keynesianos e Marxistas, Schumpeter enfatizava na sua cátedra que não interessava o que se pensava. O importante era que se pensasse. E na sua esteira direi que - ao nosso tempo - não importa o que reivindica a social-democracia ou o socialismo. O importante é que as reivindicações tragam benefícios sociais em vez de assimetrias sociais. Isto é, benefícios para uns e mais carências, para outros.

Com efeito, o novo ano tem de ser sobretudo um ano de acção comportamental, de profícuo trabalho, de reorganização e de formação sociocultural. E, pese embora termos um governo assente em pés de barro 2016 só será um ano de crise se todos nós renunciarmos ao nosso compromisso social.

Acresce dizer que também os governantes, mormente, a rapaziada da Assembleia da República deverá fazer a seu upgrade socioeducativo. De outro modo não haverá “destruição criadora”, antes, e, irremediavelmente somos levados por vias que só nos autodestroem.

Leiria, 2016. 01.01



publicado por Leonel Pontes às 10:20
Sábado, 05 de Dezembro de 2015

Organizações são grupos sociais com fins e/ou sem fins lucrativos; “empresas”, bem como outras denominações, vulgo “instituições”. Mas, sejam lá o que forem, as organizações, todas elas, o que mais valorizam (qual vaca sagrada) é o crédito. E, por amor a este desiderato as gerências colocam-se literalmente nas mãos de entidades terceiras, sendo que os objectivos destas está na criação mecanismos em ordem a fazer transferir resultados “lucros” das primeiras para a esfera das segundas (supostos parceiros)

No passado a questão “organizações” tinham em vista a ética, ou seja todos deveriam de ganhar. Aliás a coisa até era vista por um prisma muito mais lato. “A confiança” deveria ser comum de dois. E, havendo confiança tudo decorria em ordem a uma coisa tão simples quanto fosse a efectiva “sustentabilidade” entre partes.

Contudo, nos tempos que correm, queimam-se horas e horas levando a termo estudos e demais análises dando mesmo lugar a mestrados e doutoramentos, tomando por base “n” variáveis na convicção de que ainda está por encontrar a árvore das patacas à qual se poderá recorrer de modo expedito com vista a colmatar brechas, provocadas na maioria da vezes, por atípicos actos de gestão, os quais nunca geraram, nem gerarão “lucros” em ordem à dita sustentabilidade das organizações de modo a que estas em tempo satisfaçam os compromissos assumidos.

Dir-se-á até que muitos modelos de gestão teimam em assentar o desenvolvimento das actividades no capital alheio (coisa fungível). Porém, temos duas outras variáveis muito mais seguras e mais lucrativas (embora não monetárias) mas muito mais de gerir tais como; a confiança e repito-me, a confiança que por seu turno confere maior sustentabilidade, como seja o “Capital Social Organizacional”

Dito tudo isto e tudo isto não é tudo facilmente se perceberá que o que mantém as organizações vivas é a confiança ancorada no capital social organizacional. Com efeito, as pessoas, a confiança, o objectivos, e a esperança de que o futuro é sempre mais promissor do que os tempos passados.

O que mantém as organizações vivas são pressupostos tão simples como a confiança onde por inteiro cabe no capital social organizacional. Com efeito, abrir as mentes ao futuro por via de formação comportamental.

Convém ainda dizer que este constructo “confiança” foi abordado pela primeira vez no século XIII d.C., cujas raízes etimológicas denotavam felicidade e lealdade. Porém, a confiança é tão antiga quanto as formas de associação humana. Aliás Confúcio (551-479 a.C.) já considerava a confiança como uma pré condição e base para todas as reações sociais, válidas.

Sem confiança, poderemos ter e temos todo tempo, mas não temos futuro.

Leiria, 2015.12.04.



publicado por Leonel Pontes às 11:12
Segunda-feira, 09 de Novembro de 2015

I

Ainda hoje, quando se quer dar nota sobre alguém menos ético, de comportamentos desbragados, usa-se a expressão “não é boa rês!” Ora, se não é boa, então será má rês!

II

Por volta de 1811 o Arrabalde foi inundado, as águas saltaram as margens do Liz e não pouparam a Igreja de S. Tiago do Arrabalde, esta ficou em ruínas. Os franceses haviam chegado à região e logo se apressaram a ocupar o espaço religioso para aí acomodarem as suas bestas de carga. A igreja fora transformada numa cavalariça e como se compreenderá, o pároco ficou sem meios para celebrar missas e o mais do foro religioso.

Porventura, pelo seu valor histórico-religioso, impunha-se salvar a “Pia Baptismal” e por isso deveria de ser retirada da estrebaria levando-a para lugar condigno. Ao que rezam apontamentos históricos fora providenciada a sua mudança para local seguro e de zelo, e, assim foi levada para a capela dos Pinheiros. E, por ali ficou por quase duas décadas.

Entretanto o pároco desta região, Joaquim Azevedo, foi desenvolvendo esforços de sapa em ordem a erguer uma nova igreja onde, para além do mais, fosse possível assentar a Pia Baptismal. Por volta de 1828/1829 foi iniciada a construção dum novo edifício que acabaria por ficar no local onde hoje o conhecemos, contando para tanto com o devotado apoio da população e do Fidalgo do Amparo.

Como, historicamente é sabido ao tempo era a instituição igreja que para além do seu múnus religioso tinha o poder político e legiferante. Assim, com a nova Igreja Matriz emergia a necessidade de dar nome ao lugar (freguesia).

Ainda hoje se diz que o costume faz lei e, vai daí, a população dos Pinheiros não estava pelos ajustes de que a dita “Pia Baptismal” saísse daquele lugar para um outro que nem nome tinha. E, em razão disso o povo daquele lugar fez chegar o seu descontentamento ao Rei.

Em 1839 a “Pia” é transferida para a nobel igreja que haveria de receber o orago S. Tiago do Arrabalde, embora sob tutela da freguesia da Sé.

Assim sendo, aos olhos dos cidadãos a existência de uma nova Igreja Matriz sem freguesia não era coisa “católica”. Portanto, é bom de ver, as populações tomaram partido na contenda, e, para uns a “Pia” ficaria em “Pinheiros”, para outros viria para a nova igreja, como de resto veio.

E debaixo do desaguisado os pinheirenses, apressaram a apodar os oponentes “más reses” cujo epiteto viria a dar Marrazes. Admite-se que assim fora.

Contudo, há quem defenda que Marrazes já vem dos tempos milenares posto que (na região do Arrabalde) atracariam barcos e aqui eram amarrados. Ora nada mais inverosímil porquanto os sedimentos que existem na região como sejam conchas marinhas fossilizadas (nomeadamente na zona de pedreira, términos da Rua do Martingil) se trazidas foram pelo mar, como é óbvio, nunca um nome de Marrazes se perpetuaria no tempo por milhões de anos.

Acresce dizer que a região foi terra e poiso de judeus. E, porventura poderiam ter deixado s raízes dum topónimo parecido com Marrazes, tanto mais que existe o substantivo “marranzano”. Mas ainda assim não é crível que Marrazes seja um topónimo milenar. Por isso a sua origem é mais plausível vir de “masreses”. Este é o meu convencimento e contributo para a história da freguesia de Marrazes. Outros melhor saberão e dirão.

Leiria, 2015.11.09



publicado por Leonel Pontes às 09:51
Segunda-feira, 19 de Outubro de 2015

Do que mais temos ouvido falar (em concomitância com a gestão, ou os gestores (?), do futebol), é dos “pogramas” eleitorais. Cada um acha o seu melhor que o do outro (mas nós é que vamos pagar as favas. Oh, se vamos!), Contudo, o que sabemos, e bem, é que os programas, mormente os seus defensores (todos) não tiveram, e nunca vão ter, por base uma premissa simplicíssima; a “ética”. Sem ela não há “pograma” que lhes (nos) valha, e a prova está aí; vale tudo e o seu contrário.

A ética é um valor organizacional que deve superior respeito à política, à vida comunitária, às actividades empresariais (entidades governamentais, e quejandos). Sempre assim foi, mas nos tempos que correm, e sobretudo no futuro a ética será cada vez um activo de práticas de excelência em gestão.

Como já demos conta (nós, bem como a Europa) vivemos um período difícil, dificílimo, havendo-se mesmo agravado nos últimos tempos – e com resultados futuros imprevisíveis - coisa que, (nesta matéria parecia um exclusivo dos americanos). E por via disso a economia portuguesa, ou melhor, o PIB português vai sentir-se dessa tremenda falta de ética que os europeus, ou melhor dito, os alemães, por via da VW, trouxeram para a discussão pública mundial.

Em tempo, “Charles Handy enfatizou que as empresas que sobrevivem por mais tempo são as que produzem não apenas crescimento e dinheiro, mas excelência, respeito pelos outros e capacidade de tornar as pessoas felizes”. Obviamente em princípios alicerçados na ética.

E, não bastava tudo isto e eis que cai numa discussão incompreensível, também e sobretudo falta de ética na política.

E pode acontecer tudo, mas abriu-se uma querela política trazida para a discussão pública que perdurará como se fira um marco o nosso destino socialmente, no futuro.

No momento em que preparo esta crónica o país vive (continua a viver) em suspense; nada de mal dirão uns, não é coisa que não se resolva, dirão outros. E eu direi que é péssimo. E porquê. Quem tem relações comerciais com o estrangeiro (mesmo países comunitários) sabe que estes não querem saber das performances das empresas, e também não acreditam na banca (na nossa) e mesmo com garantias bancárias não fazem expedição de bens (matérias-primas de base) para Portugal sem que se mostrem liquidadas à cabeça as aquisições a esses países efectuadas.

E, em consequência apraz-me perguntar: essa prole de políticos que promove o stop end go em que estamos a viver se alguma vez geriram alguma coisa. Coisa que trouxesse, ou tivesse de trazer valor acrescentado à sociedade em ordem à sustentabilidade económica e social, ou apenas sabe dizer que estão mandatados pelo povo. Mas qual povo? O povo que não leu, nem percebeu, nem sabe o que diz o “pograma”; só sabe que há o “pograma”. Um programa que traz para a sociedade uma tremenda incerteza por não cumprir os mínimos da razão social; a ética.

Leiria, 2015.10.19



publicado por Leonel Pontes às 16:15
Sexta-feira, 02 de Outubro de 2015

Neste momento último dia da campanha eleitoral, as sondagens apontam previsões do que serão os resultados finais. Contudo, para além desses, cada um de nós poderá ver (e ter) resultados segundo as suas conveniências ou gostos.

Com efeito, no momento em que este texto vier a público a euforia do “prazer” à qual se seguirão momentos de incredulidade (o prazer. Esse delírio já passou). À espera do quanto se falou na campanha venha a trazer algo de concreto, tal seja emprego (que todos reclamaram, mas que afinal ninguém quer) melhor vida geronto-social para os idosos, Enfim, todos esperamos e desejamos melhor bem-estar.

E, embebecidos nesta senda esperamos por um amanhã melhor. Muito melhor. Reflectindo (não só e apenas hoje), numa reflexão longitudinal de quatro décadas de democracia o meu resultado diz-me que vamos continuar a viver na sociedade do doping, uma sociedade que permite e oferece uma espécie de rendimento sem trabalho. E, enquanto isso vamos empobrecendo. Afinal vamos continuar a gerar dívida.

Francamente (a julgar pelo que foi proposto, dito, discutido e muito rebatido) não se vê, nem é crível, que o novo ciclo trazido pelas eleições de 4 de Outubro traga melhor vida social e económica. Primeiro porque as premissas onde assenta uma nova política, nada de melhor trarão. Segundo, tal não é possível porquanto a sociedade portuguesa, a julgar pela inocuidade da verve expendida, nomeadamente por politicozinhos à procura de fonte de rendimento e/ou protagonismo, só veêm elevar o nível de toda uma sociedade atrofiada pelo cansaço. Admita-se pois que vivemos numa sociedade de cansaço. Todos andamos (estamos cansados).

E, para tanto, vejamos o que dizem outros pensadores, filósofos, do nosso tempo, que estudam dados económico e sociais disponíveis equacionando-os com vista à obtenção de um melhor e mais frutífero futuro. E, o que no-lo é dito é que de facto vivemos numa sociedade de cansaço, como afirma o filósofo sul-coreano (radicado na Europa), Byung-Chul Han.

Porém este “ cansaço tem um grande coração” e, por isso, mais direi que não há coração resista a tantos apertos, daí que ao coração da sociedade pode dar-lhe uma síncope e porventura entraremos em asfixia social.

Portanto, por cá, no nosso pequeno espaço, teremos de levar a termo reformas à medida da nossa bolsa, jamais poderemos ter mais olhos que barriga. Com toda a bondade do mundo jamais poderemos continuar a pagar subvenções a quem não trabalha. E repetimo-nos, se assim for vamos continuar a gerar dívida.

Subsidiar necessitados é um dever de solidariedade mas, este deve, desde logo, começar por aquele que recebe, esse tem que produzir algo para a sociedade, até mesmo para fazer jus a uma corrente política que lembra e relembra a todo o passo que teremos de ganhar a batalha da produção e esta só acontecerá por via do trabalho. Tudo o mais que possamos dar mais não é do que um prazeroso sedativo dopante.  

Leiria, 2015.09.30



publicado por Leonel Pontes às 11:47
Sábado, 12 de Setembro de 2015

Aí temos nova campanha eleitoral. E, se é nova pressupõe-se que traga algo novo. Mas, pelo que temos dado conta nada há de novo, nem mesmo as pessoas, de um modo geral são saberes repescados. Com efeito, se em vez do país estivéssemos a falar de uma empresa, dir-se-ia que a tendência ia no sentido de agravar a situação liquida. Piores resultados.

Porém, há uma outra tendência que seguramente vai também crescer “o parasitarismo” E porquê. Porque o que a democracia trouxe de mais sagrado tornou-se no pior activo: o ser “livre”. E porquê? Porque ser livre é sumamente “realizarmo-nos mutuamente” e com toda a franqueza não é isso que temos a nossos olhos. Ou seja, há aqueles que vivem e governam com ganhos chorudos, e, outros há que trabalham e pagam para quem pouca margem de contribuição acrescenta aos capitais próprios do país.

Por outro lado, a campanha deveria mais esclarecer do que confundir. Há gente de boa-fé que pergunta “mas como é que uns não podem dar mais e só cortam nos escassos meios dos seus concidadãos. E, outros há que vão dar tudo” e eventualmente até um par de botas nos vão arranjar. As pessoas são o melhor activo da empresa Portugal e questionam-se; mas em quem vamos acreditar? Confesso que também não encontro rácio que sustente tantas contradições. E, enquanto isso as pessoas, até mesmo aquelas que aparentemente são (e estão) mais esclarecidas vivem num estádio de ansiedade. Mas como é que vamos viver?

O assunto é pertinente e, obviamente, carece de melhor entendimento. Mas, vamos directamente à obra, ou seja, o que está a gerar-se na mente das pessoas é uma perturbação que rapidamente se tornará numa Perturbação de Ansiedade Social (PAS), facto definível como “um medo intenso e duradouro de uma ou mais situações sociais de desempenho em que o individuo se encontra exposto à observação dos outros e experiencia o receio de se comportar de forma humilhante ou embaraçosa”. Todavia o que os cidadãos mais desejariam ter era uma “paz” duradoura, uma passa que trouxesse bem-estar, temperança e felicidade holística.

Com efeito sem outro estudo que não seja a observação social que faço diariamente por factos assentes em realidades, o que estamos e vamos, com toda a certeza, produzir é uma perturbação de ansiedade social mas, que acontece não só aqui ao sair da soleira, mas também em todo o país, pior ainda em todo o mundo.

Parem um bocadinho e ponham os olhos no mundo. Temos o mundo já mergulhado numa perturbação de ansiedade social como nunca fora espectável ver. E, ainda assim não será mau de todo. Mau será o previsível descambar para cenários letais.

Em conclusão. Analisando a coisa cá entre nós; o que farão os “gurus” da política portuguesa com vista à reconstrução do país. Um país mais dinâmico, de trabalho, de menos verve e de tranquilidade social.

Leiria, 2015.09.12



publicado por Leonel Pontes às 10:41
A participação cívica faz-se participando. Durante anos fi-lo com textos de opinião, os quais deram lugar à edição em livro "Intemporal(idades)" publicada em Novembro de 2008. Aproveito este espaço para continuar civicamente a dar expres
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